OS NOSSOS ESCRITOS

TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS ELABORADOS PELAS ALUNAS DA DISCIPLINA
POESIA ELABORADA PELAS ALUNAS
POESIA, CONTOS E OUTROS TEXTOS TRABALHADOS NA AULA

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A PRIMEIRA VEZ QUE ME PERDI


Em criança não me lembro de alguma vez me ter perdido. Antes de ir para a escola primária só saía de casa acompanhada pelos meus padrinhos esceção apenas para as fugidas a casa do meu amigo Carlinhos que morava a poucos passos da minha casa.
Quando comecei a frequentar a escola, já em casa dos meus pais, ia sempre sozinha embora quase tivesse que atravessar Estremoz. Bem diferente do que acontece agora com as crianças a serem acompanhadas quatro vezes por dia e, maior parte deles, de popó.
Conhecia bem toda a cidade e não havia hipótese de me perder.

Já adulta fui estudar para Évora e, aí sim, inúmeras vezes me perdi. Sempre que me afastava do trajeto habitual, desorientava-me e passava a chatear de minuto a minuto quem por mim passava. Muitas vezes fui parar ao outro extremo da cidade. Ainda hoje, não obstante lá ter passado dois anos,  muitas das vezes que vou a Évora, lá estou eu a perguntar às pessoas como chegar ao local onde quero ir...
Uma vez fui com a Ana Maria Albardeiro a uma ação de formação na Escola do Magistério Primário. Durou mais tempo que o previsto e, quando saímos, já era tarde da noite. Dirigimos-nos para o carro mas, onde estava ele? Nenhuma de nós fazia a menor ideia e ali nos pusémos a andar à toa na esperança de o avistar ou que ele viesse ter com a gente...
Começámos a perguntar a quem passava numa Évora quase deserta àquela hora.
A Ana só dava uma pista: tinha avistado uma palmeira quando estava a estacionar o carro. Lembro-me de termos encontrado um grupo de raparigas que nos indicou um caminho. Fartámo-nos de andar e chegámos por fim à rua indicada e lá se perfilava uma enorme palmeira, mas não era a nossa palmeira!

Em criança não me lembro de alguma vez me ter perdido. Antes de ir para a escola primária só saía de casa acompanhada pelos meus padrinhos esceção apenas para as fugidas a casa do meu amigo Carlinhos que morava a poucos passos da minha casa.
Quando comecei a frequentar a escola, já em casa dos meus pais, ia sempre sozinha embora quase tivesse que atravessar Estremoz. Bem diferente do que acontece agora com as crianças a serem acompanhadas quatro vezes por dia e, maior parte deles, de popó.
Conhecia bem toda a cidade e não havia hipótese de me perder.

Já adulta fui estudar para Évora e, aí sim, inúmeras vezes me perdi. Sempre que me afastava do trajeto habitual, desorientava-me e passava a chatear de minuto a minuto quem por mim passava. Muitas vezes fui parar ao outro extremo da cidade. Ainda hoje, não obstante lá ter passado dois anos,  muitas das vezes que vou a Évora, lá estou eu a perguntar às pessoas como chegar ao local onde quero ir...
Uma vez fui com a Ana Maria Albardeiro a uma ação de formação na Escola do Magistério Primário. Durou mais tempo que o previsto e quando saímos já era tarde da noite. Dirigimos-nos para o carro mas, onde estava ele? Nenhuma de nós fazia a menor ideia e ali nos pusémos a andar à toa na esperança de o avistar ou que ele viesse ter com a gente...
Começámos a perguntar a quem passava numa Évora quase deserta aquela hora.
A Ana só dava uma pista: tinha avistado uma palmeira quando estava a estacionar o carro. Lembro-me de termos encontrado um grupo de raparigas que nos indicou um caminho. Fartámo-nos de andar e chegámos por fim à rua indicada e lá se perfilava uma enorme  palmeira mas,  não era a  nossa  palmeira ...
Cansadas,  já desesperadas, ali ficámos sem saber o que fazer quando por nós passou um carro que,  depois de abrandar,  começou a entrar num portão no fim da rua. Era a nossa última esperança pois já não se via vivalma. Corremos rua fora e chegámos mesmo no momento em que o portão ir ser fechado. Voltamos a dar a nossa única referência mas o senhor, muito amável,  disse-nos que precisava de mais alguma pista. Aí a Ana, espremendo ao máximo os seus neurónios, lembrou que tinha visto no chão umas riscas, talvez nas próprias pedras da calçada. O homem, decerto grande conhecedor da cidade, reconheceu logo o sítio de que falávamos.
Era no outro extremo da cidade e tinha sido noutros tempos a praça. Os riscos no chão seriam as marcações para os tabuleiros. Meteu-nos no carro e ele mesmo nos levou até lá.
Fartámo-nos de agradecer mas, quando a Ana estava ainda estava tentando ligar o motor, avistámos uns faróis que vinham na nossa direção. Era o nosso'amigo' que nos disse ter ficado  muito apoquentado por ter deixado duas meninas sozinhas àquela hora da noite.
Vinha então com uma proposta: tinha uma casa onde recebia raparigas e nós podíamos lá ir dormir e partir depois de manhã. No primeiro instante ainda pensámos que a oferta poderia não ser muito honesta mas, mesmo assim, agradecemos mais uma vez a sua amabilidade.
Pelo caminho, já mais descansadas, reconhecemos a simpatia  e extrema amabilidade deste homem que por duas vezes atravessou a cidade adiando a sua hora de descanso para socorrer duas desconhecidas.
São estas e muitas outras que já me aconteceram  que me fazem ter confiança no ser humano e esperança que o mundo, no futuro, possa ser melhor.


