OS NOSSOS ESCRITOS

TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS ELABORADOS PELAS ALUNAS DA DISCIPLINA
POESIA ELABORADA PELAS ALUNAS
POESIA, CONTOS E OUTROS TEXTOS TRABALHADOS NA AULA

domingo, 26 de janeiro de 2014

O SÓTÃO

A casa da minha avó Bárbara tinha um sótão a todo o tamanho da casa, por isso, era um sótão muito grande. Podíamos andar ali em pé; junto às paredes era mais baixo, havia a toda a volta arcas onde se guardavam roupas velhas. Para o sótão iam  todas as coisas inúteis que já não tinham qualquer préstimo. Lembro-me de uma cama de ferro com enxergas de palha, um canapé de madeira, caixas de pele para guardar chapéus, malas de viagem, baús de pele, com a pele muito retorcida onde as preguetas tinham caído, sapatos velhos e muitas outras coisas. 
Mas, a primeira coisa que me vem à memória é o cavalete de pintura com as suas bisnagas de tinta de óleo que se encontravam no suporte do cavalete e os pincéis lavados, como se o pintor tivesse estado a pintar e tivesse deixado o quadro por acabar. Pendurada no cavalete estava a paleta, suja das muitas e muitas cores que tinham sido utilizadas para pintar os quadros que estavam pendurados nas paredes da casa da minha avó. Mas, aquele cavalete estava ali há anos, desde que o meu tio Zé Varela tinha ido com 17 anos para Estremoz, nunca mais ninguém o usou.
Anos mais tarde, quando eu já era uma adolescente, e pensando que o meu tio não se lembrava mais das tintas nem dos pincéis, resolvi levá-las para minha casa para as usar; contudo, como eu não sabia que eram tintas de óleo, juntei-lhe água e estraguei tudo; por isso, nunca consegui tirar qualquer proveito delas, nem pintar nada... assim foi a minha primeira experiência com a pintura. 
Quando eu queria ir ao sótão, pedia à minha avó que me deixasse lá ir, mas ela nunca mostrava vontade que eu para lá fosse. Nunca me deixava ir com as minhas amigas. Eu ia sempre sozinha, por isso não me demorava lá muito tempo, depressa me aborrecia. 
A um canto do sótão, estava um quadrado de 2 por 2 metros, protegido com traves de madeira, de um palmo de altura, que quando havia loja servia para guardar os candeeiros e as chaminés de vidro. Nesse quadrado guardavam-se cartas, postais e muitas facturas antigas, do tempo da loja. Entretinha-me a ler muitos dos papéis que ali se encontravam, apesar do pó, levava ali uma grande parte do tempo a ler cartas e postais.
O cheiro a pó e a coisas velhas guardadas ali há muito, muito tempo, assim como a luz do sol a entrar pelas pequenas clarabóias davam àquele lugar um ambiente muito especial, que me atraía. Nunca gostei de estar sozinha, por isso, como não podia levar amigas para brincar, não me demorava ali muito tempo.  
Aquele espaço onde os ruídos do exterior chegavam abafados, quente e seco era um local mítico... que a minha avó não compreendia muito bem, qual a razão de eu gostar de ir para lá... no meio de tanta coisa velha e sem préstimo...


