OS NOSSOS ESCRITOS

TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS ELABORADOS PELAS ALUNAS DA DISCIPLINA
POESIA ELABORADA PELAS ALUNAS
POESIA, CONTOS E OUTROS TEXTOS TRABALHADOS NA AULA

sábado, 5 de março de 2016

INAUGURAÇÃO DA BIBLIOTECA E DESFILE LITERÁRIO

AULA DE POESIA E CONTO NA ACADEMIA SÉNIOR DE ESTREMOZ

inauguração da biblioteca da academia sénior de estremoz

LÚCIA CÓIAS E EGLANTINA ESTIGA ATRÁS
EGLANTINA ESTIGA
DESFILE LITERÁRIO PADEIRA DE ALJUBARROTA
DESFILE LITERÁRIO
DESFILE LITERÁRIO

Pantufa mais gorda

MA  RI.   AH   EL    EN   AF   AL  CÁ  TÔ  AL  VE    S
Ma    Mal/Manel /
Ri.    Rir /haveria/avaria/ trafaria/
Ah!
El.   Ela/ ele/ elevar/ Raquel
En.    Enganar/merenda/venda/emenda
Af.     Afã /afagar/afogar
Al.    Almoço /faltar/ almograve/fatal
Vê.    Houve/vento /velório/vela
S.    Plurais/situação &

O (MA)nel  ((RI)u-se nervoso  (AH) ! Mas (EL)e que t(EN)ha emenda.  (AF)ogar o anim(AL)!  (CA)lculem o gaia(TO)! Grande (S)afado!

Já há algum tempo que via a minha Pantufa mais gorda  mas levei uns dias a aperceber-me que me iria dar gatinhos.
Só poderia ficar com um e apressei-me a encontrar donos para os restantes.
Tudo bem planeado e hoje, logo de manhã encontrei em cima da cama das minhas filhas quatro gatinhos lindos como nunca vi outros. Apeteceu-me ficar com eles todos tal era a dificuldade da escolha. Havia um todo pretinho que me trouxe à memória a minha linda Sweety que fez as delícias das minhas filhas durante quase vinte anos. Seria este o escolhido sem sombra de dúvida.
A minha irmã que tinha uma reunião importante no Porto deixou-me cá o Manel ,um pimpolho de cinco anos vivo como só ele , que me punha a cabeça em água já há três dias. Ficou doidinho quando descobriu os gatos. Apanhava um para logo o largar e pegar noutro num absoluto desvario. Também ele se decidiu pelo preto e já não o largou. Bem lhe dizia eu que não se devia mexer nos gatinhos porque, como todos sabem, são enjeitados pela mãe... Nem me ouviu  e o gatinho preto tornou-se a sua companhia a partir dali.
Hoje, estava eu ocupada na cozinha despachando o almoço quando comecei a ouvir o riso nervoso do Manel de mistura com alguns soluços incontroláveis. Acorri num susto e, que vejo eu?
Na casa de banho, estava o meu amigo Manel dando banho ao seu gatinho. Tinha enchido de água o bidé e lá estava o Manel tentando reanimar sem sucesso o seu gatinho preferido
Com um sorriso soluçado foi explicando que apenas lhe queria dar banho porque ele era o mais sujo deles todos. (Todos tinham apenas umas leves manchas ao passo que ele era completamente preto...).
Meu rico gatinho. Afogar o animal!  Ah, grande safado!!!

A RAPARIGA NAS NÚVENS

Porque não hei-de eu ser como as crianças ? A estas horas estão as minhas amigas passeando na feira de s. Mateus e eu aqui estou confinada a este quarto já vai para 10 dias. Tenho pouca saúde e já devia estar habituada pois até me parece que passo mais tempo aqui que lá fora. Mas não me resigno e com o passar dos anos mais cresce a minha revolta.
Hoje resolvi que havia de esquecer a minha má sorte e pensar em coisas alegres já que não  serve de nada estar para aqui a martirizar-me porque até me sobe a febre.
E foi assim que, na minha imaginação, vi concretizado o sonho da minha vida: passeava em Paris e era tal e qual como vira na televisão.
Cidade linda de edifícios monumentais, com o Sena um rio tranquilo com barcos cheios de turistas.  Tantas vezes tinha sonhado embarcar num deles como se também eu fosse uma turista cheia de posses a viajar pelo mundo.
E eis-me a correr mundo sem destino marcado como se fosse levada numa nuvem num passeio interminável. Os desertos sem fim de África, os cumes cobertos de neve dos Imalaias, a Patagónia que era tal e qual tinha lido num livro de viagens, a
Lapónia  onde tive a sorte de assistir ao mais belo espetáculo que verei em toda a minha vida. O céu iluminou-se com uma luz estranha e foi como se uma cortina esvoaçasse ao vento e fosse sendo pintada de lindas e variadas cores.
Ouço bater à porta e a cabeça da minha mãe assoma com a bandeja do lanche.
Que raiva! Não tenho fome e vieram perturbar a minha viagem que viera alegrar  a minha solidão...