-Milena Falcato

NATAL

24 de Dezembro

Véspera de Natal. Mal posso esperar.
Não sei porque gosto tanto do Natal. Talvez pela ceia, os doces, as prendas.
Cá em casa somos 10 irmãos . Só há prendas muito pequeninas e são só para as meninas.  Este ano somos só 3 que a Natália está em casa do tio Carreço.
Antes de virmos dormir lá alinhámos os sapatos na chaminé.
Avistámos no escritório uma grande caixa de cartão muito bem fechada mas tivemos medo de a abrir.
Subi de má vontade para o quarto com as minhas irmãs e preparo-me para uma noite sem sono.

25 de Dezembro

Nunca me vou esquecer deste Natal.
Depois de uma longa espera, alguma claridade assoma pela janela e diz-me que está a nascer o dia 25. Só aí temos ordem de descer até à cozinha. Acordo as minhas irmãs e precipitamo-nos escada abaixo, atravessamos o quintal (está um frio de rachar e nós em camisa de dormir...) e ali estão estão, alinhados na chaminé, 8 ou 9 sapatos todos com alguma coisa dentro:
Nos sapatos enormes dos meus irmãos há apenas umas cascas de laranja muito enroladinhas ou uns carvões roubados aos tições da lareira.
E nos nossos? Umas miniaturas de tabletes de chocolate num atado apertado por uma fitinha de seda colorida e uns brinquedos que nos enchem os olhos. Estava ali a explicação da caixa mistério. Brinquedos e jogos a que faltavam peças e que vêm da loja do meu tio Chico porque já não têm venda. Mas no meu sapatinho está mais qualquer coisa do que nas minhas irmãs.
O dono da farmácia Costa, que gosta muito de mim, deixou-me uma prenda de Natal.
Perante a inveja das minhas irmãs desembrulhei o pacote e de lá saíu a mais linda boneca que eu já vi.
Não cabia em mim de contente e durante todo o dia não mais a larguei.
Depois do jantar reunimos-nos todos à chaminé à volta do lume de chão. E lá estou eu com a minha prenda de Natal preferida. O quentinho da lareira sabe- me bem, aquece-me as faces. Embora proibida de o fazer, agarro a tenaz para mexer as brasas. Gosto de ver as fagulhas que se levantam logo que lhes chego. A minha mãe ralha, largo a tenaz e levanto-me. Um clarão enorme, chamas azul esverdeadas levantam-se e só após alguns minutos percebo que já não tenho boneca... Era de celulóide e bastaram uns segundos para ser consumida pelas chamas. Choro desesperada . Sei que por muitos anos que ainda viva, nunca mais terei desgosto comparado com este que estou sentindo agora.



-Milena Falcato

A ESCADA

Era bastante perigosa a escada que nos levava à rua. Tinha uns degraus muito altos e uma inclinação que a tornava difícil para minha idade e tamanho. Sempre que a descia ou era acompanhada ou ouvia uma série de recomendações que eu fazia por não ouvir pois já me achava muito crescida para ouvir conselhos.
Por ela descia todos os dias em que me conseguia escapulir para ir brincar com o Carlinhos, meu único amigo, que morava uns metros abaixo da minha casa. Era com grande alegria que galgava os degraus deixando para trás os gritos da madrinha que fosse devagar, que ia cair...
Pior era quando os subia de regresso pois quase sempre me esperavam uns açoites, bem merecidos por sinal porque, muitas vezes a mãe dele já se tinha   adiantado a vir contar à minha madrinha as asneiradas em que tinham terminado as nossas brincadeiras. Muito nos divertíamos nós e que saudades eu guardo do meu amigo Carlinhos...
Eu era sonâmbula e uma noite ouvi como se verdade fosse, a minha madrinha chamar-me e dizendo para me apressar para irmos sair.
Muito obediente desta vez, saí da cama, bem enrolada nos cobertores e dirigi-me para a escada. Ali chegada não existiram degraus e só me lembro de me --encontrar no patinho cá em baixo ainda com os cobertores atrás e os meus padrinhos de roda de mim muito assustados sem saberem como tinha eu ali ido parar. Valeram-me os cobertores que me fizeram escapar a resultados muito sérios ou até à morte. Um galarô que toda a noite cantou e por aqui se ficou a aventura sonambulesca...