A CAVE

As casas onde vivi não tinham cave. 
Mas, na casa de meus pais havia e há, uma casa enorme no quintal, a que chamávamos  a "despensa" onde se desmanchavam os porcos que o meu pai matava todas as semanas. Chegou a matar 16 porcos! 
Os porcos eram mortos no quintal em cima de uma banca; quatro homens seguravam o porco enquanto o meu pai lhe dava ( uma facada) um golpe certeiro directo ao coração com uma faca muito afiada. Uma mulher, normalmente a Tita, aparava o sangue num alguidar de barro que jorrava do buraco que o meu pai tinha feito para matar o porco. O sangue tinha que ser mexido com uma colher de pau enorme, juntamente com vinagre e sal, para não coalhar. 
Depois dessa operação, o porco era posto no chão em cima de tojos que eram queimados e assim o porco ficava todo chamuscado. Ainda quente, tiravam-lhe as unhas e os homens começavam a tirar  a pele  já chamuscada. Acabada essa tarefa, o porco voltava a ser posto na banca, onde era raspado com bocados de tijolo rugosos para tirar toda a pele queimada. Com uma faca tiravam-se os pêlos mais persistentes com a ajuda de um regador com água que um dos rapazes mais novos deitava por cima do porco. Ficava uma pele muito limpa e muito branca. O porco ficava pronto para ir para a despensa, em cima da banca que era transportado por 2 homens, um à frente e outro atrás. O porco era pendurado no chambaril de cabeça para baixo. O meu pai  dava um golpe cirúrgico de alto a baixo do porco, enquanto dois homens seguravam o tabuleiro que estava apoiado nas patas do porco, onde iam cair  as miudezas e as tripas
do animal, que seriam lavadas no quintal por duas ou três mulheres.
Nessa despensa há uma cave; há uma tampa de madeira muito forte que se levanta e dá acesso a uma escada que possibilita as pessoas de descerem para a cave.
Poucas vezes desci a essa cave, porque as escadas eram muito íngremes e perigosas e proibiam-me de ir lá. Quando olhava lá para baixo, via um espaço pequeno, com salgadeiras à volta, onde era guardado o toucinho com sal, durante todo o ano. 
Matança do porco
Quando olhava lá para baixo, imediatamente me vinha à ideia, que se houvesse uma guerra, seria o sítio ideal para nos refugiarmos de perseguições e dos bombardeamentos. Podíamos ali escondermo-nos todos os que morávamos lá em casa, assim como os meus avós paternos, a minha avó Bárbara. Ainda hoje, vejo a pesada porta que tapa o alçapão e penso que seria um bom sítio para nos escondermos!!

BOLO DE MAÇÃ DA EGLANTINA

2 (chávenas) de açúcar
2 ( chávenas)  de farinha
6 ovos
125g de margarina Planta
raspas de 1 limão
4 ou 5 maçãs reinetas
Bater todos os ingredientes. Untar o tabuleiro, colocar a massa e por cima pôr a maçã cortada muito fininha.
Cozer em lume brando.

S. MARTINHO

No dia de S. Martinho, na aula de Poesia e Contos, todas trouxemos alguma coisa para podermos petiscar no final da aula. As castanhas cozidas e assadas estiveram presente. De repente, uma grande a mesa estava posta com todas e as melhores iguarias. Assim a acompanhar o chá de Lúcia-lima e o licor de romã  tivemos bolos e mais bolos para o lanche. 
Algumas das receitas:

BOLINHOS DE S. MARTINHO DA GRACIETE
4 ovos ( claras em castelo)
500g de açúcar
500 g de farinha
1 Kg de batata doce cozida e esmagada
4 colheres de azeite (bem cheias)
Ervas doces e canela em pó  q.b.
Frutas cristalizadas, nozes, amêndoa, passas de uva  (tudo partido em bocadinhos, polvilhas de farinha para não irem para o fundo)
Juntar todos os ingredientes e fazer uma massa leve. Juntar as claras batidas em castelo. Tender bolinhos de forma oval com a ajuda de azeite (untar as mãos e fazer os bolinhos)
Levar ao forno em tabuleiros untados com azeite.



O OUTONO

Com este tempo de Outono
Folhas de Outono
Quero castanhas e vinho
E para tapar o frio
A capa de S. Martinho

Castanhas quentes e boas
Outono, folhas caídas
Todas elas vão caindo
Tal qual as nossas vidas!

Verdes ou cor de bordeaux
Lá vão caindo sem vida
O Inverno está a chegar
E o sol está de partida

As andorinhas partiram
O clima não as aquece
Partir tal como elas
É só o que me apetece.

Tenho saudades do tempo
Em que tinha juventude
Agora, daqui em diante,
Só quero é ter saúde.

As árvores já sem folhagem
Erguem para os céus os braços
Tristes nuas e cinzentas
Como a querer dar uns abraços.

As vindimas acabaram
E as videiras já estão nuas
Tal qual meu coração
Que não tem saudades tuas!

A saudade é uma dor de alma
Que eu não quero sentir
Não quero ver tristezas
Quero levar a vida a rir!


