OS NOSSOS ESCRITOS

TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS ELABORADOS PELAS ALUNAS DA DISCIPLINA
POESIA ELABORADA PELAS ALUNAS
POESIA, CONTOS E OUTROS TEXTOS TRABALHADOS NA AULA

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A ÚLTIMA AULA

A ÚLTIMA AULA

Foi na passada 4ªfeira que o grupo teve a sua última aula de poesia e contos. Organizada pela tia Adélia fomos dar a aula na nova Pastelaria que abriu em Estremoz e que tem como proprietária a D. Laura, também ela uma amante da poesia, na rua da antiga Loja do Primo Prudêncio e da ainda Papelaria Aníbal. 
Tínhamos à nossa espera três mesas redondas, com toalhas brancas e aí começámos por ler poemas da D. Laura e depois lemos alguns dos textos que fizemos sobre vários assuntos (sobretudo A PORTA)  que tanto prazer deu a escrever a cada uma de nós. 
Fazendo o balanço deste ano lectivo em que se iniciou a disciplina Poesia e Contos, foi para mim e penso que para as alunas que a frequentaram muito proveitosa e sobretudo o ambiente descontraído e onde cada uma de nós podia expressar as sua s ideias, foi espetacular.
Falámos e lemos muitos textos de vários autores como Sebastião da Gama, que está muito ligado a Estremoz e várias alunas conviveram com ele e cimentaram uma amizade com ele, lemos Miguel Torga, poemas e contos, lemos Italo Calvino com os seus contos de Palomar e de Marcovaldo e muitos mais autores portugueses e estrangeiros que nos deram imenso prazer em ler e conversar sobre a sua escrita.
Um dos pontos altos foi a nossa partição na sessão de 24 de Abril na Biblioteca Municipal de Estremoz, onde todas lemos vários poemas e textox relacionados com o 25 de Abril de 1974, tanto de autores conhecidos, como textos feitos pelas próprias alunas.
Não posso deixar de agradecer a quem sempre participou e colaborou nas aulas, pois para mim, foi um enorme prazer a partilha que se gerou nas aulas.

Fim do ano lectivo

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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Lembrar Abril na biblioteca Municipal de Estremoz

quarta-feira, 22 de maio de 2013

ITALO CALVINO

 
 
Italo Calvino

Jornalista, contista e romancista italiano, Italo Calvino nasceu a 15 de outubro de 1923 em Santiago de Las Vegas, na ilha de Cuba. Ainda criança acompanhou os pais na sua mudança para São Remo, em Itália.
Em 1940, e em consequência da deflagração da Segunda Guerra Mundial, Calvino foi recrutado para a Mocidade Fascista, mas desertou pouco tempo depois, refugiando-se nas montanhas da Ligúria, onde se juntou à Resistência Comunista.
Pôde, no entanto, ingressar no curso de Literatura da Universidade Turim em 1941 mas, e com uma passagem pela Real Universidade de Florença, conseguiu licenciar-se após a guerra, em 1947. Nesse mesmo ano publicou o seu primeiro romance, com o título Il sentiero dei nidi di ragno (1947). A obra remetia para as suas experiências enquanto ativo da resistência italiana e foi bem acolhida pela crítica, sobretudo devido aos trejeitos que Calvino dava à narrativa.
Em 1949 publicou uma coletânea de contos, também dedicados à problemática de guerra, que haviam aparecido em publicações periódicas. A colaboração de Calvino com a imprensa havia começado em meados de 1945, no jornal comunista L'Unittá, prosseguindo em títulos como Il Garibaldino, voce della Democracia e La Republica.
Após a publicação de Il visconte dimezzato (1954), o autor abandonou o tema da guerra recente, preferindo o absurdo e o fantástico ao neorrealismo com que havia pautado o seu trabalho. A obra, que inaugurava uma trilogia também composta pelos volumes Il barone rampante (1957) e Il cavaliere inesistente (1959), e que causou fortes polémicas no seio do Partido Comunista Italiano, contava a história de um homem mutilado por uma bala de canhão durante a tomada de Constantinopla.
Calvino procurava assim demonstrar o seu desagrado perante o partido, que abandonou após os acontecimentos da primavera de Praga. Sentiu que o seu esforço literário era mais necessário na imprensa, pelo que se passou a concentrar mais na carreira como jornalista do que como romancista.
Em 1959 viajou pelos Estados Unidos da América, formulando um contraste com a sua visita à União Soviética em 1952. De regresso, começou a editar a revista Il Menabó Di Letteratura, em colaboração com Elio Vittorini. Mantendo sempre um olhar crítico sobre a sociedade, entrelaçada na consciência individual e na inércia dos eventos históricos, publicou Marcovalco (1963), uma coletânea de fábulas em que criticava o modo de vida das cidades, destrutivo e vazio. Marcovalco era apresentado como um homem de família sonhador que, permanecendo na sua cidade durante o mês de agosto, quando todos os outros habitantes partiram para férias, o seu descanso ser interrrompido por uma equipa de televisão que o quer entrevistar, precisamente por ter sido o único a renunciar às estâncias balneares.
Em 1972 publicou Le Cittá Invisibli, romance em que o lendário explorador Marco Polo se dedicava a contar histórias de cidades fictícias para o divertimento de Kublai Khan, e que valeu ao autor o conceituado Prémio Felrinelli. A sua obra mais conhecida, Se una notte d'inverno un viaggiatore (Se numa Noite de Inverno um Viajante) apareceu em 1979. Palomar (1983), descrevia as contemplações filosóficas de um homem aparentemente simples.
Italo Calvino faleceu a 19 de setembro de 1985, em Siena, vítima de uma hemorragia cerebral.

