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sábado, 5 de março de 2016

ACEITAR-ME A MIM PRÓPRIA

ACEITAR-ME A MIM PRÓPRIA 

O que é mais importante?
Aceitar-se a si próprio?
Sentir-se acoompanhado?
A comparação com os outros ?
O controlo dos sentimentos?
Os juízos que fazem a seu respeito?     

ACEITAR-ME A MIM PRÓPRIA 

Quando ouvi a frase dei-lhe um sentido que não seria o que a autora lhe quis dar. O meu texto vai basear-se nessa minha primeira impressão. 
Na minha adolescência e até já depois de adulta não teria grande amor próprIo. Fiz vários tratamentos para engordar pois durante anos fui extremamente magra e não aceitava o meu corpo Casei-me aos vinte e quatro anos com 40 kg e bem mais alta do que hoje sou.
A diretora do colégio e minha professora de português, escolheu-me algumas vezes para ir recitar talvez por achar que eu lia bem mas, chegada ao palco, era preciso empurrarem-me e mesmo assim só com muito custo me desenvencilhava da tarefa. Cheguei assim ao meu curso do magistério primário onde o diretor com quem mantinha uma relação de ódio, tentou fazer-me a vida negra e rebaixou-me durante os dois anos em que por lá andei. Nunca ninguém me perguntou o que queria eu seguir e assim fui empurrada para um curso que nunca escolheria. 
Convenci-me que a minha vida não permitia escolhas e incuti em mim mesma que talvez as minhas capacidades não fossem suficientes para atingir o que queria e acabei por nem tentar.
A partir daí foi um crescendo sempre na dúvida se seria capaz de levar a cabo qualquer tarefa mais difícil que me fosse proposta. A minha auto-estima estava muito baixa pois mesmo em minha casa constantemente comparavam as minhas capacidades intelectuais e não só, com a minha irmã. 
Quando fomos para o sexto ano, agora décimo, entrei cerca de mês e meio depois das aulas terem começado. Meti-me em brios, peguei nos livros da minha irmã e, estudando sozinha, consegui as melhores notas da turma. Isso melhorou muito a minha auto-estima e pensei que todas as pessoas eram capazes de desempenhar algumas tarefas mas não todas, conforme as aptidões de cada um.
Vi que era muito melhor que outras pessoas em alguns desempenhos            específicos mas que essas mesmas pessoas faziam coisas que eu nem me atreveria tentar
Este reconhecimento de mim mesmo foi-me abrindo a mente e, a pouco e pouco, aprendi a gostar mais de mim.
Hoje penso que pus fim a essas dúvidas e aceito-me tal como sou com as minhas limitações, aceitando o meu corpo aleijado, o andar com o nariz cada vez mais perto do chão, as minhas rugas e todos os "andycaps "próprios da idade.
Por vezes ainda sinto alguma raiva quando não consigo prosseguir na minha atividade preferida : pintura e desenho. As pessoas pensarão que é falsa modéstia ou baixa auto-estima mas não é uma coisa nem outra. 
O meu alvo está muito alto e, como o que consigo fazer não chega nem lá perto, resolvi desistir.  Não me interessa fazer o bonitinho, o mesmo parecido com o modelo, que fizera até aqui.
Chamem-me o que quiserem e talvez um dia continue no mesmo caminho que até aqui, nunca se sabe...
Nunca digas nunca!
Milena Alves