Milena Alves

ACEITAR-ME A MIM PRÓPRIA

ACEITAR-ME A MIM PRÓPRIA 

O que é mais importante?
Aceitar-se a si próprio?
Sentir-se acoompanhado?
A comparação com os outros ?
O controlo dos sentimentos?
Os juízos que fazem a seu respeito?     

ACEITAR-ME A MIM PRÓPRIA 

Quando ouvi a frase dei-lhe um sentido que não seria o que a autora lhe quis dar. O meu texto vai basear-se nessa minha primeira impressão. 
Na minha adolescência e até já depois de adulta não teria grande amor próprIo. Fiz vários tratamentos para engordar pois durante anos fui extremamente magra e não aceitava o meu corpo Casei-me aos vinte e quatro anos com 40 kg e bem mais alta do que hoje sou.
A diretora do colégio e minha professora de português, escolheu-me algumas vezes para ir recitar talvez por achar que eu lia bem mas, chegada ao palco, era preciso empurrarem-me e mesmo assim só com muito custo me desenvencilhava da tarefa. Cheguei assim ao meu curso do magistério primário onde o diretor com quem mantinha uma relação de ódio, tentou fazer-me a vida negra e rebaixou-me durante os dois anos em que por lá andei. Nunca ninguém me perguntou o que queria eu seguir e assim fui empurrada para um curso que nunca escolheria. 
Convenci-me que a minha vida não permitia escolhas e incuti em mim mesma que talvez as minhas capacidades não fossem suficientes para atingir o que queria e acabei por nem tentar.
A partir daí foi um crescendo sempre na dúvida se seria capaz de levar a cabo qualquer tarefa mais difícil que me fosse proposta. A minha auto-estima estava muito baixa pois mesmo em minha casa constantemente comparavam as minhas capacidades intelectuais e não só, com a minha irmã. 
Quando fomos para o sexto ano, agora décimo, entrei cerca de mês e meio depois das aulas terem começado. Meti-me em brios, peguei nos livros da minha irmã e, estudando sozinha, consegui as melhores notas da turma. Isso melhorou muito a minha auto-estima e pensei que todas as pessoas eram capazes de desempenhar algumas tarefas mas não todas, conforme as aptidões de cada um.
Vi que era muito melhor que outras pessoas em alguns desempenhos            específicos mas que essas mesmas pessoas faziam coisas que eu nem me atreveria tentar
Este reconhecimento de mim mesmo foi-me abrindo a mente e, a pouco e pouco, aprendi a gostar mais de mim.
Hoje penso que pus fim a essas dúvidas e aceito-me tal como sou com as minhas limitações, aceitando o meu corpo aleijado, o andar com o nariz cada vez mais perto do chão, as minhas rugas e todos os "andycaps "próprios da idade.
Por vezes ainda sinto alguma raiva quando não consigo prosseguir na minha atividade preferida : pintura e desenho. As pessoas pensarão que é falsa modéstia ou baixa auto-estima mas não é uma coisa nem outra. 
O meu alvo está muito alto e, como o que consigo fazer não chega nem lá perto, resolvi desistir.  Não me interessa fazer o bonitinho, o mesmo parecido com o modelo, que fizera até aqui.
Chamem-me o que quiserem e talvez um dia continue no mesmo caminho que até aqui, nunca se sabe...
Nunca digas nunca!
Milena Alves