Eglantina , Outubro 2013


UM PERFUME TÃO SUAVE

Saí para a rua e fui
Passear pelo jardim
VIOLETAS
Senti um perfume suave
Que chegava junto de mim

Cheirei a rosa, não era,
O malmequer também não.
Aquele perfume tão belo
De onde viria então?

O jasmim não era
Não tem cheiro tão suave
<era como se fosse
O planar de uma ave

Procurei muito intrigada
Olhei à esquerda e à direita
E quando olhei para o chão
Vi a humilde violeta

Humilde, junto ao chão
Tão bela, cor de púrpura:
Reguei-a com carinho
E tratei-a com ternura

Todos devemos seguir
O exemplo desta flor:
Sermos pequenos e humildes
E tratar todos com amor.

Eglantina, Março de 2011
Aula de Poesia e Contos

sábado, 25 de janeiro de 2014

O SOTÃO

Do sotão da minha casa não vou falar porque estou zangada com ele, porque deixa passar a água para o quarto e para a sala, sempre que me esqueço de mandar limpar as caleiras  que dão saída às águas da chuva.
Cave, não tenho.
Assim sendo, vou falar de três divisões da casa de meus pais que me deixaram muito boas lembranças.
No 1º andar, ficava o meu quarto que foi sempre utilizado por nós as três raparigas e era apelidado pelo 
" quarto delas". Apesar de sermos três, muitas vezes era usado por mais amigas e familiares. Nessas noites é que era festa e mal tínhamos tempo para a nossas conversas e brincadeiras.
Houve uma noite em que uma amiga acordou a dizer que estava cega. Só com o acender da luz é que se convenceu que tinha tido um sonho mau.
O nosso acordar era muito agradável ao som dos chilreios dos passarinhos que se albergavam na palmeira do quintal interior, para onde dava a janela do nosso quarto.
No rés-do-chão, as minhas lembranças vão para a casa de estar, que naquele tempo era conhecida pela casa da costura, pois era ali que estava uma máquina Singer ( que a minha mãe dizia ter custado 5$00 quando do seu casamento, no início do século XX). A máquina era usada por uma costureira, a Mila, que todas as semanas ia tratar das roupas da casa e daquela gente toda ( éramos 10 irmãos, os meus pais e uma empregada).
Que bom que era sentarmo-nos à camilha que tinha por baixo uma braseira de picão, à qual não tinhamos acesso para mexer, a minha mãe dizia que espalhávamos tudo e assim a fazíamos pagar.
Ali passávamos muitos momentos da nossa vida que eu sinto muitas saudades. O lanche às 5 horas da tarde, na camilha com toalha de tecido, onde apareciam as melhores iguarias, chá, pão, manteiga, queijo do Alentejo, marmelada e compotas e  bolos secos feitos pela minha mãe
Mais tarde, foi utilizada pelos nossos filhos que gostavam muito de ir para casa da avó para dormirem com a Quiquica, e comerem bolachas que estavam guardadas num armário de parede, de grandes portas de madeira, na casa do fundo, onde se passava a ferro e havia uma grande arca, de onde todos os carnavais, saíam os mais diversos fatos para nos mascararmos.
Ao lado da sala de estar, ficava outra divisão, o escritório, onde passávamos muitos bons momentos. Aí nos juntávamos com primos, primas , os gémeos e mais amigos, púnhamos o rádio a tocar e fazíamos os nossos bailes caseiros.
Era para aí que a minha mãe me mandava estudar, e de onde eu saía passados 5 minutos, dizendo que já sabia tudo.
Nesta divisão havia um armário alto, com várias prateleiras ocupadas por livros do meu Pai, como A Volta ao Mundo em 80 dias, de Júlio Verne, e muitos outros de que não me lembro o nome  e os livros da minha Mãe, os da colecção Azul e da Corin Tellado, muito na moda naquela altura. Estes livros eram oferecidos pela minha cunhada Romana, filha do dono da Editora Romano Torres. Passados anos, quase não existiam nenhuns pois tinham desaparecido nos empréstimos. 
Tenho ainda bem viva a memória de ver aquela divisão às escuras, à noite, e o meu pai com os velhos amigos a ouvirem notícias da BBC com todo o cuidado e em silêncio, não fossem descobertos pela PIDE.


