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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

OS CORREDORES

Quando aos 6 anos e tal fui para casa dos meus pais  ( antes  vivera em casa dos meus padrinhos), já não tinha idade para andar em correrias pelos corredores.  Tínhamos um enorme corredor para onde davam quatro das divisões da casa. Quando os netos se juntavam, aí sim corriam por ali fora até que a avó, que nunca gostou de grandes confusões, os punha a ir correr para a horta onde não faltava espaço. Isto repetia-se todos os domingos em que, casados e solteiros com os filhos atrelados, se juntavam para o almoço e jantar da semana. Era cá uma mesa! Era comum haver dezanove ou vinte pessoas à mesa.
Raros foram os irmãos que ali não se casaram. Os dias que antecediam o casamento eram de grande trabalho e a maior parte dos doces corriam por nossa conta minha, da Adélia e talvez da Olga mas já não me lembro bem.
No dia propriamente dito, a casa, embora enorme, mal continha a família que não era pequena e os convidados. O corredor aí dava uma grande ajuda  para albergar tanta gente principalmente as crianças que não estavam de todo interessadas no banquete. E as corridas e gritos que naquele dia eram permitidos ecoavam pelo corredor fora.
Ao  fundo havia  uma porta que dava para a horta. Por aí nos escapulíamos todos os dias só regressando para as refeições. Logo à entrada   o primeiro tanque, o mais pequeno dos três, onde se lavava a roupa. Aí subíamos para alcançar os paus que sustinham a parreira onde nos balouçávamos .Era o nosso trapézio... Lembro com se fosse hoje a queda que dei , estatelando-me de costas nas lajes que havia por baixo. Ainda hoje me pergunto se não foi essa causa das dores que tenho nas costas. Naqueles tempos nem nos podíamos ir queixar quanto mais tirar radiografias...
Mas estou a afastar-me do assunto que aqui me trouxe.
Voltemos ao corredor: tínhamos um lindo e gordo gato cinzento que entrava em casa sempre que lhe apetecia. Aprendeu a abrir a porta encostando a pata ao batente e, assim não incomodava ninguém... Boas recordações do meu amigo Vencedor...
Lembro também um grande temporal em que o S. Pedro foi mais que generoso a mandar uma chuvada torrencial. Embora a porta estivesse fechada entrou por ela uma enxurrada que não tinha fim. Muitas horas andámos de baldes e pás até darmos a tarefa por terminada . Parecia um rio pelo corredor fora... Não sei porquê mas é uma das coisa relacionadas com aquela porta do fundo que muitas vezes me vem à memória.
Falei do corredor do rés do chão que era o único que existia quando cheguei a casa dos meus pais.
Éramos 10 irmãos, os meus pais e, mais tarde, o meu tio Chico.
A casa tornou-se muito pequena e o meu pai resolveu construir um primeiro andar onde se repetiam todas as divisões do rés do chão.
Lá estava o novo corredor para onde davam todos quartos dos filhos. O dos pais e, mais tarde do tio Chico, estavam à parte , com vista não para o mar mas para a rua. Recordo mais este corredor. Por ele dava entrada no meu quarto todas as noites ou deixando de o ver por muitos dias a fio porque estava doente o que era muito frequente. Como estava no primeiro andar ficava longas horas sozinha...
Dali também chegava aos quartos dos meus irmãos frequentando mais o do fundo que era o do Aníbal e de cuja janela se namorava. O Aníbal tinha uma boa e farta biblioteca de que eu li quase todos os livros. Agora tenho muitas saudades destes corredores e de toda a casa em geral. Dava tudo para lá entrar mas parece que a nova proprietária já esqueceu o jantar que me prometeu quando lhe vendemos a casa. O jantar dispensava-o desde que me deixasse entrar
E ACABOU-SE QUE JÁ SE VAI FAZENDO TARDE!!!