Gabriela Ruivo Trindade recebeu prémio na Feira do Livro

Manuel Alegre
Gabriela Ruivo Trindade recebeu prémio na Feira do Livro
por Elisabete Silva07 junho 2014http://www.dn.pt/Common/Images/img_artes/icn_comentario.gifComentar
Gabriela Ruivo Trindade recebeu o prémio de Miguel Pais do Amaral (presidente do Conselho de Administração da Leya). Manuel Alegre e Isaías Gomes Teixeira (presidente Executivo da Leya) também participaram da cerimónia de entrega do prémioFotografia © Carlos Manuel Martins/Global Imagens
Gabriela Ruivo Trindade nunca tinha publicado um texto, mas com 'Uma Outra Voz' não só concretizou esse desejo como venceu o prémio LeYa 2013, que recebeu hoje ao final da tarde na Feira do Livro, em Lisboa.
"Este livro nasceu da partilha num blog familiar, no qual a família partilhou muitas histórias", contou a autora de 43 anos, casada, dois filhos e que reside em Londres. No discurso, confessou que estava a ser "assaltada pelos mesmo sentimentos" de quando recebeu um prémio de banda desenhada aos "12 ou 13 anos": o pânico de falar em público, a timidez ("que aumenta com o passar do tempo") e a sensação de que não devia estar ali, como vencedora. Explicou que muitos familiares deviam estar naquele palco a seu lado. Mas deixou um recado sobre o apoio à literatura: "Estes prémios não chegam, é necessário uma política digna desse nome".
Manuel Alegre, presidente do júri, destacou o facto de ser a primeira mulher a ser premiada e de ser a segunda vez que venceu um desempregado (o primeiro foi João Ricardo Pedro, em 2011, com 'O Teu Rosto Será o Último'). O valor monetário do prémio LeYa é de 100 mil euros.
"Este prémio desencadeou uma revolução. Muitas pessoas começaram a escrever", destacou Manuel Alegre. "Nestes tempos conturbados escrever é e sempre será um ato de libertação", acrescentou.
Os elementos do júri destacaram um pormenor do livro de Gabriela Ruivo Trindade: "as fortes personalidades das personagens, principalmente femininas." O júri foi composto por, além de Manuel Alegre: os escritores Nuno Júdice, Pepetela e José Castello; o professor da Universidade de Coimbra José Carlos Seabra Pereira; o reitor do Instituto Superior Politécnico e Universitário de Maputo, Lourenço do Rosário; a professora da Universidade de São Paulo, Rita Chaves.
Esta foi a quinta vez que o prémio LeYa foi atribuído (a vencedora foi anunciada em outubro do ano passado e já decorre o concurso de 2014). Em 2008, o eleito foi o 'Rastro do Jaguar' escrito por Murilo Carvalho e no ano seguinte venceu o romance "O Olho de Hertzog", do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho. Em 2011, foi distinguido o romance "O Teu Rosto Será o Último", estreia literária do português João Ricardo Pedro e, no ano passado, o escolhido foi o português Nuno Camarneiro, com o romance "Debaixo de Algum Céu".

Em 2010 o prémio LeYa não foi atribuído. Segundo a editora o júri "entendeu que as obras a concurso não correspondem à importância e ao prestígio do Prémio LeYa no âmbito das literaturas de língua portuguesa".

CHARLOT E OS LIVROS

Na gravura que me mostraram pareceu-me ver a figura do Charlot em equilíbrio em cima duma enorme pilha da livros que se eleva acima da cidade e das fábricas. Que conceito poderei eu retirar daqui?
O humor pode ser muito para além do que o comum das pessoas pensam. 
Charlot praticava um tipo de humor inteligente. Notava-se nele uma inteligência e uma cultura que contrastava com a sua figura de palhaço desastrado e vagabundo.
O humor que me faz rir é este. Humor feito por quem tem uma base cultural sólida. Temos o exemplo do Ricardo Araújo Pereira e os seus três companheiros, do Herman José ou     Serafim  entre outros poucos mais.
Todos eles  têm, para além da inteligência que se lhes reconhece, uma enorme cultura adquirida sobretudo nos muitos livros que foram lendo ao longo da vida.
Há depois os tais palhaços que muito se esforçam a contar umas anedotas sem graça ou já com cabelos brancos, que fazem rir salas cheias de basbaques no muito em voga "stand up".
 "Ler um livro é ler a vida" disse-me um dia um amigo a propósito de leitura.
É uma frase que me tocou particularmente pois em poucas palavras resume bem onde nos pode levar o contacto com os livros. Muitas vezes a cito às minhas alunas quando estou a tentar incutir-lhe o gosto pela leitura.
Maria Helena Alves