-Milena Falcato

O MEU QUARTO

Não seria muito grande e, talvez por isso, sentia-me lá muito aconchegada.
O meu padrinho encomendou a um bom artista de Estremoz a decoração do quarto. Foi assim que eu fiquei com um quarto de sonho muito lindo .
Todas as  paredes ficaram repletas de figuras do Walt Disney em ponto grande. Miquey,  Donaldo e sobrinhos, Pateta, Popey e Margarida e mais alguns que não me lembra passaram a fazer parte das minhas noites.Foram todos os que lá couberam.
Ninguém tinha um quarto tão lindo como o meu!
Mesmo assim havia ocasiões em que eu detestava ficar no quarto. Era na hora da sesta que a minha madrinha me obrigava a dormir. Metia-me na cama e fechava a porta para eu não me escapulir.
Mas a necessidade é mestra de engenho! Depois de alguns minutos de silêncio e quando ela já me julgava ferradinha, abria as portadas da sacada, levava para lá alguns brinquedos e uma vez fora do quarto tornava a fechar as portadas e aí tinha pela frente uma bela tardada de brincadeira. Para melhor os meus vizinhos da frente que já sabiam que àquela hora eu estava em transgressão, metiam-se comigo e ajudavam-me também a passar melhor o tempo. Eu tinha que falar baixo não fosse a minha madrinha ouvir e descobrir a marosca.
   E ali ficava até que chegasse a hora de acordar e tudo era reposto pela ordem de partida:  brinquedos recolhidos, janela fechada e tornava a meter-me na cama até a minha madrinha chegar para me "acordar"...


-Milena Falcato

A CASA DE JANTAR

O coração da casa
Antes da construção do primeiro andar a casa de jantar era na divisão que fica agora debaixo da escada.Tinha três portas. Uma delas, grande e pesada, dava para o quintal e nem sempre estaria fechada pois tinha que dar serventia à cozinha. Vindo da rua, entrava-se primeiro numa pequena casa de entrada que dava diretamente  para a casa de jantar assim como o corredor e tudo isso junto tornava aquela divisão desagasalhada. Não consigo visualizar o teto antes da escada ser feita. Não admira pois pouco tempo lá vivi dado que, nessa altura, estava em casa dos meus padrinhos.
No entanto há uma recordação recorrente quanto a essa 'casa de jantar'.
Como já disse antes, vivi com os meus padrinhos até aos seis anos e meio, altura em que foram para Angola.
Todos os domingos o meu primo Constantino vinha levar-me de visita a casa dos meus pais. Na minha lembrança calhava sempre na hora de almoço. A mesa era enorme para dar assento a uma família numerosa como a nossa. Para além dos meus pais e nove irmãos havia sempre tios ou primos de Casa Branca ou amigos da casa.
Eu entrava e encostava-me timidamente à parede em frente da mesa , agarrava com muita força a mão do meu primo e dali não arredava um passo. É natural que tivesse que ir falar aos presentes mas, na minha imaginação, só me vejo como espetadora duma qualquer mesa de restaurante cheia de pessoas que não me diziam respeito e com as quais eu não tinha nada a ver. Como se ali não conhecesse ninguém. O que eu queria era libertar-me rapidamente daquela situação. Tornava e tornava a apertar a mão do Constantino e a puxá-lo até que atendendo à minha insistência lá começávamos as despedidas e mais uns instantes e estávamos fora e com tempo para ainda dar um passeiozinho antes de me entregar em casa.
