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sexta-feira, 13 de junho de 2014

Despir este corpo, envelhecido

Despir este corpo, envelhecido
Quem me dera a mim, mãe, ser capaz
Vesti-lo depois, rejuvenescido,
Pernas ágeis, fortes e olhar sagaz
O corpo em que eu tinha vivido
Há tantos, e tão poucos anos, atrás
É que este meu corpo, tão usado,
Não que me desgoste o seu aspecto,
Gorducho, engelhado e pesado
Que se sente bem, quedado quieto,
E mal o obrigo a um esforço
Range, dói e dobra-se pelo dorso
Pois, este não me quer acompanhar
E eu preciso de correr, saltar…
Queria escancarar a janela
Saltar cá para fora por ela,
Correr descalça sobre a papoila
Sobre o lírio de tinta lilás
Como dantes fazia, em moçoila,
Mas, neste corpo, já não sou capaz!
Porque não percorrer este jardim
Que a Natura brotou para mim?
Nadar no rio de Céu espelhado
Saltar as sebes de pedra cinzenta
Correr atrás dum cavalinho alado
Sujar os pés na argila magenta
Porque não tenho eu, um corpo assim?
A imagem que vejo reflectida
No lago espelhado do jardim
Não tem a energia e a vida
Que eu preciso e sinto em mim
Georgina Ferro