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sábado, 5 de março de 2016

A RAPARIGA NAS NÚVENS

Porque não hei-de eu ser como as crianças ? A estas horas estão as minhas amigas passeando na feira de s. Mateus e eu aqui estou confinada a este quarto já vai para 10 dias. Tenho pouca saúde e já devia estar habituada pois até me parece que passo mais tempo aqui que lá fora. Mas não me resigno e com o passar dos anos mais cresce a minha revolta.
Hoje resolvi que havia de esquecer a minha má sorte e pensar em coisas alegres já que não  serve de nada estar para aqui a martirizar-me porque até me sobe a febre.
E foi assim que, na minha imaginação, vi concretizado o sonho da minha vida: passeava em Paris e era tal e qual como vira na televisão.
Cidade linda de edifícios monumentais, com o Sena um rio tranquilo com barcos cheios de turistas.  Tantas vezes tinha sonhado embarcar num deles como se também eu fosse uma turista cheia de posses a viajar pelo mundo.
E eis-me a correr mundo sem destino marcado como se fosse levada numa nuvem num passeio interminável. Os desertos sem fim de África, os cumes cobertos de neve dos Imalaias, a Patagónia que era tal e qual tinha lido num livro de viagens, a
Lapónia  onde tive a sorte de assistir ao mais belo espetáculo que verei em toda a minha vida. O céu iluminou-se com uma luz estranha e foi como se uma cortina esvoaçasse ao vento e fosse sendo pintada de lindas e variadas cores.
Ouço bater à porta e a cabeça da minha mãe assoma com a bandeja do lanche.
Que raiva! Não tenho fome e vieram perturbar a minha viagem que viera alegrar  a minha solidão...

Milena Alves