Lembro- me que mais tarde tive alguma dificuldade em habituar- me a comer  naquela mesa cheia de gente e até a estar em família. Aquela não era a minha casa e as saudades do meu padrinho doíam ainda. Era uma filha única que de um dia para o outro tinha que aceitar 9 irmãos. Mas as crianças têm um grande poder de adaptação e depressa me senti integrada.
Lembro-me dos almoços de sábado em que as coisa se complicavam. Havia sempre família da Casa Branca: tia  Alice e marido (tinham lá o filho o meu amigo Constantino) , tia Bárbara, primo Perninhas, prima Florência             Marnoto que trazia um problema qualquer a resolver com um advogado e entre mais uns tantos a Maria  Amélia mãe da Zuzu. Era muito divertida mas ficava um pouco intimidada no meio de tanta gente. O Aníbal para a arreliar gritava-lhe lá do seu lugar: ri-te Amélia!!! E logo ela se escangalhava a rir e com ela toda a mesa.
Claro que nem todas as semanas se reunia tanto pessoal mas as refeições sempre foram uma festa. Sempre tivemos liberdade para rir e falar à mesa..
Uma vez que o primeiro andar foi construído, a casa de jantar passou para o quarto dos meus pais que era uma dependência maior. Aí já estava também o meu tio Chico que impunha ou queria impor algum respeito à mesa. Mais dois empregados da oficina que também lá comiam, a costureira, e os genros e noras e filhos que foram sugindo era sempre um banquete. Diz-se que onde comem dois comem três mas muito mais fácil é quando há quinze comerem vinte... Havia sempre comida que chegasse para mais quatro ou cinco.
O meu irmão mais velho andava a estudar em Lisboa e quando vinha gostava de pôr a escrita em dia como se diz e queria silêncio para se fazer ouvir.
  Um dia compraram para a oficina um engenho de furar. A Adélia deu-lhe no goto o nome do objeto e cada vez que eu lho dizia baixinho ou o Armando o mencionava desatava a rir. Tanto riu que ele sai furioso da mesa, agarra-lhe num braço e foi pô-la lá fora no quintal talbez com algum açoite à mistura...
Indiferente ao choro e gritos dela a bater com toda a força na janela, lá continuou tranquilamente a a perorar sobre o 'engenho de furar'...
Este é um episódio entre muitos, muitos outros passados aqui nesta casa de jantar.
Pôr aquela mesa era uma tarefa que levava algum tempo. Trabalhou lá em casa uma rapariga do campo que estava a servir  pela primeira vez. No dia da entrada ao serviço mandou-a a minha mãe pôr a mesa. Quase na hora de almoço a minha mãe vendo que ela nunca mais aparecia, gritou-lhe da cozinha:
-Floripes, já puseste a mesa? Ao que responde de lá:
-Aí senhora nã me entendi com isto. Olhe, eu pus tudo em riba e quem quiser que puxe!
E lá estava em cima da toalha, única tarefa que conseguira finalizar, três ou quatro rimas de pratos, uma grande porção de copos e um enorme monte de talheres à espera de quem os puxasse...
Ali casei eu, a Adélia, a Olga, a Natália, o Quím, o Dâmaso, o Jaime e a minha filha Guida. Nessas alturas a casa de jantar mostrava-se insuficiente e era preciso pôr algumas mesas noutras divisões para acomodar tanta família e convidados.
Que saudades das ceias de Natal e Consoada ali passadas!
Também recordo aquela mesa sempre posta todos os três dias de  Carnaval onde abancavam grupos de mascarados e não só, trazidos pelo Aníbal ou pelo Jaime.
Enfim, esta é realmente a divisão da casa que mais e melhores recordações me traz à memória.