Adélia Alves Rebocho , Academia Sénior de Estremoz, Aula Poesia e Contos

AMAR SEM OLHAR A QUEM

Não pretendo ser poeta
Mas gosto de fazer versos
Sinto-me às vezes pateta
Se abordo temas diversos

Há dias sem eu contar
Fui à Cerci de Estremoz
Desejei poder gritar
Fazer ouvir minha voz

Pois fiquei maravilhada
pr'a sempre irei recordar
Aprendi a lição dada
"É belo saber amar"

Fala-se de tudo um pouco
Diz-se mal de toda a gente
E há quem chame de louco
A quem ama o que é diferente

Tudo aponta o que acham mal
Ninguém louva o que vai bem
Que mundo é este afinal
Sem valorizar ninguém?

Dar amor dia após dia
Sem olhar à diferença
Não é loucura, é magia
De quem tem alma e tem crença

Esta é a ventura maior:
Em cada ser ver um irmão
É viver p'ra dar amor
É ser alguém de eleição.

Lúcia Cóias   Academia Sénior de Estremoz, Aula de Poesia e Contos

A JANELA DA MINHA VIDA

Quando eu era adolescente vivia numa quinta, com uma casa grande e tinha uma janela que era a minha preferida.
De lá tudo via: o pomar com as mais variadas árvores, a horta cheia de verde, o regato da água, onde os patos nadavam em fila como uma coluna militar, as galinhas a debicar, os cavalos a beber no chafariz, os pássaros a cantar be bum lindo jardim cheio de rosas e as mais variadas flores.
Mas o que eu mais gostava era da roseira ao pé da janela, com rosas cor de fogo e com um perfume que nunca mais encontrei noutra flor.
Tenho saudades desta janela, onde em noites de luar, também ouvia o belo canto do rouxinol. E tudo isto ao som da água corrente e cristalina da fonte.
Aquela janela era o meu mundo de paz e serenidade, ensinando-me a perceber como a natureza é bela.

ESTREMOZ CIDADE BELA

Estremoz é terra bela
De uma beleza sem par
Estremoz  enquanto puder
Sempre te hei-de cantar

1 - Nasceste num tremoceiro
Mas nasceste com amor
Tiveste a Rainha Santa
E D. Dinis, o Lavrador

ESTREMOZ
2- Tiveste o Silva Tavares
Que foi poeta, trovador
Tiveste o Tomás Alcaide
Que foi um grande tenor

3- Tens um belo Pelourinho
Que está no meio d'uma praça
Tens um belo jardim
E a Torre das Couraças

4- As tuas ruas estreitas
Estão no meio da muralha
Ó Estremoz, terra de encantos
Aos teus filhos nunca falhas

5-O Rossio Marquês de Pombal
É a sala de visitas
Tens o Lago do Gadanha
E a bela Fonte das Bicas

6- Tens umas lindas igrejas
Que são belos monumentos
E um castelo altaneiro
Que é abraçado pelos ventos

Eglantina 2011 Academia Sénior de Estremoz, Aula de Poesia e Contos

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O MEU SONHO DE VOAR

1-  Sonhei que era uma ave e voei                                                    
E vi um mundo tão belo                                                                              
Fiquei cansada e pousei                                                                          
Num girassol amarelo

2-   Fui ao Norte e vi o Douro
Com os seus barcos à vela
Deslizei dentro de um deles
E vi uma paisagem bela
 
3 - Vim voando para Sul
E cheguei até Lisboa
Vi os seus monumentos
  E continuei à toa
            
4-Também vi as vinhas verdes                                                                  
Como se fossem um prado                                                                      
Encontrei umas praias lindas                                                                          
E os golfinhos do Sado                                                                          

  5- Quando cheguei ao Alentejo
Quis construir o meu ninho
Gostei muito dos sobreiros
   E do trigo bem lourinho


6 - Vi os lírios do campo
  E os ribeiros cristalinos
Ouvi o cantar das aves
     E os risos dos meninos

7 - Continuei a voar                                        
Cada vez mais para Sul                              
Vi o nosso belo  mar                                          
Como um miosótis azul                              

  8-Já não pude voar mais
 O espaço tinha acabado
   Eu queria ser gaivota
Para andar no mar ondulado


 9 - Quando me senti cansada
  Voltei então ao meu ninho
Fui descansando no loureiro
E também no rosmaninho

Eglantina   Março 2011


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

far far away: Café do Cristiano

far far away: Café do Cristiano: Boas tardes. Entre, menina, entre. Sim, viu logo pelo nome, não foi? O quê? Passa aqui todos os dias e nunca tinha visto este café? Deve an...

