Sozinho, na multidão
Que me escorraça, vil
Luxando anéis na mão
A mão com que me empurra
E tapa o meu odor…
Para não sentir na alma
O bafo da minha dor
Que dentro de mim sussurra
Sozinho, na multidão
Eu que tudo dei de mim
Acalentei nos meus braços
Gentes sem beira nem pão;
Protegi até ao fim
Quem primeiro viu meus passos;
E estendi o meu manto
A quem dele precisou;
Limpei lágrimas de pranto
Pranto que eu hoje sou
Sozinho na multidão
Cheio de fome com pão
Cheio de sede com água
Morrendo na solidão
Que trago sempre comigo
A alma cheia de mágoa
Por ninguém me dar a mão
Ou um abraço amigo:
Aquele chi-coração
Georgina Ferro
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