-Milena Falcato

CORREDORES PESSOAIS

Tive alguma dificuldade em escolher a pessoa sobre quem iria escrever tantas foram as que passando pela minha vida muito me marcaram para o bem e para o mal.
Escolhi falar da D. Joana onde me hospedei na minha passagem por Évora.
O meu pai decidiu que as suas três filhas mais novas seriam professoras primárias como as do seu primo Paulo de quem era grande amigo.
Decidiu e não se admitiam dúvidas. Não havia nada que eu pudesse fazer.
Mesmo assim, resisti até ao fim.
De manhã a minha mãe mandou-me levantar para apanhar o combóio para Évora. Resolvi que não havia de sair da cama e quando ela me quis puxar agarrei a roupa e o colchão e foi tudo parar ao chão.
Não tive mais remédio senão despachar- me para chegar a horas. Durante toda a viagem chorei que me fartei...
Chegada a Évora, saí do combóio e ali estava eu com uma mala quase do meu tamanho e sem fazer a mais pequena ideia onde ficava a casa onde ia ficar.
Mal sabia eu o que me esperava! Na mala tinha metido apenas a roupa indispensável, ( só regressaria no Natal...) e dado que era uma leitora compulsiva, acabei de a encher com livros. Era uma mala enorme, de cartão e ninguém faz uma ideia como pesava. Pus-me a caminho perguntando a quem passava como se ia para a Zona de Urbanização número 1. Muito raramente lá havia alguém que conhecia, talvez por morar para aqueles lados...
Com os livros a mala tinha ficado pesadíssima e não sei como consegui chegar a casa com ela.
A dona da casa, a D. Joana Cabeça dos Reis, era uma senhora de mediana estatura, com o cabelo castanho grisalho apanhado atrás. Não  era bonita mas a sua simpatia extrema fazia parecê-lo. Tinha um rosto para o comprido, queixo ligeiramente lançado para a frente com uma leve barba que nunca cortou. Ao falar tinha um tom algo pretencioso coisa que ela , de todo, não era.
Era mais uma maneira de explicar tudo muito bem explicadinho de uma maneira muito pessoal.
Sempre de preto, dizia que não era luto. Tivera uma filha  de uns sete ou oito anos que foi encontrada pelas irmãs morta na cama. Foi um desgosto que a marcou para sempre embora nunca lhe tenha ouvido uma palavra sobre o assunto.
Era uma pessoa muito especial, com uma imaginação que lhe fazia superar a falta de tudo a que estava habituada desde mobília até utensílios de cozinha .
Estava em Évora provisoriamente apenas para acompanhar as filhas enquanto ali estudavam. A filha mais nova, a Felisberta, ficou em Estremoz a acabar o Colégio e hospedada em nossa casa numa troca proveitosa para ambas.
A Mãe  Joana, como eu carinhosamente lhe chamava, era a mestra do desenrasca. Faltava-lhe rolo da massa para fazer pastéis de massa tenra?Eu faria logo qualquer outra coisa mais simples a substituir mas ela não desistia com facilidade. Uma garrafa resolvia o assunto e foram os pastéis melhores que eu já comi onde a carne do recheio, muito bem temperado, tinha sido cortada à faca à laia de máquina de picados que ficara em Sousel.
Na segunda feira  de Páscoa despovoava-se Évora para se ir comer o borrego ao campo. Logo de manhã fomos acordadas para sair da cama e ir cumprir o ritual. Levou-nos até uma herdade nos arredores. Aí abancámos, toalha no chão, farnel em cima, por enquanto ainda fechado em caixinhas.
Uma volta pela herdade levou-nos a um rebanho de cabras que estava a ser ordenhado. Eu, que detestava leite, vi-me obrigada a provar e ainda hoje conservo na memória o gosto quente e adocicado do leite acabado de ordenhar. Nesse tempo ainda não se falava em febre aftosa...
 Mais tarde, a hora muito desejada do lanche, chegou por fim.
O abrir das caixinhas foi um espetáculo! De lá saíram entre muitos outros petiscos os deliciosos pastelinhos e uns biscoitos de chorar por mais...
E como é que ela os fizera se nem forno tinha ? Nada mais simples : foi a uma mercearia pedir uma lata de bolachas das grandes, fez-lhe uns furos dum lado e doutro,  ligou-os com arames, umas brasas por baixo e aí estava um forno com porta e tudo, pronto para cozer uns bolinhos ou fazer um assado como algumas vezes aconteceu.
Nunca comi tanto e tão bem como naqueles dois anos que lá passei. Era tudo tão saboroso que ninguém podia resistir. Até porque ela não deixaria...
Depois de uma refeição mais que farta, lá vinha o chazinho de folha de limoeiro(nunca mais bebi...) que, dizia ela, era para rebater. Mas, não se podia beber assim um chá sem nada a acompanhar. Então aparecia na mesa umas enormes rodas de um bucho, especialidade trazida de Niza pelo dono da casa.
A mãe Joana sempre foi muito amiga de surpresas e mistérios. Um dia ao sentarmo-nos à mesa estranhámos um grande prato com uma enorme porção de bananas, mas descascadas . Explicação dela : hoje no caixote do lixo  da da governada do menino Eduardinho estavam estas bananas assim descascadas. Aos nossos trejeitos de horror responde muito depressa : não tenham nojo. Estavam assim muito limpinhas em cima dum guardanapo de papel. Sabem que a senhora é um vaso de asseio!  Tanto disse que acabámos por comer todas as bananas.
Alguns meses depois quando já ninguém se lembrava do episódio, surge com um belíssimo licor de banana a acompanhar uns bolinhos que tinha feito.
E foi preciso dar ela uma deixa para recordarmos as bananas da vizinha...
Estas pequenas partidas faziam a sua felicidade.
Perto dali havia uma casa onde estavam hospedadas umas colegas. Quando calhava a ir lá a horas do lanche, ficava estasiada e cheia de inveja pois cada uma tinha em frente uma bandeja com um grande copo de leite com chocolate, (coisa de eu até nem gostava) e um prato com uma enorme fatia de pão cortada a toda a largura de um pão de quilo, barrado com uma farta camada de marmelada. Ora nós não tínhamos aquelas mordomias mas podíamos comer até muito mais do que aquilo pois tínhamos acesso a tudo o que nos apetecesse. Se ela soubesse disto ficaria zangada e com muita razão.
Foi realmente uma mãe para mim e para todas as  que por lá passaram .
Só ela para me fazer passar aqueles dois anos horríveis dum curso que fui forçada a seguir.
Obrigada por tudo Mãe Joana!!!


