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terça-feira, 26 de novembro de 2013

A "ANEDOTAS" DA AMÉLIA

AS ANEDOTAS DA MARIA AMÉLIA
(Mãe da professora Zuzu)

A Maria Amélia, conhecida apenas como Amélia, viveu desde sempre em Casa Branca. Ainda esteve algum tempo em Lisboa quando dirigiu um supermercado na Brandoa. Assim que pode regressou à sua terra onde se sentia bem e onde tinha familiares e amigas.
Tinha um daqueles estabelecimentos de aldeia onde se vende de tudo e mais alguma coisa. A par da mercearia também tinha salsicharia. Loja bem afreguesada pouco tempo lhe restava para descansar. Sempre muito apressada não tinha um minuto a perder e, mesmo a conversar connosco, arranjava sempre alguma coisa para fazer, marchando à nossa frente quase parecendo não nos estar a ligar.
Justamente por este seu feitio há vários episódios engraçados que  dela se contam repetidamente em reuniões familiares.

Quando apareceram as primeiras máquinas de lavar roupa achou que era mesmo o que precisava para a aliviar na sua vida atarefada. Era ainda uma máquina semi manual que tinha um depósito para meter a roupa que, depois de lavada, era espremida num rolo. O detergente era caro e, por vezes, pouco eficiente. Tinha eu e a Adélia uma máquina igual. Calhou estarmos em Casa Branca quando ela ia meter a roupa a lavar. Dissemos-lhe nós como grande novidade:
-Sabes que apareceu agora um sabão às falhinhas que é muito mais económico e lava muito bem?
Nem nos deixou terminar e de sabão azul e branco e faca em riste, diz enquanto o faz:
-Aí filha, eu cá, falho, falho, falho, falho!


Um a noite já a acabar o jantar aparece uma cunhada. Depois dos cumprimentos e no meio de uma conversa sai-se a Amélia:
-Ó Maria Emília! Tu não gostas de um chocolatinho quente no fim do jantar?Ao que a outra logo assentiu vendo ali um convite.
 - Mas       olha, responde rapidamente a Amélia, hoje não tenho!

Ia frequentemente à sua loja um senhor que lhe fornecia os porcos para a salchicharia. Era um homem avantajado de uma altura pouco usual a quem tinham posto merecidamente a alcunha de "Alturas".
Um dia em que esperavam a visita do dito senhor advertiu-a o Vitalino:
-Amélia quando chegar o Alturas trata-o pelo nome não se vá ele zangar!
Chegado o homem logo a Amélia o foi receber muito pressurosa:
-Boa tarde senhor Alturas. Aí desculpe senhor Alturas, o meu marido preveniu-me que não o tratasse por Alturas porque o senhor não gosta que lhe chamem Alturas. Desculpe mais uma vez senhor Alturas . E lá foi tratar do negócio como se nada fosse com ela.
Vitalino e Amélia

Ia frequentemente à sua loja um senhor que lhe fornecia os porcos para a salchicharia. Era um homem avantajado de uma altura pouco usual a quem tinham posto merecidamente a alcunha de "Alturas".
Um dia em que esperavam a visita do dito senhor advertiu-a o Vitalino:
-Amélia quando chegar o Alturas trata-o pelo nome não se vá ele zangar!
Chegado o homem logo a Amélia o foi receber muito pressurosa:
-Boa tarde senhor Alturas. Aí desculpe senhor Alturas, o meu marido preveniu-me que não o tratasse por Alturas porque o senhor não gosta que lhe chamem Alturas. Desculpe mais uma vez senhor Alturas . E lá foi tratar do negócio como se nada fosse com ela.

A casa tinha frequentemente algum amigo ou toda a sua família para almoçar. O Vitalino tinha muitos amigos mas desconfio a maior parte apreciava acima de tudo a mesa farta que ali sempre encontrava...
Ora num dia de piquenique no campo, talvez Páscoa, apareceu um amigo que também os acompanhou.
A Amélia com a sua pressa habitual pôs a mesa e logo começou a distribuir as iguarias:
-Vai um croquete senhor Abelha? E também vai provar um pastelinho senhor Abelha.  Senhor Abelha, e que tal acha a nossa paia? Está boa não está senhor Abelha?
Depois de algum tempo a ouvir, diz-lhe o amigo:
-Mas dona Amélia , eu sou Mosca não sou Abelha . Ao que ela responde muito apressada:
-Ah pois, eu bem me parecia que era um bichinho desses com asas!, diz ela num repente, correndo logo a servir uns pastelinhos mais além.