A FESTA DE ANIVERSÁRIO DO CHINITA


O Chinita com o cão da residência
Durante a visita ao Museu conhecemos  os utentes da Cerci. Todos eles muito meigos, muito simpáticos e criou-se entres eles e o grupo da Academia uma verdadeira camaradagem. Soubemos que o Chinita fazia anos no sábado e assim resolvemos ir fazer uma festa de aniversário, surpresa, ao Lar Residência da Cerciestremoz, onde vive o Chinita.  A Tina fez o bolo e todas levámos uma prenda. Chegámos ao Lar Residência e todos estavam à nossa espera, com uma linda mesa posta e assim lanchámos em alegre e franca camaradagem.
Cantámos os parabéns; o Chinita apagou as velas e todos comemos do bolo de ananás que estava uma delícia.
No final da festa, a Lúcia vestiu as suas roupas de artista e representou e cantou para todos nós os versos e as cantigas que tão bem sabe fazer.
Eram já 17.30h quando saímos de lá, muito felizes e contentes por sermos tão bem recebidas pelos utentes e pela direcção da Cerci.

Recebemos este mail do Engº Jorge Canhoto que muito nos alegrou e comoveu:
Boa tarde
Em primeiro lugar quero agradecer a disponibilidade para, numa tarde de sábado, terem proporcionado ao José Chinita uma festa de aniversário inesquecível. Na segunda-feira fui “obrigado” por ele a ter de o acompanhar, pelas diferentes valência da Cerciestremoz, para que ele contassem a festa de aniversário “à maneira” que lhe tinham proporcionado.
Para mim e para a instituição são sempre um prazer estes momentos de convívio e de realização de atividades comuns. Momentos como estes só podem acontecer em virtude da vossa disponibilidade e do excelente trabalho que a Dr.ª Maria José Mira tem desenvolvido na Academia Sénior de Estremoz.
Gostaria de reiterar o agradecimento pela disponibilidade e pelo envio das fotos que colocaremos no facebook, se tal nos autorizar.
Pela parte da Cerciestremoz estaremos sempre abertos a novas iniciativas conjuntas e que achem que possam ser benéficas para todos os intervenientes.

Um grande beijo de agradecimento.
Jorge Canhoto
A Lúcia a cantar e a representar "As pulgas"

A Lúcia a representar "A menina envergonhada"
O Chinita muito contente
A animação do grupo