CARTA DE UM AVÔ PARA A SUA FILHA

Olha que incrível a carta que um avô escreveu para sua filha, quando ela expulsou o filho de casa! Não vamos explicar muito, porque a carta diz tudo:
Cara Christine,
Você me desapontou como filha. Você está certa sobre termos uma “vergonha na família”, mas errou sobre qual.
Expulsar seu filho de sua casa simplesmente porque ele disse a você que era gay é a verdadeira “abominação”. Uma mãe abandonar o filho é que “é contra a natureza”.
A única coisa inteligente que ouvi você dizer sobre tudo isso é que “não criou seu filho para ser gay”. Claro que não criou. Ele nasceu assim e escolheu isso tanto quanto escolheu ser canhoto. Você, entretanto, fez a escolha de ser ofensiva, mente-fechada e retrógrada.  Então, já que esse é um momento de abandonarmos filhos, acho que chegou a hora de dizer adeus a você. Sei que tenho um fabuloso (como os gays dizem) neto para criar e não tenho tempo para uma filha que é uma vadia sem coração.
Se encontrar o seu coração, ligue pra gente.
-Papai
You go, gramps!
- See more at: http://razoesparaacreditar.com/urbanidade/avo-escreve-carta-para-sua-filha-que-expulsou-o-proprio-filho-por-ser-gay/#sthash.SSV7A4xw.dpuf

O AVÔ E O NETO

A gravura tinha um rapaz e um homem mais velho sentados em amena conversa com um semblante muito alegre.
Sem mesmo ver a gravura escrevi isto muito à pressa durante a hora de almoço para entregar na aula da Zuzu:

-Nem calculas como fiquei contente por te conseguir encontrar! Foi talvez melhor que me ter saído a sorte grande!
-Também eu avô ! Deixou-me era eu ainda um gaiato e nunca mais tivemos notícias suas.
-Sabes lá a minha vida! Saí daqui como já deves saber porque não me conseguia         governar. O lavrador que algumas vezes me deu trabalho tratava-nos pior que escravos. Ainda o sol não tinha despontado já lá estávamos a trabalhar no duro e só com uma pequena pausa para comer umas sopas que sonhavam com o azeite. Depois novamente ao trabalho até que o sol desaparecesse no horizonte e já não conseguíssemos fazer mais nada.
-Isso era na herdade do D. João, não era? A minha mãe falava-me muito nele e da maneira como a explorava a ela e a todas as companheiras.
Mas porque é que nunca mais nos disse nada?
-Quando daqui fui a minha vida também não foi um mar de rosas. Penei e corri muito até endireitar a minha vida. Tinha vergonha que na aldeia soubessem o que eu estava passando.
-Ó avô, o que nós queríamos era saber de si. Até pensámos se não teria morrido.
-Credo filho! Felizmente não foi esse o caso.
-Então porque não dava notícias?
-olha, quando consegui endireitar a minha vida escrevi várias cartas mas todas foram devolvidas. Assim passou algum tempo até que, já muito apoquentado resolvi escrever para a ti Zefa do Caco, que me   o que fora feito de vocês que nunca mais tinha tido notícias.
-Mas então porque é que ela não nos disse nada?
-Ó filho, o meu desgosto quando ela me mandou dizer da morte da tua mãe!
-Calculo. Tanto que o avô gostava dela!
-Se gostava! Ela foi a filha que nunca tive. Vi-a nascer e nesse mesmo
 dia ficar sem a mãe que morreu de parto . Acontecia muito naqueles tempos. Ajudei como pude na sua criação e ela pagou com amor o amor que eu lhe tinha.
Quando tu nasceste foste o meu primeiro e único neto.
-Já eu andava na escola quando os gaiatos me disseram que o avô não era o meu avô verdadeiro. Tive cá um desgosto! Fugi da aula e só me apanharam já era noite com toda a aldeia à minha busca.
-Mas a Zefa também me disse que tu tinhas tinhas saído para o estrangeiro e nunca mais souberam de ti.
Foi-me impossível encontrar-te e Deus sabe o que sofri.
- Tenho muita pena avô, mas também eu me vi obrigado como muitos dos meus colegas de curso a sair do país.
Foi uma alegria enorme, quando aqui cheguei depois de tanto anos por fora, saber que o avô tinha regressado à aldeia. Corri logo para aqui para lhe dar aquele abraço apertado tanto tempo adiado!

Maria Helena Alves