-Milena Falcato

OS CORREDORES

Quando aos 6 anos e tal fui para casa dos meus pais  ( antes  vivera em casa dos meus padrinhos), já não tinha idade para andar em correrias pelos corredores.  Tínhamos um enorme corredor para onde davam quatro das divisões da casa. Quando os netos se juntavam, aí sim corriam por ali fora até que a avó, que nunca gostou de grandes confusões, os punha a ir correr para a horta onde não faltava espaço. Isto repetia-se todos os domingos em que, casados e solteiros com os filhos atrelados, se juntavam para o almoço e jantar da semana. Era cá uma mesa! Era comum haver dezanove ou vinte pessoas à mesa.
Raros foram os irmãos que ali não se casaram. Os dias que antecediam o casamento eram de grande trabalho e a maior parte dos doces corriam por nossa conta minha, da Adélia e talvez da Olga mas já não me lembro bem.
No dia propriamente dito, a casa, embora enorme, mal continha a família que não era pequena e os convidados. O corredor aí dava uma grande ajuda  para albergar tanta gente principalmente as crianças que não estavam de todo interessadas no banquete. E as corridas e gritos que naquele dia eram permitidos ecoavam pelo corredor fora.
Ao  fundo havia  uma porta que dava para a horta. Por aí nos escapulíamos todos os dias só regressando para as refeições. Logo à entrada   o primeiro tanque, o mais pequeno dos três, onde se lavava a roupa. Aí subíamos para alcançar os paus que sustinham a parreira onde nos balouçávamos .Era o nosso trapézio... Lembro com se fosse hoje a queda que dei , estatelando-me de costas nas lajes que havia por baixo. Ainda hoje me pergunto se não foi essa causa das dores que tenho nas costas. Naqueles tempos nem nos podíamos ir queixar quanto mais tirar radiografias...
Mas estou a afastar-me do assunto que aqui me trouxe.
Voltemos ao corredor: tínhamos um lindo e gordo gato cinzento que entrava em casa sempre que lhe apetecia. Aprendeu a abrir a porta encostando a pata ao batente e, assim não incomodava ninguém... Boas recordações do meu amigo Vencedor...
Lembro também um grande temporal em que o S. Pedro foi mais que generoso a mandar uma chuvada torrencial. Embora a porta estivesse fechada entrou por ela uma enxurrada que não tinha fim. Muitas horas andámos de baldes e pás até darmos a tarefa por terminada . Parecia um rio pelo corredor fora... Não sei porquê mas é uma das coisa relacionadas com aquela porta do fundo que muitas vezes me vem à memória.
Falei do corredor do rés do chão que era o único que existia quando cheguei a casa dos meus pais.
Éramos 10 irmãos, os meus pais e, mais tarde, o meu tio Chico.
A casa tornou-se muito pequena e o meu pai resolveu construir um primeiro andar onde se repetiam todas as divisões do rés do chão.
Lá estava o novo corredor para onde davam todos quartos dos filhos. O dos pais e, mais tarde do tio Chico, estavam à parte , com vista não para o mar mas para a rua. Recordo mais este corredor. Por ele dava entrada no meu quarto todas as noites ou deixando de o ver por muitos dias a fio porque estava doente o que era muito frequente. Como estava no primeiro andar ficava longas horas sozinha...
Dali também chegava aos quartos dos meus irmãos frequentando mais o do fundo que era o do Aníbal e de cuja janela se namorava. O Aníbal tinha uma boa e farta biblioteca de que eu li quase todos os livros. Agora tenho muitas saudades destes corredores e de toda a casa em geral. Dava tudo para lá entrar mas parece que a nova proprietária já esqueceu o jantar que me prometeu quando lhe vendemos a casa. O jantar dispensava-o desde que me deixasse entrar
E ACABOU-SE QUE JÁ SE VAI FAZENDO TARDE!!!

A JANELA


Estive há dias a almoçar em frente da casa onde vivi com os meus pais. Que vontade enorme de bater à porta e entrar... Sei que por dentro sofreu grandes remodelações mas por fora conserva exatamente  o mesmo aspeto. As janelas foram raspadas, deixando ver as madeiras. Que saudades daquelas janelas cada uma me recordando momentos da minha vida por vários motivos.
Cá em baixo a janela da casa de estar. Aí a minha mãe e a costureira
aplicadas à costura que nunca se dava acabada dado que toda a nossa roupa, inclusíve a interior , era feita em casa. Lembro que, ainda com claridade do dia,  já a minha mãe se levantava para fechar as portadas. Era sagrado!
Ao lado a janela do escritório essa sim que me traz grandes recordações ...
Era a janela do namoro. Muitos serões ali passámos em conversas tolas como serão as de todos os namorados aproveitando o tempo de estarmos juntos.
No primeiro andar, outra havia que nós usávamos muito. Era a janela do quarto do tio Chico. Disse que usávamos muito mas era preciso que a minha mãe não estivesse por perto... Do outro lado das Portas de Santo António havia uma travessa onde ficava a casa da D. Belmira que era a matrona de um Bataclã muito frequentado. Por vezes entretínhamos a ver passar a freguesia e já íamos conhecendo alguns mais habituais.  Só isso bastava para minha mãe achar talvez que fosse a nossa perdição. Nunca percebi muito bem que mal nos fazia assomarmos aquela janela. A casa não se conseguia avistar dali e  nunca vi  a D. Belmira ou alguma das suas trabalhadoras...
Do outro lado da casa, dando para o jardim estava o quarto do Sr. Aníbal.
Antes da permissão de namorar no rés do chão, era aqui que, tal Zequinha e Lelé, se gritavam umas palavras que nem sempre seriam ouvidas na perfeição.
Não sei porquê, o meu pai mandou pôr umas ameias por cima dessa janela onde  subia uma trepadeira de florinhas brancas e que  lhe conferia uma certa graça.
Acabei por falar não de uma mas de várias janelas que, de alguma maneira, marcaram a minha adolescência.

