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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A JANELA


Estive há dias a almoçar em frente da casa onde vivi com os meus pais. Que vontade enorme de bater à porta e entrar... Sei que por dentro sofreu grandes remodelações mas por fora conserva exatamente  o mesmo aspeto. As janelas foram raspadas, deixando ver as madeiras. Que saudades daquelas janelas cada uma me recordando momentos da minha vida por vários motivos.
Cá em baixo a janela da casa de estar. Aí a minha mãe e a costureira
aplicadas à costura que nunca se dava acabada dado que toda a nossa roupa, inclusíve a interior , era feita em casa. Lembro que, ainda com claridade do dia,  já a minha mãe se levantava para fechar as portadas. Era sagrado!
Ao lado a janela do escritório essa sim que me traz grandes recordações ...
Era a janela do namoro. Muitos serões ali passámos em conversas tolas como serão as de todos os namorados aproveitando o tempo de estarmos juntos.
No primeiro andar, outra havia que nós usávamos muito. Era a janela do quarto do tio Chico. Disse que usávamos muito mas era preciso que a minha mãe não estivesse por perto... Do outro lado das Portas de Santo António havia uma travessa onde ficava a casa da D. Belmira que era a matrona de um Bataclã muito frequentado. Por vezes entretínhamos a ver passar a freguesia e já íamos conhecendo alguns mais habituais.  Só isso bastava para minha mãe achar talvez que fosse a nossa perdição. Nunca percebi muito bem que mal nos fazia assomarmos aquela janela. A casa não se conseguia avistar dali e  nunca vi  a D. Belmira ou alguma das suas trabalhadoras...
Do outro lado da casa, dando para o jardim estava o quarto do Sr. Aníbal.
Antes da permissão de namorar no rés do chão, era aqui que, tal Zequinha e Lelé, se gritavam umas palavras que nem sempre seriam ouvidas na perfeição.
Não sei porquê, o meu pai mandou pôr umas ameias por cima dessa janela onde  subia uma trepadeira de florinhas brancas e que  lhe conferia uma certa graça.
Acabei por falar não de uma mas de várias janelas que, de alguma maneira, marcaram a minha adolescência.