OS NOSSOS ESCRITOS

TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS ELABORADOS PELAS ALUNAS DA DISCIPLINA
POESIA ELABORADA PELAS ALUNAS
POESIA, CONTOS E OUTROS TEXTOS TRABALHADOS NA AULA

sábado, 25 de janeiro de 2014

O SOTÃO

Do sotão da minha casa não vou falar porque estou zangada com ele, porque deixa passar a água para o quarto e para a sala, sempre que me esqueço de mandar limpar as caleiras  que dão saída às águas da chuva.
Cave, não tenho.
Assim sendo, vou falar de três divisões da casa de meus pais que me deixaram muito boas lembranças.
No 1º andar, ficava o meu quarto que foi sempre utilizado por nós as três raparigas e era apelidado pelo 
" quarto delas". Apesar de sermos três, muitas vezes era usado por mais amigas e familiares. Nessas noites é que era festa e mal tínhamos tempo para a nossas conversas e brincadeiras.
Houve uma noite em que uma amiga acordou a dizer que estava cega. Só com o acender da luz é que se convenceu que tinha tido um sonho mau.
O nosso acordar era muito agradável ao som dos chilreios dos passarinhos que se albergavam na palmeira do quintal interior, para onde dava a janela do nosso quarto.
No rés-do-chão, as minhas lembranças vão para a casa de estar, que naquele tempo era conhecida pela casa da costura, pois era ali que estava uma máquina Singer ( que a minha mãe dizia ter custado 5$00 quando do seu casamento, no início do século XX). A máquina era usada por uma costureira, a Mila, que todas as semanas ia tratar das roupas da casa e daquela gente toda ( éramos 10 irmãos, os meus pais e uma empregada).
Que bom que era sentarmo-nos à camilha que tinha por baixo uma braseira de picão, à qual não tinhamos acesso para mexer, a minha mãe dizia que espalhávamos tudo e assim a fazíamos pagar.
Ali passávamos muitos momentos da nossa vida que eu sinto muitas saudades. O lanche às 5 horas da tarde, na camilha com toalha de tecido, onde apareciam as melhores iguarias, chá, pão, manteiga, queijo do Alentejo, marmelada e compotas e  bolos secos feitos pela minha mãe
Mais tarde, foi utilizada pelos nossos filhos que gostavam muito de ir para casa da avó para dormirem com a Quiquica, e comerem bolachas que estavam guardadas num armário de parede, de grandes portas de madeira, na casa do fundo, onde se passava a ferro e havia uma grande arca, de onde todos os carnavais, saíam os mais diversos fatos para nos mascararmos.
Ao lado da sala de estar, ficava outra divisão, o escritório, onde passávamos muitos bons momentos. Aí nos juntávamos com primos, primas , os gémeos e mais amigos, púnhamos o rádio a tocar e fazíamos os nossos bailes caseiros.
Era para aí que a minha mãe me mandava estudar, e de onde eu saía passados 5 minutos, dizendo que já sabia tudo.
Nesta divisão havia um armário alto, com várias prateleiras ocupadas por livros do meu Pai, como A Volta ao Mundo em 80 dias, de Júlio Verne, e muitos outros de que não me lembro o nome  e os livros da minha Mãe, os da colecção Azul e da Corin Tellado, muito na moda naquela altura. Estes livros eram oferecidos pela minha cunhada Romana, filha do dono da Editora Romano Torres. Passados anos, quase não existiam nenhuns pois tinham desaparecido nos empréstimos. 
Tenho ainda bem viva a memória de ver aquela divisão às escuras, à noite, e o meu pai com os velhos amigos a ouvirem notícias da BBC com todo o cuidado e em silêncio, não fossem descobertos pela PIDE.


Adélia Alves Rebocho , Academia Sénior de Estremoz, Aula Poesia e Contos

AMAR SEM OLHAR A QUEM

Não pretendo ser poeta
Mas gosto de fazer versos
Sinto-me às vezes pateta
Se abordo temas diversos

Há dias sem eu contar
Fui à Cerci de Estremoz
Desejei poder gritar
Fazer ouvir minha voz

Pois fiquei maravilhada
pr'a sempre irei recordar
Aprendi a lição dada
"É belo saber amar"

Fala-se de tudo um pouco
Diz-se mal de toda a gente
E há quem chame de louco
A quem ama o que é diferente

Tudo aponta o que acham mal
Ninguém louva o que vai bem
Que mundo é este afinal
Sem valorizar ninguém?

Dar amor dia após dia
Sem olhar à diferença
Não é loucura, é magia
De quem tem alma e tem crença

Esta é a ventura maior:
Em cada ser ver um irmão
É viver p'ra dar amor
É ser alguém de eleição.

Lúcia Cóias   Academia Sénior de Estremoz, Aula de Poesia e Contos

A JANELA DA MINHA VIDA

Quando eu era adolescente vivia numa quinta, com uma casa grande e tinha uma janela que era a minha preferida.
De lá tudo via: o pomar com as mais variadas árvores, a horta cheia de verde, o regato da água, onde os patos nadavam em fila como uma coluna militar, as galinhas a debicar, os cavalos a beber no chafariz, os pássaros a cantar be bum lindo jardim cheio de rosas e as mais variadas flores.
Mas o que eu mais gostava era da roseira ao pé da janela, com rosas cor de fogo e com um perfume que nunca mais encontrei noutra flor.
Tenho saudades desta janela, onde em noites de luar, também ouvia o belo canto do rouxinol. E tudo isto ao som da água corrente e cristalina da fonte.
Aquela janela era o meu mundo de paz e serenidade, ensinando-me a perceber como a natureza é bela.

ESTREMOZ CIDADE BELA

Estremoz é terra bela
De uma beleza sem par
Estremoz  enquanto puder
Sempre te hei-de cantar

1 - Nasceste num tremoceiro
Mas nasceste com amor
Tiveste a Rainha Santa
E D. Dinis, o Lavrador

ESTREMOZ
2- Tiveste o Silva Tavares
Que foi poeta, trovador
Tiveste o Tomás Alcaide
Que foi um grande tenor

3- Tens um belo Pelourinho
Que está no meio d'uma praça
Tens um belo jardim
E a Torre das Couraças

4- As tuas ruas estreitas
Estão no meio da muralha
Ó Estremoz, terra de encantos
Aos teus filhos nunca falhas

5-O Rossio Marquês de Pombal
É a sala de visitas
Tens o Lago do Gadanha
E a bela Fonte das Bicas

6- Tens umas lindas igrejas
Que são belos monumentos
E um castelo altaneiro
Que é abraçado pelos ventos

Eglantina 2011 Academia Sénior de Estremoz, Aula de Poesia e Contos