OS NOSSOS ESCRITOS

TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS ELABORADOS PELAS ALUNAS DA DISCIPLINA
POESIA ELABORADA PELAS ALUNAS
POESIA, CONTOS E OUTROS TEXTOS TRABALHADOS NA AULA
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quarta-feira, 11 de junho de 2014

RAINHA SANTA

RAINHA SANTA ISABEL


Ó minha terra bendita
Cada vez estás mais bonita
Estremoz que nos encanta
E vou dizer sem receio
Que o meu maior enleio
Foi esta Rainha Santa


Regaço cheio de rosas
Que aquelas mãos formosas
Com tanta arte as moldou
Lembrando essa lenda antigas
Que foi milagre há quem diga
O santo pão transformou

Com o teu manto real 
Maravilha sem igual
És o símbolo de bondade
Vem espalhar as tuas rosas 
Cheias de bênçãos ditosas
Pela nossa linda cidade


Lúcia Cóias


A CEIFEIRA

CEIFEIRA


Mote
Ceifeira do coração
Quem te fez assim tão bela
Com amor ceifas o pão
Em cada espiga singela

I
Sais da charneca a cantar
E ao som da tua canção
Ceifando o trigo que é pão
Não vês o tempo a passar
ceifas até ao luar
É a tua condição
Sempre de foice na mão
Matas à noite os desejos
De quem te abraça com beijos
ceifeira do coração 

II
Tens a face tão morena
Nunca percas essa cor
Se julgas que é do calor
Não chores não tenhas pena
És trigueirinha e pequena
És mais linda que uma estrela
Tens mais brilho do que ela
E os teus olhos são risonhos
Ó ceifeira dos meus sonhos
Quem te fez assim tão bela

III
Ceifeira do Alentejo
Trabalhando ao sol ardente
Pareces sempre contente
tristeza nunca te vejo
Quem me dera dar-te um beijo
Com grande satisfação
mais outro e depois então
Com carinho e com ardor
Mesmo à força do calor
Com amor ceifas o pão

IV
Teu avental engraçado
Que a qualquer moço enleia
bordado à luz da candeia
De florinhas enfeitado
Com teu cantar magoado
Nessa boca de donzela
Olhas a seara amarela
Do trigo que é um tesouro
Grãos que significam ouro
Em cada espiga singela

SENHORA DA CONCEIÇÃO

Senhora da Conceição


Mote
Senhora da Conceição
teus olhos são claridade
Amamos-te com paixão
Protege a nossa cidade

I

Mãos erguidas junto ao peito
Como estando em oração
Tinha nas mãos um cordão
quem Te moldou desse jeito
mereces o nosso preito
Padroeira da Nação
Modelo de perfeição
Por todos És adorada
Por seres tão pura És chamada
Senhora da Conceição


II
Teu manto de lindas cores
Tem tal encanto e beleza
Simboliza a realeza
Digna de tantos louvores
Todos Te pedem favores
Gente de qualquer idade
Com Tua simples bondade
Os vais transmitindo a Deus
Do altar Olhando os Céus
Teus olhos são claridade

III

Do alto da Tua ermida
Do Teu lindo pedestal
Livras-nos de todo o mal
E Dás-nos sempre guarida
Vem alegrar nossa vida
Vem dar-nos trabalho e pão
Terás sempre gratidão
desta gente alentejana
E porque És nossa Soberana
Amamos-te com paixão 

IV

De Estremoz És Padroeira
Rainha de Portugal
Com teu jeito maternal
Faz-nos vencer a barreira
P'ra que a Tua gente obreira
possa ver na realidade
Património da Humanidade
Obras de lenda e encanto
E com o Teu divino manto
Protege a nossa Cidade


Lúcia Cóias
Concurso de Décimas para a Exposição dos Bonecos de Estremoz

PRIMAVERA

PRIMAVERA

Mote

Há perfumes de mil flores
Por toda a parte espalhadas
Primavera dos Amores
Doce rainha das fadas

I
As árvores já estão floridas
Nos jardins e nos pomares
E até nos nossos lares
Há primaveras garridas
Tão lindas tão coloridas
Dignas de grandes louvores
E há promessas de amores
mesmo há luz dos pirilampos
E nos nossos lindos campos há
Perfumes de mil flores