Quando apareceram as primeiras máquinas de lavar roupa achou que era mesmo o que precisava para a aliviar na sua vida atarefada. Era ainda uma máquina semi manual que tinha um depósito para meter a roupa que, depois de lavada, era espremida num rolo. O detergente era caro e, por vezes, pouco eficiente. Tinha eu e a Adélia uma máquina igual. Calhou estarmos em Casa Branca quando ela ia meter a roupa a lavar. Dissemos-lhe nós como grande novidade:
-Sabes que apareceu agora um sabão às falhinhas que é muito mais económico e lava muito bem?
Nem nos deixou terminar e de sabão azul e branco e faca em riste, diz enquanto o faz:
-Aí filha, eu cá, falho, falho, falho, falho!


Uma noite já a acabar o jantar aparece uma cunhada. Depois dos cumprimentos sentaram-se ao lume de chão e no meio de uma conversa sai-se a Amélia:
-Ó Maria Emília! Tu não gostas de um chocolatinho quente no fim do jantar?
Ao que a outra logo assentiu vendo ali um convite.
 - Mas olha, Maria Emília ,responde rapidamente a Amélia, hoje não tenho!


Outro episódio também engraçado mas não tendo directamente a ver com ela.
Mesmo com uma vida de muito trabalho, o casal sempre  gostou de fazer umas viagens de vez enquando. Nesse dia fomos convidadas eu, a Adélia e a Maria José para irmos com eles a Fátima. Ainda madrugada batem-nos à porta com ordem de partida. Vinha a Amélia muito arreliada  porque se tinha esquecido de trazer qualquer bazaréu para servir de penico durante a noite, despejando- se de manhã depois de feitas as necessidades...
Eu tinha chegado na véspera da praia e tinha ainda na sala os brinquedos da Guida. Logo que viu o balde que até era de um tamanho maior que o normal, concluiu que era mesmo daquilo que precisávamos.
Tinham uma grande camioneta com uma cobertura de lona. Levava tudo o que nos faria falta, desde colchões, almofadas, cobertores, fogão, tachos, pratos, copos e talheres e mantimentos,tudo, enfim, para que não tivéssemos que gastar para além do necessário para encher o depósito de gasóleo.
Foi uma viagem divertidíssima com várias peripécias pelo caminho e uma noite mal dormida, não por culpa do colchão, mas porque toda a noite se ouviu chamar de um acampamento para outro como se ali não houvesse mais ninguém além deles...Nesta altura tudo isso era motivo de riso e assim se passou a noite.
A afluência ao Santuário era enorme e a Adélia ainda apanhou um belo susto num dos túneis de acesso. Eram tantas as pessoas que durante alguns minutos foi no ar sem que os pés tocassem no chão. Com a sua claustrofobia, gritou até que lhe deram um espaçozinho para chegar ao outro lado.
Enfim, uma viagem que nunca esquecerei.
Chegados à  Casa Branca apenas tiveram tempo de jantar e ir descansar da viagem.
No outro dia, para o almoço,  fez-lhes a Tita umas sopas de tomate e para acompanhar, à moda do Alentejo, uns belos figos acabados de colher no quintal.
Ora o que havia ela de desencantar para trazer os figos para a mesa? O nosso penico que tão boa serventia nos tinha dado...
Assim que viu aquilo grita a Amélia muito enojada:
Ó Tita, que nojo! Não tinha outra coisa pra trazer os figos?Ao que a outra respondeu, não percebendo todo aquele espanto:
-Não tenha nojo senhora, foi a primeira coisa a ser lavada ontem na loiça do jantar!

Acho que tudo isto não será para publicar, mas quis que ficasse registado para não se perder.
Nem tudo se terá passado como escrevo mas os escritores, mesmo quando relatam feitos históricos, metem sempre alguma fantasia romanceando a seu belo prazer. Dá a ler à tua mãe e ela que faça as emendas que achar necessárias se não gostar do meu relato. Beijinhos para ela que nos proporcionou belos momentos de risota.
Dei à minha mãe a ler e ela concorda com tudo. Achou muita graça e ainda se lembrou de mais algumas "gaffes" que eu irei escrever outro dia. A minha mãe é única!!!

-Milena Falcato