À PORTA DE CASA


Sei  que estavas lá embora não me recorde das tuas formas. Apenas que serias pequena e de cor castanha. Não me lembro que alguém a abrisse para eu entrar. Para quê se, mesmo ao teu lado, estava um enorme portão esse sim importante,  e que ficava todo o dia escancarado para acolher toda a gente que passasse. Era por aí que eu entrava para visitar os meus avós maternos quando ia à Casa Branca. Logo à entrada estava o meu avô João Falcato sentado num banquinho de cortiça feito por ele. Havia vários. E o que eu gostava de me sentar num deles, a seu lado, a vê- lo trabalhar. Não sei o que fazia mas lembro que tinha sempre as mãos ocupadas com qualquer trabalho parando apenas para fumar o seu cigarrito. Esse era um ritual quer eu adorava seguir. Primeiro, tirava uma mortalha que segurava cuidadosamente entre os dedos, depois abria uma bolsa de onde saíam uns fios de tabaco muito perfumados que eram colocados sobre a mortalha, enrolados e,  com a língua,  era humedecida a ponta da mortalha. Com um toque final, ali estava um perfeito cigarro que seria calmamente fumado com todo o deleite. Este velho ritual que quase toda gente seguia, contribuía para uma certa contenção no uso do tabaco uma vez que espaçava as horas de fumar.
Ao fundo o meu avô tinha construído um pequeno sobrado onde guardava algumas alfaias e onde eu queria muito subir o que sempre me foi negado. Hoje penso que talvez não pudesse com o meu peso. Mas estas coisas não se explicavam  às crianças. Era não , porque não e pronto!
Na "quadra" à esquerda do portão, outra porta dava acesso à verdadeira habitação. Ali encontrava a avó Rita atarefada com o fogão ou com o lume na chaminé.
Ainda sinto os cheiros que ali pairavam e me abriam  o apetite.  Muitas foram as vezes em que chegava mesmo a horas do almoço. Seria por acaso ou faria de propósito? Inclino-me mais para a segunda hipótese...
Chegava e lá estava mesa posta com o avô já sentado no seu lugar.
Ó filha almoça cá com a gente dizia a avó, pondo logo mais um talher na mesa sem esperar resposta.  Por mais que me apetecesse  aceitar o convite  não o podia  fazer. Tinha sido educada para esperar e apenas dizer sim aí pela terceira insistência. Mas, já ia tarde porque, quando me dispunha finalmente  a sentar-me à mesa dizia de lá o meu avô já um pouco agastado. Está sossegada mulher ! Então tu não ouviste a rapariga a dizer que não quer?!
Mas, nesta altura já a minha avó se adiantara a encher-me o prato e ajeitado a cadeira  para me sentar.
E, à minha esquerda, lá estavas tu toda aberta ou apenas com o postigo entreaberto se estava frio.  Por ti entrava a única claridade que iluminava aquela divisão da casa o que te dava uma importância acrescida.
Mas também quero falara de outras portas, essas sim que eu abri e fechei
centenas de vezes. Eram as portas de um armário de parede, de ripinhas cruzadas de madeira pintadas dum vermelho envelhecido pelos anos. Parece que ainda sinto o cheiro que exalava cada vez que as abria. Havia dias em que lá estava à minha espera um pratinho cheio de toucinho e chouriço frito, noutros o petisco que mais me agradava: umas petingas ou jaquinzinho fritos de sobra do almoço.
O meu avô era homem de poucas palavras não levando muito longe a conversa.
Pelo contrário a avó Rita era uma pessoa bem disposta, conversadora e de quem toda a gente gostava .
Conta-se dela  uma estória  que retrata bem o seu  caráter bondoso.
Iam os meus avós  de passeio na sua carroça que,  naquele tempo, substituía o automóvel. Claro que não iam sózinhos porque logo que começavam a atrelar o macho ou a parelha a família aparecia . Assim a carroça ia lotada de pessoas e atavios vários. Era costume levar pequenas cadeiras para se sentarem. Quando estas se acabavam tudo servia de assento. Seria o caso da minha avó que seguiu mal sentada a um canto da carroça com as costas a bater nas tábuas a cada cova do caminho.
Levantaram-se vozes:
-A avó vai aí mal !
-Não filhos, eu vou é bem de mais!!!
Agora, voltando  ao assunto que deu o mote para esta crónica, ( a porta ), quero dizer que tive um grande desgosto por a família não ter podido conservar a casa. Só me lembra a raiva incontida que senti, na primeira vez que por lá passei e encontrei uma nova moradia com uma parede a substituir o portão e uma porta de alumínio branco onde outrora estivera a "minha porta".