II

O teu rosto Primavera
Com esse lindo sorriso
É visão do paraíso
à luz de um sol de quimera
Ser como tu quem me dera
Com tuas faces rosadas
Lembras mouras encantadas
Dos tempos que já lá vão
E tuas imagens já estão
Por toda a parte espalhadas

III
Símbolo da Felicidade
Da Juventude e da Esperança
Pareces uma criança
Cheia de encanto e vaidade
Toda tu és mocidade
Com teu arquinho de flores
A maior entre as maiores
Tão bonita e tão prendada
Todo o ano és desejada
Primavera dos Amores

IV
Tu és a mais graciosa
Dos bonecos de Estremoz
Nas faces pões pó-de-arroz
E o vestido é cor-de-rosa
A tua boca formosa
Tem cantigas de alvoradas
Cheira a rosas perfumadas
Ó Primavera florida
Vem invadir-nos de vida
Doce rainha das fadas

Lúcia Cóias
Concurso de Décimas para a Exposição dos Bonecos de Estremoz

O AMOR É CEGO

O AMOR É CEGO

Mote
Quem diz que o amor é cego
Tem razão em o dizer
Em Estremoz eu não o nego
"Que ele é lindo de morrer"

I
Com tuas plumas reais
E o teu vasinho de flores
Ceguinho dos meus amores
És mais lindo entre os demais
Eu não me esqueço jamais
a verdade não renego
Que és o desassossego
Dos Bonecos de Estremoz
E que nunca cale a voz
Quem diz que o Amor é cego

II
Teu vestidinho amarelo
Que mãos de artista te fez
É certo que o não vês
Podes crer que é o mais belo
Também vives no castelo
E o nosso maior prazer
Que o mundo vás percorrer
E quando alguém diz com firmeza
Que és a nossa maior riqueza
Tem razão em o dizer 

III
A barra do teu vestido
É azul da cor do céu
Quem dera fosses só meu
Ó lindo e terno cupido
Com todo o teu colorido
És a felicidade e aconchego
Meu amor lá por seres cego
Eu não te queria dizer
Que tens vaidade em o ser
Em Estremoz eu não o nego

IV
Feito por grandes artistas
Tens um porte delicado
Por seres de barro e pintado
Por mãos sábias barristas
És vaidoso dás nas vistas
A quantos te querem ver
Ninguém mais te vai esquecer
Comigo vão concordar
E doidamente afirmar
"Que ele é lindo de morrer"

Lúcia Cóias
Concurso de Décimas para a Exposição dos Bonecos de Estremoz





ENTRE TANTAS OUTRAS, ESTA É UMA DAS MELHORES RECORDAÇÕES

Onze de Dezembro. A mãe fazia anos.
Os dois lindos filhotes, Paulo Jorge e Maria Cristina resolveram comprar uma linda prenda.
Lá foram ao mealheiro da Cristina que era quem sempre tinha algumas reservas do dinheiro que lhe davam, pois o Paulo estava sempre sem cheta, visto que todo o dinheiro que arranjava era para comprar livros do Tio Patinhas e outras bandas desenhadas que devorava avidamente, mesmo mal sabendo ler ainda. 
A Cristininha emprestava sempre, ou melhor, emprestadava, pois o Paulo nunca conseguia saldar a dívida.
Quando a mãe foi para o trabalho, com a conivência do pai, lá foram os dois petizes de mão dada percorrer todas as lojas até encontrarem o que queriam.
Sem que a mãe desse por isso, o pai escondeu o embrulho no carro.
Foi com enorme ansiedade que esperaram a hora do jantar para se cantarem os parabéns e apagar as velas que eram acesas sei lá quantas vezes!!
Sorrateiramente, as duas crianças foram buscar a prenda que estava escondida de baixo da cama do Paulo. Com alegria esfuziante e no meio de tantos beijos e abraços, ofereceram o presente à mãe dizendo: 
- " Mamã, aqui tens a tua prenda de anos! desculpa de ser pequenina, mas não tínhamos mais dinheiro!" 
Eles é que desfizeram o embrulho, rasgando o papel a toda a pressa. O que seria então o presente? Uma cadelinha com dois cachorrinhos de um plástico qualquer, e diz a Cristina que foi sempre mais tagarela que o irmão: - " Mamã, esta és tu e estes dois cãezinhos sou eu e o mano!" 
Foi uma alegria inolvidável que se viveu nesse momento!
Os três cãezinhos tiveram logo lugar de honra lá em casa onde permaneceram perto de quarenta anos. É uma vida, não é?
Agora, já comidos pelo tempo e por tantas festas de que foram alvo pelas duas crianças, estão guardados religiosamente dentro de uma gaveta. Mas, hoje, tiveram o privilégio de ver a luz do dia para assistirem à aula de Poesia e Conto da professora Zuzu.
Hei-los aqui.
 A PRENDA DE ANOS
Aqueles ternos e doces momentos, jamais sairão da memória de quem aqui com enorme saudade, vos contou esta linda história.


