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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A PRIMEIRA VEZ QUE ME PERDI


Em criança não me lembro de alguma vez me ter perdido. Antes de ir para a escola primária só saía de casa acompanhada pelos meus padrinhos esceção apenas para as fugidas a casa do meu amigo Carlinhos que morava a poucos passos da minha casa.
Quando comecei a frequentar a escola, já em casa dos meus pais, ia sempre sozinha embora quase tivesse que atravessar Estremoz. Bem diferente do que acontece agora com as crianças a serem acompanhadas quatro vezes por dia e, maior parte deles, de popó.
Conhecia bem toda a cidade e não havia hipótese de me perder.

Já adulta fui estudar para Évora e, aí sim, inúmeras vezes me perdi. Sempre que me afastava do trajeto habitual, desorientava-me e passava a chatear de minuto a minuto quem por mim passava. Muitas vezes fui parar ao outro extremo da cidade. Ainda hoje, não obstante lá ter passado dois anos,  muitas das vezes que vou a Évora, lá estou eu a perguntar às pessoas como chegar ao local onde quero ir...
Uma vez fui com a Ana Maria Albardeiro a uma ação de formação na Escola do Magistério Primário. Durou mais tempo que o previsto e, quando saímos, já era tarde da noite. Dirigimos-nos para o carro mas, onde estava ele? Nenhuma de nós fazia a menor ideia e ali nos pusémos a andar à toa na esperança de o avistar ou que ele viesse ter com a gente...
Começámos a perguntar a quem passava numa Évora quase deserta àquela hora.
A Ana só dava uma pista: tinha avistado uma palmeira quando estava a estacionar o carro. Lembro-me de termos encontrado um grupo de raparigas que nos indicou um caminho. Fartámo-nos de andar e chegámos por fim à rua indicada e lá se perfilava uma enorme palmeira, mas não era a nossa palmeira!

Em criança não me lembro de alguma vez me ter perdido. Antes de ir para a escola primária só saía de casa acompanhada pelos meus padrinhos esceção apenas para as fugidas a casa do meu amigo Carlinhos que morava a poucos passos da minha casa.
Quando comecei a frequentar a escola, já em casa dos meus pais, ia sempre sozinha embora quase tivesse que atravessar Estremoz. Bem diferente do que acontece agora com as crianças a serem acompanhadas quatro vezes por dia e, maior parte deles, de popó.
Conhecia bem toda a cidade e não havia hipótese de me perder.

Já adulta fui estudar para Évora e, aí sim, inúmeras vezes me perdi. Sempre que me afastava do trajeto habitual, desorientava-me e passava a chatear de minuto a minuto quem por mim passava. Muitas vezes fui parar ao outro extremo da cidade. Ainda hoje, não obstante lá ter passado dois anos,  muitas das vezes que vou a Évora, lá estou eu a perguntar às pessoas como chegar ao local onde quero ir...
Uma vez fui com a Ana Maria Albardeiro a uma ação de formação na Escola do Magistério Primário. Durou mais tempo que o previsto e quando saímos já era tarde da noite. Dirigimos-nos para o carro mas, onde estava ele? Nenhuma de nós fazia a menor ideia e ali nos pusémos a andar à toa na esperança de o avistar ou que ele viesse ter com a gente...
Começámos a perguntar a quem passava numa Évora quase deserta aquela hora.
A Ana só dava uma pista: tinha avistado uma palmeira quando estava a estacionar o carro. Lembro-me de termos encontrado um grupo de raparigas que nos indicou um caminho. Fartámo-nos de andar e chegámos por fim à rua indicada e lá se perfilava uma enorme  palmeira mas,  não era a  nossa  palmeira ...
Cansadas,  já desesperadas, ali ficámos sem saber o que fazer quando por nós passou um carro que,  depois de abrandar,  começou a entrar num portão no fim da rua. Era a nossa última esperança pois já não se via vivalma. Corremos rua fora e chegámos mesmo no momento em que o portão ir ser fechado. Voltamos a dar a nossa única referência mas o senhor, muito amável,  disse-nos que precisava de mais alguma pista. Aí a Ana, espremendo ao máximo os seus neurónios, lembrou que tinha visto no chão umas riscas, talvez nas próprias pedras da calçada. O homem, decerto grande conhecedor da cidade, reconheceu logo o sítio de que falávamos.
Era no outro extremo da cidade e tinha sido noutros tempos a praça. Os riscos no chão seriam as marcações para os tabuleiros. Meteu-nos no carro e ele mesmo nos levou até lá.
Fartámo-nos de agradecer mas, quando a Ana estava ainda estava tentando ligar o motor, avistámos uns faróis que vinham na nossa direção. Era o nosso'amigo' que nos disse ter ficado  muito apoquentado por ter deixado duas meninas sozinhas àquela hora da noite.
Vinha então com uma proposta: tinha uma casa onde recebia raparigas e nós podíamos lá ir dormir e partir depois de manhã. No primeiro instante ainda pensámos que a oferta poderia não ser muito honesta mas, mesmo assim, agradecemos mais uma vez a sua amabilidade.
Pelo caminho, já mais descansadas, reconhecemos a simpatia  e extrema amabilidade deste homem que por duas vezes atravessou a cidade adiando a sua hora de descanso para socorrer duas desconhecidas.
São estas e muitas outras que já me aconteceram  que me fazem ter confiança no ser humano e esperança que o mundo, no futuro, possa ser melhor.


-Milena Falcato