OS NOSSOS ESCRITOS

TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS ELABORADOS PELAS ALUNAS DA DISCIPLINA
POESIA ELABORADA PELAS ALUNAS
POESIA, CONTOS E OUTROS TEXTOS TRABALHADOS NA AULA

sábado, 6 de setembro de 2014

A MINHA VIAGEM DE SONHO

Acho que nunca vou fazer a minha viagem de sonho.
Primeiro queria conhecer o meu país de norte a sul, de seguida fretava um avião e ia a Paria visitar Versalhes, assistir no Olimpia a um concerto de Charles Aznavour, sempre gostei muito de o ouvir cantar e é pena que já não se encontre entre nós.
Voltando ao avião, ia a Roma ver os monumentos e visitar o Vaticano, seguia para Milão e assistia à Ópera no Scala, ia a Florença ver as obras dos grandes pintores e a Veneza andar de gondola.
Seguia para Viena de Áustria onde iria assistir ao concerto no Palácio do Imperador e dançar a valsa ao som de uma boa orquestra. De seguida, ia à Holanda ver os campos de tulipas.
Depois desta viagem cultural pela Europa fazia um cruzeiro no Nilo e para terminar ia a Cabo verde dançar a morna.
De seguida, voltava a minha casa para descansar antes da próxima viagem.
Há tanta coisa que eu gostava de visitar!!
Eglantina

AS MINHAS FÉRIAS DE SONHO

A férias associo sempre viagens e todas me encantam - conhecer pessoas e lugares é para mim o supremo dos prazeres. 
Há, contudo, uma que foi um deslumbramento. Quando me reformei, fui à Índia e estive lá mais de um mês. Gente maravilhosa, um mundo que não podemos aferir com os nossos critérios de ocidentais, mas que me fascinou. A nível social contrastes gritantes, não tanto no Estado de Goa, mas noutros pontos da Índia que visitei. Nova Deli e Bombaim chocam um bocado. Sobretudo em Bombaim havia, na altura, 2 milhões de pessoas a viverem praticamente nas rua, nos passeios junto ao hotel mais luxuoso de Bombaim dormiam centenas de pessoas. Comparado com os outros Estados da União Indiana Goa é um paraíso. Nunca esquecerei o pôr-do-sol no Indico, as cores das redes de pesca - azul, anil, laranja, rosa- redes lançadas ao mar e depois puxadas com um esforço enorme e nós a vermos surgirem do mar aquelas cores maravilhosas, só rede, só rede, e lá no meio daquele extensão toda, meia dúzia de peixes que alegravam os olhos daqueles pescadores como se fosse um tesouro.
As feiras são outro mundo que não esquecerei nunca - os cheiros, todas as bugigangas, o sorriso dos vendedores. Estar na praia, e aproximarem-se lentamente uma ou mais vacas, numa comunhão perfeita com todo o ambiente.
Parte da minha estadia foi num aparthotel e outra na casa de uma grande amiga minha que recordo com muita saudade ( pensei sempre voltar à India, mas infelizmente a minha amiga Vera deixou-nos e agora dificilmente lá voltarei )
Em casa da Vera tudo era um deslumbramento, desde os vizinhos que nos tratavam como se fossemos de família, pequenos almoços fabulosos com papaia colhida no quintal da Vera ( nunca mais comi papaias tão saborosas!...) (...) os macacos, para grande arrelia da Vera, pois partiam as telhas do telhado...
Há também um episódio que não posso deixar de relatar e que diz muito da maneira de ser daquele povo. Ao longo de uma semana, tomámos regularmente um autocarro às 6 horas da amanhã num cais em Pangim, e todas as manhãs lá encontrávamos uma rapariga lindissima, de sari de cores lindas, a jogar à bola com os filhos, três miúdos lindos. Achando estranho a hora da brincadeira às 6 horas da manhã, comentei com alguém e fiquei a saber que eram sem abrigo, dormiam ali, acordavam cedo e brincavam alegremente como se vivessem num belo palácio...

77 palavras ( 14 vezes a palavra NÃO)

Não, hoje não faz tanto calor, não me apetece sair de casa. Como era dia da aula de poesia e conto, não podia faltar. Não sabia o que havia de vestir?! não vesti calças de ganga,  não aguentava tanto calor! 
Já ia a meio do caminho, reparei que não trazia óculos escuros, não trazia caneta, não trazia bloco! Mas, não voltei atrás, já estava muito atrasada e não queria chegar tarde. Não é habitual eu chegar tarde!  