Proposta de trabalho: escrever sobre um objecto de estimação

11 Junho 2014

Lúcia Cóias



OS SÁBADOS PELA MANHÃ

MERCADO DE ESTREMOZ - DESENHO DE LUIS ANÇÃ

Aos sábados a nossa praça
Conserva inda aquela graça
Gente a vender e a comprar,
Alguns de rostos tristonhos
Mas aqueles mais risonhos
Só vão p'ra regatear.

Ponha a fruta mais em conta,
Não vê que assim não encontra
alguém que a queira levar?
Os morangos têm defeitos
não os vê quase desfeitos?
Ninguém os pode tragar!

Na barraca das farturas
São sempre as mesmas torturas
Filas fartas de esperar
Dê-me a vez oh vizinho
Qu'ê só quero um bocadinho
p'ró cafezinho tomar!!

Tem graça que ainda há alguém
Que veste o melhor que tem
Como era tradição 
O sapatinho mais fino
A mala mais o cestinho
P'ra ir dar ao lambarão

Mas há muitas senhorinhas
Todas muito aprumadinhas
Provando aqui e além.
Não tomaram o cafézinho
Mas lá um belo almocinho
No papo elas já têm!!!


JUNHO 2014

LÚCIA CÓIAS

DIA DA ÁRVORE

Nesta tarde radiosa
Eu quis plantar uma Rosa
Que há muito eu desejei
Mas plantei um alecrim
Uma oliveira e um jasmim
Com isso me contentei

Mulheres, homens e crianças
Encheram a Mata de Esperanças
Plantando árvores singelas
E foi assim festejado
Este dia abençoado
Das árvores que são tão belas

Tudo ali era harmonia
Em cada rosto alegria
Ao cavar a terra dura
Que cada gotinha de água
Venha sarar uma mágoas
De quem ali deu ternura

Com este gesto tão nobre
A Mata ficou menos pobre
E haverá mais felicidades
Amemos as árvores então
Lembremo-nos de que elas são
O pulmão da Humanidade.



22/Março/2014 ( dia seguinte ao Dia da Árvore)

Lúcia Cóias

A AULA DA ZUZU

À quarta- feira
A meio do dia
De toda a maneira
Se ouve poesia!

Chegar atrasada
Mostrar alegria
E escrever uma quadra
Isto é poesia!

Ouvir ler um conto
Com grande empatia
Pôr vírgula e ponto
É compor poesia!

Mostrar o cachecol
Que fez a Maria
Admirar o Sol
Pode ser poesia!

Trazer um cházinho
Mas que simpatia!
Fazer um bolinho
Que bela poesia

Falar-se do tempo
Que viveu um dia
Ler um pensamento
É linda poesia

Puxar a cadeira
P'ró pé da Maria
É uma maneira
De se ouvir poesia

Arrastar os pés
Pode ser mania
Mas de quando em vez
Ela faz poesia

Não somos patetas
Temos valentia
Sem sermos poetas
Fazemos poesia

Se ninguém viesse
Algures um dia
E a Zuzu dissesse:
" JÁ NÃO HÁ POESIA!!"


