OS NOSSOS ESCRITOS

TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS ELABORADOS PELAS ALUNAS DA DISCIPLINA
POESIA ELABORADA PELAS ALUNAS
POESIA, CONTOS E OUTROS TEXTOS TRABALHADOS NA AULA

quarta-feira, 2 de março de 2016

O ANJINHO

A Zuzu esteve doente e só voltou às aulas na quarta feira  dia   10 de fevereiro               
Todos os anos costuma trazer-nos uma prendinha depois do Natal. Sempre a conheci assim, amiga de dar prendas mesmo sem motivo especial. Cumprindo a tradição trouxe para cada uma um lindo anjinho prateado . Todos eles tocavam um instrumento musical. O meu tocava flauta, mas havia os que tocavam violino, violoncelo, harpa e sei lá que mais. O que sei é que todos eles tocando seria uma orquestra celestial só digna mesmo de anjos do céu (perdoe-se a redundância)..'
O meu já lá está pendurado no meu cantinho mas, não sei se por se sentir só, não me dá música, pelo menos que eu ouça...

MILENA FALCATO

2 março biblioteca da escola

O ANJINHO





O Natal já passou
Uma prenda chegou
Um Anjinho pairou
Quando a ZUZU mo doou

Toca violino
Bem pequenino
Rosto sorrindo
Fica bem lindo

Ali dependurado
Cor prateado
Rosto elevado
Fica guardado

Natal vai chegar
Ele não pode tocar
Mas vai alegrar
Na àrvore pendurar
A ZUZU lembrar
Um beijo lhe vou dar

Ana Maria Troncho

O CHARLOT


Olhei e o que vi ?  Charlot maior que uma Cidade! Bem alto! Em cima  de uma pilha de livros.
Lá longe os arranha-céus  e o mar.
O seu perfil não engana, e os livros que estavam debaixo dos seus pés, apenas o elevavam; pois ele chegou bem alto contando histórias! sem falar, ou seja lendo sem ler; pois no seu tempo muito poucos liam livros, pelo menos em Portugal, viam cinema ao ar livre e percebiam a história só com os gestos. 
Ou seja ele próprio era um livro aberto! sabia ler sem livros, mas já os tinha lido antes, para os poder interpretar com tanta clareza! talvez a pilha de livros que estava debaixo de seus pés,fossem tantos quantos filmes ele protagonizou.
Eu ainda vi alguns, bem miúda e ao ar livre, mas pagava dez tostões se os queria ver. 
O meu sogro que se fosse vivo teria 106 anos poucos viu, mas lembrava-se bem do Charlot, era dos Portugueses que apenas aprendeu a  desenhar o nome dele. Por isso adorava ouvir ler e contar histórias, também contava algumas, mas verdadeiras e tristes.
Mas sorria se lhe falávamos no Charlot

