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sábado, 5 de março de 2016

O AVÔ E O NETO

A gravura tinha um rapaz e um homem mais velho sentados em amena conversa com um semblante muito alegre.
Sem mesmo ver a gravura escrevi isto muito à pressa durante a hora de almoço para entregar na aula da Zuzu:

-Nem calculas como fiquei contente por te conseguir encontrar! Foi talvez melhor que me ter saído a sorte grande!
-Também eu avô ! Deixou-me era eu ainda um gaiato e nunca mais tivemos notícias suas.
-Sabes lá a minha vida! Saí daqui como já deves saber porque não me conseguia         governar. O lavrador que algumas vezes me deu trabalho tratava-nos pior que escravos. Ainda o sol não tinha despontado já lá estávamos a trabalhar no duro e só com uma pequena pausa para comer umas sopas que sonhavam com o azeite. Depois novamente ao trabalho até que o sol desaparecesse no horizonte e já não conseguíssemos fazer mais nada.
-Isso era na herdade do D. João, não era? A minha mãe falava-me muito nele e da maneira como a explorava a ela e a todas as companheiras.
Mas porque é que nunca mais nos disse nada?
-Quando daqui fui a minha vida também não foi um mar de rosas. Penei e corri muito até endireitar a minha vida. Tinha vergonha que na aldeia soubessem o que eu estava passando.
-Ó avô, o que nós queríamos era saber de si. Até pensámos se não teria morrido.
-Credo filho! Felizmente não foi esse o caso.
-Então porque não dava notícias?
-olha, quando consegui endireitar a minha vida escrevi várias cartas mas todas foram devolvidas. Assim passou algum tempo até que, já muito apoquentado resolvi escrever para a ti Zefa do Caco, que me   o que fora feito de vocês que nunca mais tinha tido notícias.
-Mas então porque é que ela não nos disse nada?
-Ó filho, o meu desgosto quando ela me mandou dizer da morte da tua mãe!
-Calculo. Tanto que o avô gostava dela!
-Se gostava! Ela foi a filha que nunca tive. Vi-a nascer e nesse mesmo
 dia ficar sem a mãe que morreu de parto . Acontecia muito naqueles tempos. Ajudei como pude na sua criação e ela pagou com amor o amor que eu lhe tinha.
Quando tu nasceste foste o meu primeiro e único neto.
-Já eu andava na escola quando os gaiatos me disseram que o avô não era o meu avô verdadeiro. Tive cá um desgosto! Fugi da aula e só me apanharam já era noite com toda a aldeia à minha busca.
-Mas a Zefa também me disse que tu tinhas tinhas saído para o estrangeiro e nunca mais souberam de ti.
Foi-me impossível encontrar-te e Deus sabe o que sofri.
- Tenho muita pena avô, mas também eu me vi obrigado como muitos dos meus colegas de curso a sair do país.
Foi uma alegria enorme, quando aqui cheguei depois de tanto anos por fora, saber que o avô tinha regressado à aldeia. Corri logo para aqui para lhe dar aquele abraço apertado tanto tempo adiado!

Maria Helena Alves