terça-feira, 5 de março de 2013

O GRITO


                                                               GRITO

O GRITO
Grito e gritarei as vezes que eu quizer

Por aqueles que têm fome e não têm pão

Grito,e gritarei quando puder

Por quem não pode suportar a solidão.

 

Grito, por quem sofre num leito de hospital

Sem alguém que lhe dê um carinho e atenção

Grito contra a força demoníaca do mal

 Pela falta de justiça e contra a corrupção.

 

Grito por aquele que desfalece a lutar 

E fica sem um tecto e sem abrigo

Grito, por quem os filhos não pode sustentar

E por aquele que se vê só, sem um amigo.

 

Grito, por aqueles que têm que emigrar

Deixando a Pátria que um dia os viu nascer

Grito porque levam o coração a sangrar

Deixando cá, os velhos pais a sofrer.

 
Grito, pelos idosos empurrados p’ra um lar

E vão esperando a morte em lentidão

Grito, porque em casa já não têm lugar

E o resto da vida vai ser só recordação.

 
Grito pelo nosso país sem solução

Pelo desemprego a pairar na sociedade

Grito, por aquele que chora com razão

Pelo ódio entre os povos, contra a desigualdade.

 
Grito, pela liberdade de expressão

Contra a ganância, contra a ânsia do poder

Grito, e gritarei do fundo do coração

Grito, e gritarei sempre, até morrer!

Poema de Lúcia Cóias          Fevereiro 2013

NÃO TE RENDAS MEU POVO


NÃO TE RENDAS MEU POVO

Não te rendas meu povo, não te rendas

Às mãos de quem te quer voltar a ver

Cativo e desgraçado não te vendas

Aqui, nada mais temos a vender

 

Não te cales meu povo, que a saudade

Já não pode roer dentro de nós

Se o teu punho constrói a liberdade

Levanta ainda mais a tua voz

 

Não te rendas meu povo, não te rendas

Já nos querem sós e divididos

Já nos querem fracos e calados

 

Não te rendas meu povo, não te rendas

Não te cales meu povo, não te cales

Quando nos quizerem já vencidos

Hão-de ter-nos de pé e perfilados

Não te rendas meu povo, não te rendas

 

Letra: Joaquim Pessoa

Música:João Fernando

sexta-feira, 1 de março de 2013

POEMAS SOBRE O 25 DE ABRIL

No dia 24 de Abril , vai realizar-se uma sessão na Biblioteca Municipal de Estremoz para comemorar o dia 25 de Abril de 1974. A Academia Sénior de Estremoz vai participar, por isso a disciplina de Poesia e Contos  fez uma recolha de poemas relacionados com esta data, tão importante para o povo português.
Escolhemos poemas de:

“Vejam bem”


Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar

Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar

E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de de febre a arder

Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
e não há quem lhe queira valer

Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
desbravando os caminhos do pão

E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vai
ninguém vai levantá-lo do chão



Zeca Afonso in Cantares de Andarilho (1968)

Publicado por bibliobeiriz em Abril 13, 2010
Um poema dedicado ao 25 de Abril
Antes e depois
Dias longos nostalgia
espelhada em cada rosto português
uma amargura que ainda hoje se vê
nos filhos dos filhos daquele tempo
que na flor da idade
iam para a guerra longe
sem saberem bem para onde
nem para quê

o horizonte europeu fronteira de Castela
estava bem fechado
ninguém saía nem entrava
pides guardas fiscais carabineiros
cerravam bem fileiras
disparando sobre quaisquer aventureiros
num Portugal amordaçado
sem liberdade nem pão nem educação

país arcaico empobrecido analfabeto
que sem tostão nem ganha pão
clandestinamente emigrava
fugir era o sonho ficar o pesadelo

na nossa própria casa aprisionados
na nossa própria casa condenados
degredo guerra pensamento censurado
um país grande em história
por décadas adiado

bravo foi o grito que soou
o sonho que chegou
“25 de Abril de 1974”
o meu país em festa

pontapé na guerra chuto nas masmorras
Portugal livre nas palavras
meu país velhinho a nascer de novo
os cravos eram as flores
a liberdade a esperança nova

Portugal respirava cantava renascia

a Europa aplaudia o mundo ansiava
o colonialismo acabava

hoje evocando aquela data
só lamento
o tempo perdido
as vidas ceifadas
a Pátria adiada para nada!

O poema faz parte de uma coletânea de poemas com o título "PORTUGAL PERIFÉRICO OU...O CENTRO DO MUNDO?", que pode ser visto e consultado no link da Editora:
Revolução — Descobrimento  
Revolução isto é: descobrimento
Mundo recomeçado a partir da praia pura
Como poema a partir da página em branco
— Katharsis emergir verdade exposta
Tempo terrestre a perguntar seu rosto
Sophia de Mello Breyner    in O Nome das Coisas, 1977

A farda dos homens
voltou a ser pele
(porque a vocação
de tudo o que é vivo
é voltar às fontes).
Foi este o prodígio
do povo ultrajado,
do povo banido
que trouxe das trevas
pedaços de sol.
Foi este o prodígio
de um dia de Abril,
que fez das mordaças
bandeiras ao alto,
arrancou as grades,
libertou os pulsos,
e mostrou aos presos
que graças a eles
a farda dos homens
voltou a ser pele.
Ficou a herança
de erros e buracos
nas árduas ladeiras
a serem subidas
com os pés descalços,
mas no sofrimento
a farda dos homens
voltou a ser pele
e das baionetas
irromperam flores.
Minha pátria linda
de cabelos soltos
correndo no vento,
sinto um arrepio
de areia e de mar
ao ver-te feliz.
Com as mãos vazias
vamos trabalhar,
a farda dos homens
voltou a ser pele.
Sidónio Muralha  Poemas de Abril. Lisboa : Prelo, 1974
Publicado por bibliobeiriz em Abril 15, 2010
Oh Abril!

Abril deu-me asas
e convidou-me a ouvir
baladas diferentes
Segui-o,
segui-o a pensar
que hei-de sempre
aprender
se for para a frente
Segui-o com a convicção
do poder
me contentar
com o que ele me quiser
prendear
porque o ouro já possuo
no meu coração.
Oh Abril Esperança,
que me leva a aventurar
Em céus
com as cores do arco-iris
Oh Abril, que abres as portas
dos lares solitários
e invades os jardins
com risos infantis
Oh Abril
o sol também brilha
na cabeça do velhinho
que aspira a um cantinho
numa janela adornada
de mangericos
para seguir a memória longínqua
Oh Abril, a brisa também
suave suspira
no doente
que adormece
sob o olhar quente
duma alma carinhosa
que ainda e crente
Oh Abril
se possível fosse
dar-te a mão
e levar-te aos carentes
aos famintos
aos sedentos
e fazer nascer jardins
e fazer jorrar a água
das fontes ressequidas
pelo mau tempo
erigia-te um templo.


Diana de Moura, Halifax, Canadá
email: diana@portugal-linha.pt