Ana Maria Troncho  16 Fevereiro de 2016

sábado, 30 de janeiro de 2016

ONDE NÃO FALTA VONTADE, EXISTE SEMPRE UM CAMINHO


A ENTREVISTA
Quando o despertador tocou, Maria sentiu-se ainda mais constipada, o nariz completamente entúpido, a garganta a arranhar e a doer, a tosse insistia a incomodá-la, apalpou a testa e sentiu-a um pouco quente, estava com febre certamente; não lhe apetecia nem  mexer-se nem sair do quentinho da cama. Fechou os olhos e sentiu-se ali tão confortável. Como arranjar coragem para se levantar? 
Estava há poucos meses no jornal, e até agora não lhe tinham dado quaisquer reportagens, nem entrevistas que merecessem a pena. Sentia-se até um pouco desmotivada, mas ela sabia como o mercado de trabalho estava dificil. Sabia que tinha que ter paciência, não mostrar insatisfação nem enfado, porque se o director percebesse que ela não estava satisfeita, imediatamente a substituíria por outra jornalista. Tinha tantos colegas no desemprego, a entregar e a enviar Curriculum Vitae para todas as redações de jornais, revistas,  rádio ou televisão.
Hoje, que precisava de estar a cem por cento, pois tinha uma entrevista marcada com a actriz principal da telenovela que maior êxito estava a ter na TV, logo hoje, sentia-se mesmo doente! a cabeça pesadíssima não a deixava sequer encontrar uma saída. 
Ficara de se encontrar com o fotógrafo, por volta das 10 horas, no café mais próximo da casa da actiz.
Sentiu as lágrimas a correrem-lhe pelos cantos dos olhos, molhando-lhe as orelhas e a almofada. Meu Deus! que fazer? Não podia telefonar para a redacção, pois não iam acreditar. Não tinha o telemóvel do fotógrafo, que nunca se tinha mostrado muito simpático com ela.
Fechou os olhos, na cama estava-se tão bem!
Os minutos pareciam que galopavam... já tinha passado meia-hora! 
Arranjou coragem, levantou-se a cambalear, e dirigiu-se para a casa de banho. Pôs a água do duche a correr e entrou na cabine cheia de vapor  e deixou-se ficar debaixo da água tépida um bom bocado... saiu da cabine, vestiu o roupão e viu-se ao espelho...estava com uma cara de meter medo... umas olheiras fundas e escuras... 
Dirigiu-se à cozinha, fez um chá de limão, gengibre e mel e pegou na caneca com ambas as mãos para sentir o quentinho do chá; tomou dois comprimidos e ficou na cozinha sentada à espera de se sentir melhor. E na verdade, começou a sentir a cabeça menos pesada, o nariz menos congestionado e a garganta mais aliviada. 
Vestiu-se, pintou-se o melhor que pôde, e quando olhou para o relógio já só tinha três quartos de hora para ir ter com o fotógrafo. Esperava que o trânsito estivesse fluído e que não houvesse engarrafamentos. 
Maria tirou o carro da garagem, respirou fundo, procurou uma pastilha para a garganta e começou a dirigir-se calmamente para o café  onde o fotógrafo a esperava, perto da casa da actriz
Maria chegou ao café a horas, pediu um galão bem quente e meia torrada, o fotografo até se mostrou mais simpático do que habitualmente. 
Olhou-a e disse-lhe: "Maria tu estás com uma constipação terrível!"
Maria sorriu-lhe, pegou no copo do galão com ambas as mãos e assentiu com a cabeça.
Disse: - "Sabes, esta entrevista é muito importante para a minha promoção na redacção, por isso nunca podia deixar de vir!"
"ONDE NÃO FALTA VONTADE, EXISTE SEMPRE UM CAMINHO" TOLKIEN CITADO POR RITA BULHOSA IN  AOS OLHOS DA RITA

ONDE NÃO FALTA VONTADE, EXISTE SEMPRE UM CAMINHO

Percorrer esse caminho
Com força e dedicação
Não falta amor e carinho
Dentro desse coração

Essa vontade existe
digna de admiração
Grande força que persiste
Não tem comparação

Apenas quinze anitos
Nem posso acreditar
Esta lição de vida
Que nos estás a dar

Esse sorriso tão lindo
Que nos faz cativar
És linda e divertida
E gostas de trabalhar

Este é o primeiro livro
Dos muitos que irás escrever
Estarei sempre contigo
Para me deliciar a ler