São Sebastião, 66 anos, Estremoz

AS FÉRIAS DA MINHA VIDA

Em jovem, com os meus dez, onze anos, comecei a ter umas férias que para mim se tornaram inesquecíveis.
Os meus tios António Alves e Maria Amélia, todos os anos iam passar férias com os filhos para a Serra d'Ossa.
A partir de certa altura, eu e as minhas irmãs começámos a ir com eles. 
Calcula-se a festa, cinco raparigas e um rapaz de idades diversas, mas bastante próximas.
A minha mãe mandava uma empregada connosco para ajudar a da minha tia.
Nós passávamos lá os três meses de Verão, 
íamos no princípio das férias regressando a casa no início das aulas. Desta maneira, tínhamos uma vida de princesas, porque podíamos fazer tudo o que nos apetecesse, pois a minha tia era uma pessoa já muito para a frente, naquela época. 
Não nos proíbia de nada, de maneira que calcorreávamos tudo por aquela serra acima , conforme nos apetecia.
A nossas casa era o Convento, onde hoje é o Hotel de S. Paulo. Os nossos quartos eram as celas dos frades e não raro passavam ratos pelas nossas camas. Calcula-se então a festa que nós fazíamos quando estávamos deitadas.
Tínhamos toda a zona envolvente baptizada.
Era o Lago a que chamávamos de Mãe d'Água, a Fonte do leão, era a Fonte da Saúde e a Fonte das Lágrimas, Pontal dos Lacraus, e a telha, mais tarde Fonte da Telha.
Tomado o pequeno almoço, lá íamos nós explorar tudo em redor: era S. Gens, S. Corvalho, Monte Virgem, Aldeia da Serra... parando mais tempo num pinhal que ficava perto do Convento,  onde passávamos o resto do dia, e aonde nos levavam o almoço, só regressávamos quase à hora do jantar.
Antes de jantar , quase todas as tardes subíamos até S. Corvelha de onde vínhamos cansadíssimos e capazes de banho e devorar tudo o que nos dessem para comer. Neste  tempo, era hábito as famílias irem para a serra, de modo que tínhamos sempre amigos e conhecidos, a maior parte de Évora.
Aos Domingos, tínhamos sempre a visita dos meus primos, irmãos e outros amigos.
Nos ábados à noite, lá íamos nós todos para a aldeia da Serra onde fazíamos bailes no pátio do sr Torgal , na varanda da Josélia ao som do harmónio do Sr Galito que tocava sempre igual, era vira o disco e toca o mesmo!e também de um gramofone antigo muito ronfenho.
Quando regressávamos ao Convento, já vinha tudo cansado porque ainda é um bom esticão!
Quando chegava Setembro, eu e a minha prima Maria Odete tínhamos alguma tristeza por não assistirmos às festas de Estremoz, sonhávamos que ouvíamos os foguetes, mas depois lá passava.
Não quero dizer que não tenha passado algumas férias agradáveis com a  família de depois formei, o meu marido e os meus filhos, mas estas férias que acabo de descrever nunca me saem da cabeça.
Há uns anos atrás fui de visita ao Convento de São Paulo, hoje hotel, e fiquei encantada e muito feliz por rever alguns dos sítios onde passei as melhores férias da minha vida

Adélia Alves Rebocho

Serra com o pico mais alto a 653 metros de altitude, situada entre Estremoz e o Redondo. Possui grande variedade de plantas e animais, como, por exemplo, a planta insetívora chamada orvalho-do-sol. Apesar da imensa plantação de eucaliptos que conheceu na década de 50 e após ter ardido, em 2003, continua a ser o pulmão de vários concelhos do Alentejo. É também o local onde se encontra, desde, 1182, o Convento de São Paulo.

DUAS MELGAS À CONVERSA

Era verão. A tarde estava bastante quente.
Sentei-me à sombra de uma parede velha e esburacada e pareceu-me ouvir conversa.
Apurei o ouvido e fui andando até ao sítio de onde vinha o som.
E com o que é que eu fui dar?
Com duas melgas que já não estavam lá muito satisfeitas uma com a outra, apesar de serem comadres.
Por sinal, uma era muito gorda e a outra era mesmo muito escanzelada. Dizia a magra:
- Oh Comadre, tu estás cada vez mais gorda, pareces uma bola, qualquer dia não te podes mexer, nem sequer voar!
-E tu? - diz a comadre gorda - estás tão esticadinha que daqui a pouco desapareces!
A magrinha, olhando-se toda vaidosa e já um pouco zangada, respondeu:
 - Pois é, tu só gostas de tirar o sangue àquelas senhoras todas anafadas que só se alimentam de bons bifes, batatas fritas , ovos estrelados e muitos doces! Qualquer dia ouve-se  - PUM! e dizem as tuas amigas: Foi a gorda que rebentou!!
E continuou dizendo: - Fazes uma alimentação errada ao aterrares só nos gordos, enquanto eu, que só pouso nos nobres de sangue azul, eu mantenho-me sempre elegante. Até estou a pensar fazer uma passagem de modelos com as minhas asas todas enfeitadas. E vou dizer-te um segredo: Sangue azul não engorda, pois eles têm uma alimentação cuidada e fazem grandes dietas, andam sempre em Spas e nas festas dos croquetes. São os chamado Get Set. Se quiseres eu ensino-te onde eles estão, e começas já a beber-lhe o sangue, vais ver que num instante ficas elegante como eu.!!
A gorda aproveitou o conselho e dentro de pouco tempo parecia gémea da comadre, tal era a elegância que conseguiu alcançar!
Daí em diante, as duas comadres nunca mais discutiram por causa da elegância, pois sabiam bem onde deviam pousar...

Adélia Rebocho   11/6/2014

77 PALAVRAS ( 14 vezes a palavra não)

Não gosto de dias cinzentos, tristes. Dias assim não alegram. Logo pela manhã, não apetece levantar. Que é que vou fazer num dia sem sol? Não sei!
Apesar de não me apetecer, levanto-me.
Tomo banho, arranjo-me, em seguida saio, tenho que fazer compras. Não tenho pão, não tenho queijo, não tenho manteiga, não tenho leite, não tenho nada para comer.
Não encontro ninguém, não falo.
Afinal não tomo pequeno-almoço; Vou ler um livro que não acabei!!

Adélia Alves, 79 anos

77 PALAVRAS SEM A LETRA A

Hoje vou ler um livro que me ofereceu o meu filho. É um belo livro que se lê com muito gozo, pois nele se vê onde é que se pode ir com muito pouco esforço, pois o herói, do mesmo, conseguiu ir de encontro do que sempre desejou. Foi o primeiro homem que correu o mundo inteiro e ficou no Guiness,  com muito desejo de vencer no mundo de modelo . Começou com pouco e findou com muito. 

Adélia Rebocho  79 anos