Marilena

A BARAFUNDA


Em casa do meu tio Carreço havia uma dependência que apesar de ficar no 1º andar, era para nós o sótão e tinha um nome: BARAFUNDA.
Ali se se guardava de um tudo . Móveis, caixas, arcas cheias de roupas antigas que nós mais tarde aproveitámos para nos mascararmos e um número interminável de objetos considerados sem préstimo ou à espera de melhores rdias em que fossem chamados porque se lhe achara serventia. Havia uma cadeira de verga recostáveis onde eu gostava de me balouçar.
Aquele era o sítio de eleição para nos reunirmos, eu, a Adélia e as minhas primas Maria Inácia e Maria Odete. 
Devia haver janela mas nunca a vi aberta e a luz da rua nunca ali entrava. A dependência permanecia numa penumbra que mais adensava o mistério daquele lugar.
Um dia, estávamos nós mais uma vez remexendo, abrindo e fechando arcas e malas, encontrámos um lindo colar vermelho de macias contas ovais não sei se de coral ou qualquer pedra semi preciosa. As contas iam crescendo das mais pequeninas até uma enorme ao meio. Agora à distância vejo que devia ser de grande valor e fora parar aqui por um descuido infeliz. 
Virámos e revirámos o colar a imaginar o que poderíamos fazer com ele.
Às tantas uma de nós, parece-me que a Adélia, teve uma brilhante idéia:
-Comêmo-lo!
Bem dito melhor feito. Sentámos-nos em roda no chão e no meio o 'apetitoso' manjar. Partimos o fio e espalhámos as contas pela mesma ordem .
À vez lá fomos engolindo pedra a pedra em seco. Quando começaram a crescer já era precisa alguma coragem para as mandar goela abaixo mas ninguém se ousou recusar... E ali estava a enorme pedra do meio. Quem se atrevia com ela? Todas sabíamos quem iria ser: seria a Adélia, goela de pato que tudo engolia desde caroços de azeitona a caroços de nêsperas.
Com um grande ritual lá assistimos ao grande e único momento do dia.
Sem mostrar esforço que se visse meteu a pedra na boca e num ápice COMEU-A !!! 
Muitos anos depois, já eu adulta e com mais juízo, falando com a Natália soube que o colar era da minha prima Flor, mãe da Mina. 
MuItos anos ainda se passaram até ganhar coragem para contar à Flor o acontecido.
O meu tio era um grande viajante e de uma dessas viagens trouxera-lhe aquela prenda. Tinha tido um grande desgosto quando o perdera e levou o tempo com medo que ele se lembrasse de lhe perguntar por que não usava a prenda que lhe dera. Vivia naquele tempo lá em casa do tio como foi o caso de muitas outras sobrinhas entre elas a Natália, minha irmã mais velha.
Como era muito minha amiga, assim que lhe contei disse logo: 
- já estou a ver! Foi obra da Maria Inácia! Vocês nunca se iriam lembrar duma coisa dessas!
Realmente esta minha prima tinha idéias que não lembravam ao diabo mas daquela vez a obra saíra de todas as nossas cabecinhas. Agradeci mentalmente a amizade da Flor e lá confirmei que realmente a idéia tinha partido da Maria Inácia. Ela que me perdoe...

O AUTOMÓVEL  NO SÓTÃO

Não resisto a contar a  estória dum outro sótão que até parece anedota.
Em casa dos meus pais não havia sótão mas o telhado por cima do primeiro andar estava a uma altura tal que dava à vontade para outro andar e ainda sobrava espaço.
A pessoa que nos comprou o prédio, sabendo disso, resolveu fazer lá mais uma dependência. Qual não foi o seu espanto quando ao abrir o teto se deparou com um automóvel !
Nem toda a gente se pode gabar de ter um automóvel no sótão...
Explicação para o fenómeno:
O meu pai tinha ao lado da casa uma oficina. Havia na família um carro grande que foi substituído por outro mais moderno. Como não o quiseram deitar fora resolveram içá-lo para o telhado da casa. A oficina foi vendida e o dono, na hora da venda da casa, exigiu que fosse levantada uma parede até ao telhado. Quem fez a obra não tirou o automóvel que lá ficou para surpreender o novo dono da casa que não deve ter ganho para o susto! 


A Paula comentou que já conhecia a história há muito tempo

Estes textos são resultado do trabalho de escrita criativa que estamos experimentando na aula da Zuzu baseado mais ou menos no livro de Pedro Senna-Lino "A minha vida num livro".
Como te disse estou a publicá-los no facebook a conselho do meu João para não se perderem visto que não tenho a impressora a trabalhar.