Contigo.Aprender.
A sorrir.A viver. 
A compreender. 
E a agradecer

Ana Maria Troncho

domingo, 13 de setembro de 2015

NOITE DE INSÓNIA



Não valeu de nada ter-me deitado mais tarde. Voltas e voltas na cama e nada de sono. Tateio no escuro para agarrar o relógio, ilumino-o: são quatro horas! Mais uma noite de insónia.
Cinco, seis, sete horas. Chegada aqui uma vontade premente faz-me saltar da cama. Azar! O Manel chegou primeiro e já ocupa a sanita.
(Ttenho que falar com a médica para lhe receitar um remédio mais potente que o faça dormir mais umas horas de manhã...)
Ainda consigo puxar de um bacio antes que o faça pelas pernas abaixo...
Com a casa de banho ocupada, ( e vai demorar...), que vou eu fazer?
Volto novamente para a cama na esperança de ainda dormir um pouquinho. Nada! Maldita insónia que, já vai para uma semana, me atormenta!
E está na hora de ir ajudá-lo a tomar banho!
Finalmente despachada, reparo que já são dez e um quarto.
Pequeno almoço engolido à pressa saio para a rua para umas compras e espairecer um pouco. Faz-me falta andar mas as dores são tantas que muitas vezes tenho receio de não conseguir regressar. Eu que era uma andarilha nata que tomava sempre a dianteira em qualquer passeio...
De volta a casa resolvi que era hoje que terminaria as bonecas que estou fazendo para a minha Leonor. Escusado! Alguém toca à porta. A minha amiga Lúcia vem trazer-me um presente. Traz-me um saco de figos da Índia descascados e prontos a comer sem sombra de picos. Deu-lhos o filho mas, como ela sabe que sou perdida por este petisco, resolveu que seria eu a comê-los. Em boa hora, pois eram deliciosos e, pela primeira vez, comi figos sem ficar com uma carrada de picos espalhada pelo corpo!
Comidos o figos de novo me agarro à costura. Mas, ainda não era desta! Tocam à porta novamente e, desta vez, era alguém a entregar uma encomenda que vinha à cobrança. Não tinha dinheiro em casa e ainda disse ao homem que, se pudesse esperar iria levantar dinheiro à Caixa mas, como o vi hesitante, toquei às três campainhas do prédio e, a que atendeu, emprestou-me o dinheiro.
Comprei, a meias com a Mina, uns apetrechos em gel de que faziam enorme reclame pela net. Usando aquilo, adeus joanetes!!!  Como estavam com preço de promoção resolvemos experimentar. Não consegui falar com ela e nem abri a encomenda. Depois se verá!
E assim se passou a manhã sem fazer nenhum...
Horas de almoço e foi um corrupio para fritar uns peixinhos minúsculos muito saborosos e fazer umas migas de espargos para acompanhar. Tinha dito à Lúcia que iria passar por casa dela mas tive de desistir. A minha filha vem hoje com os filhos e tenho que preparar jantar.
Ainda pus a máquina de costura em cima da mesa mas não lhe cheguei a mexer. Como os lisboetas estavam atrasados, dei de jantar ao Manel. Ainda fiz uns bifinhos e um puré de maçã para o nosso jantar porque só a sopa tinha ficado feita.
Chegaram e nem mesa posta nem jantar acabado!
Já tinha tantas saudades dos meus netinhos que não via há muito tempo... Estão enormes! Ele já fez a licenciatura em engenharia eletrotécnica e de computadores e ela depois de muitas indecisões matriculou-se este ano em biologia.
Às dez horas da noite estávamos finalmente sentados à mesa. Como tinha lanchado bem nem dei pelas horas...
Os gaiatos mal apanham a mesa disponível puxam do computador, põem uns auscultadores nos ouvidos e adeus conversa...
Eu aproveitei para escrever mais um pouco.
A minha netinha está linda e não me canso de olhar para ela !
Nenhum deles gosta de fotografias mas amanhã irei fazer algumas para compensar as grandes ausências. Sempre vou matando saudades olhando para elas...
Ele ficou até tarde no computador e eu fiz-lhe companhia. Quando dei por mim já passava das duas ! Vamos ver se amanhã não me deixarei dormir...


Ps- é o que fiz ontem à pressa e com muita conversa à volta. Não sei se serve. Bj
Maria Helena Alves, 82 anos 

sexta-feira, 20 de março de 2015

DA POESIA AOS PÉS






“Nós nunca estamos verdadeiramente onde estamos
Viajamos.”
Jaime Salazar Sampaio, "O Mar não precisa de poetas"

Após uma aula sobre as marcas dos pés no chão da nossa literatura na Academia Sénior de Estremoz às simpáticas e atentas alunas da minha querida Zuzu e outras maravilhosas pessoas que quiseram aparecer, depois de me inebriar com o ar do sempre reconfortante Alentejo berço, numa cidade particularmente estimulante das minhas memórias, com belas janelas, saudades da presença viva de António Telmo, as sempre misteriosas cegonhas, as nobres oliveiras centenárias, e tantos tantos outros doces recordares, finalmente o meu corpo baixou ao sono, sob um tecto de traves a lembrar o céu das minhas noites em cama de avó. Aos meus pés, Pantufa, a gatinha da Zuzu e do Zé, deitou-se poeticamente sobre a manta de rosetas e ali ficou toda a noite e velar ambos os sonos: o meu e o seu silencioso ronronar.
No meu ouvido adormecido, reverberava ainda um dos poemas lidos na aula:
"TOMÉ NATANAEL
Leva nas mãos o arco
E às costas o violino
Grande como um barco.
A música é maior do que o menino.
Mas sem esforço ou cansaço
O leva pela estrada o infinito
E à distância de um só seu passo
Descuidadamente finito.
A música não pesa
Nem o som que conduz
Por isso a estrada é um rasgo de luz."
António Telmo