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

VISITA AO MUSEU MILITAR DE ELVAS

Na 5ªfeira, dia 9 de Janeiro a Academia Sénior de Estremoz e a CerciEstremoz foram convidados para uma visita de estudo ao Museu Militar de Elvas. Às 10 horas da manhã, o grupo de senhoras + um senhor da Academia acompanhados pela Drª Maria Mira, esperava o autocarro da Cerci.
 Passado um pouco chegou o autocarro e quando entrámos fomos logo muito bem recebidos pelos utentes da Cerci. Chegados a Elvas, fomos recebidos pelo Tenente-coronel que se apresentou como sendo o nosso guia. Começámos a visita às diversas salas do Museu  que se prolongou até à hora do almoço. Depois do almoço, visitámos os estábulos com lindos e belos cavalos e depois continuámos a visita sempre com a orientação do sr. tenente-coronel, que se mostrou sempre muito bem disposto e muito atento a todo o grupo. Já passavam das 16 horas quando finalizámos a visita. Aprendemos muito nesta visita, pois o Museu é muito interessante  No site http://www.lifecooler.com/artigo/passear/museu-militar-do-forte-de-santa-luzia/391645/ pode-se ler: Com o objectivo de preservar a importância militar da cidade de Elvas, as antigas instalações do Regimento de Infantaria nº 8 foram reconvertidas neste museu de cariz nacional. O antigo Convento de S. Domingos e os Quartéis do Casarão albergam agora parte do acervo museológico do Exército português, num total de 640 peças que se dividem por três temas: Serviço de Saúde, Viaturas (tácticas e blindadas) e Hipomóveis e Arreios. Uma cozinha de campanha do início do século XX, uma mesa de operação de ortopedia e o primeiro carro de combate do país são algumas das peças que aqui podem ser vistas.
Também o site http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-museu-militar-do-forte-de-santa-luzia-20170 refere: Localizado no bonito Forte de Santa Luzia, em Elvas, o Museu Militar está instalado em seis núcleos no interior do Forte, mais concretamente nas antigas casamatas, abordando a importância militar da cidade ao longo dos tempos. 
O Museu apresenta uma exposição permanente, maioritariamente destinada ao público juvenil, que alberga peças de artilharia e militares, armamento bem como outros equipamentos multimédia que melhor demonstram toda a história bélica e militar de Elvas e a sua importância. 
Património inegável da cidade de Elvas, uma localidade militar por excelência, o Museu Militar do Forte de Santa Luzia tem ao dispor visitas guiadas tanto pelo interior como pelo exterior do museu.

No site do próprio Museu  http://www.operacional.pt/museu-militar-de-elvas/  encontramos uma detalhada explicação do mesmo assim como belíssimas fotografias que ilustram bem qual a razão de termos gostado tanto de o visitar. 
O grupo descendo a ladeira para começarmos a visita

Chinita, Comandante da Unidade de Elvas e director da CerciEstremoz Eng. Jorge Canhoto

O grupo muito animado Chinita em primeiro plano

O INEM dos campos de batalha


O grupo ouvindo as explicações do guia

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

LITANIA PARA O NATAL DE 1967

David Mourão-Ferreira


Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
num sótão num porão numa cave inundada 
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
dentro de um foguetão reduzido a sucata 
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
numa casa de Hanói ontem bombardeada

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
num presépio de lama e de sangue e de cisco 
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
para ter amanhã a suspeita que existe 
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
tem no ano dois mil a idade de Cristo

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
vê-lo-emos depois de chicote no templo 
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
e anda já um terror no látego do vento 
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
para nos pedir contas do nosso tempo

David Mourão-Ferreira

ELEGIA DE NATAL

Era também de noite Era também Dezembro
Vieram dizer-me que o meu irmão nascera
Já não sei afinal se o recordo ou se penso
que estou a recordá-lo à força de o dizerem

Mas o teu berço foi o primeiro presépio
em que pouco depois o meu olhar pousava
Não era mais real do que existirem prédios
nem menos irreal do que haver madrugadas

Dezembro retornava e nunca soube ao certo
se o intruso era eu se o intrus eras tu
Quase aceitava até que alguém te supusesse
mais do que meu irmão um gémeo de Jesus

Para ti se encenava o palco da surpresa
Entravas no papel de que eu ia descrendo
Mas sabia-me bem salvar a tua crença
E era sempre de noite Era sempre em Dezembro

Entretanto em que mês em que dia é que estamos
Que verdete corrói prédios e madrugadas
De que muro retiro o musgo desses anos
que entre os dedos depois se me desfaz em água

Para onde levaste a criança que foste
Em vez da tua voz que ciprestes são estes
Como dizer Natal se te não vejo hoje
Como dizer Natal agora que morreste

David Mourão-Ferreira

SONETO

E por vezes as noites duram meses
David Mourão-Ferreira
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos. E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.

David Mourão-Ferreira

LADAÍNHA DOS PÓSTUMOS NATAIS

David Mourão-Ferreira

Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que se veja à mesa o meu lugar vazio

Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que hão-de me lembrar de modo menos nítido


Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que só uma voz me evoque a sós consigo


Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que não viva já ninguém meu conhecido


Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que nem vivo esteja um verso deste livro


Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que terei o Nada a sós comigo


Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro

Em que o Nada retome a cor do infinito