26/03/2014
Lúcia Cóias

DIA DOS NAMORADOS

Vem a Estremoz meu amor
Encanto dos olhos meus
E abraça-me com calor
P'ra beijar os lábios teus

Não te vás embora ainda
Fica, dá-me mais um beijo
Em Estremoz cidade linda
Do meu querido Alentejo

Vem comigo festejar
O dia dos Namorados
Em Estremoz vamos ficar
P'ra todo o sempre ligados

Eu queria cantar um fado
Que pena, não tenho voz
Dou-te um beijo de bom grado
Na cidade de Estremoz

Oh! que momento tão belo
Meu amor, minha riqueza
Anda comigo ao Castelo
Namoramos com certeza

Fui a Estremoz em passeio
Achei-lhe graça tamanha
Meu barquinho de recreio
Contigo andei no Gadanha

Fica em Estremoz meu amor
Cidade que nos encanta
Nela viveu e morreu
A nossa Rainha Santa

Deste-me o teu coração
Em troca eu dei-te o meu
Foi grande a nossa paixão
Em Estremoz levei-te ao Céu

Tenho-te amor acredita
Não sejas tão fatalista
Em Estremoz cidade linda
Tu foste a minha conquista.


14 Fevereiro de 2014

Lúcia Cóias

A GRANDE PERDA

A nossa casa, meu amor, a nossa casa
ficou ali, tão só e abandonada,
Como a ave que ao voar perdeu a asa
Assim me sinto eu desamparada

Parece que foi ontem, meu amor
No silêncio da santa noite estrelada
À tua espera com carinho e ardor
Que eu sentia os teus passos à chegada

De mãos dadas tu e eu tão pobrezinhos
Mas cá a riqueza de termos dois filhinhos
Dia a dia lá fomos labutando

Tão curto foi o caminho percorrido
Perdi-te para sempre meu querido
E agora vou sozinha mendigando

Poema escrito no Dia dos Namorados de 2014)
Lúcia Cóias


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A PORTA DA NOSSA CASA

Como seria aquela porta da casinha onde nasci, onde entrei e saí tanta vez, decerto pela mão da minha Mãe que mal conheci e de quem nem sequer o seu bonito rosto está gravado na minha memória?!
Seria uma porta larga, estreita, com batente de ferro ou uma mãozinha que trouxesse um som alegre ou, que sabe, um som pesado, anunciando a entrada para um lar sem amor e sem alegria? Não sei, nem quero lembrar. Recordo sim, e com saudade, uma porta castanha que tinha então a tal mãozinha pesada, com um som lúgubre que fazia eco.
De vestidinho preto e branco, cabelo cortado à " Beatriz Costa" , nela entrei pela primeira vez.
À entrada um átrio de tijolo já comido pelo tempo, seguido de uma enorme escadaria de mármore, que mais tarde eu esfregaria de uma ponta à outra, descalcinha ( aqui para nós, para mim era uma alegria!) até ficar um brinquinho.
Ao cimo dessa escadaria, outra porta. Essa sim, era a entrada de um convento, transformado em Asilo de Crianças Órfãs.
Uma sineta, anunciava alguém que pretendia entrar. Passados que foram uns tantos anos, ainda tenho a sensação do som dessa dita sineta que tanta vez tocou, anunciando a chegada daquela santa velhinha que era a minha Avó, quando me ia visitar.
Tantas e tantas portas tinha aquele asilo e todas elas saudosas e algumas tristes lembranças. Mas, aquela porta larga que nunca se fechava senão à noite, essa sim, era a porta que dava para o jardim da palmeira, o nosso recreio, onde eram esquecidos todos os sofrimentos, castigos, palmatoadas e outras coisas que nem é bom lembrar.
Era o sonho, a fantasia, a alegria esfuziante! Ora era médica ou enfermeira ou o doente que tinha ataques epiléticos e até o padre a pregar o seu sermão.
No bolso, andavam sempre à socapa as cinco pedrinhas para o jogo da china e, outras vezes, os grãos e os feijões mal cozidos, que eu escondia por não ser capaz de os comer. Ali, no terreiro ia-os espalhando um a um, às escondidas. Depois viriam as palmatoadas por causa das nódoas no bibe, mas isso, já era hábito.
As portas das salas de aula davam uma sensação de conforto! era bom aprender tudo! Ler, escrever, contar e sobretudo, bordar com linhas de tantas e lindas cores!
Por fim, passados tantos anos, chegou a hora de transpor definitivamente a tal porta castanha da entrada, a caminho da aventura, da liberdade, do medo e do desconhecido.
Olhos em frente, o coração palpitante mas, uma força enorme de vencer na vida e, por fim, um grande amor, cujos frutos são hoje a razão do meu viver.

Aula de Poesia e Conto, Academia Sénior de Estremoz Junho 2013

Lúcia Cóias