OS NOSSOS ESCRITOS

TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS ELABORADOS PELAS ALUNAS DA DISCIPLINA
POESIA ELABORADA PELAS ALUNAS
POESIA, CONTOS E OUTROS TEXTOS TRABALHADOS NA AULA

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

VISITA AO MUSEU MILITAR DE ELVAS

Na 5ªfeira, dia 9 de Janeiro a Academia Sénior de Estremoz e a CerciEstremoz foram convidados para uma visita de estudo ao Museu Militar de Elvas. Às 10 horas da manhã, o grupo de senhoras + um senhor da Academia acompanhados pela Drª Maria Mira, esperava o autocarro da Cerci.
 Passado um pouco chegou o autocarro e quando entrámos fomos logo muito bem recebidos pelos utentes da Cerci. Chegados a Elvas, fomos recebidos pelo Tenente-coronel que se apresentou como sendo o nosso guia. Começámos a visita às diversas salas do Museu  que se prolongou até à hora do almoço. Depois do almoço, visitámos os estábulos com lindos e belos cavalos e depois continuámos a visita sempre com a orientação do sr. tenente-coronel, que se mostrou sempre muito bem disposto e muito atento a todo o grupo. Já passavam das 16 horas quando finalizámos a visita. Aprendemos muito nesta visita, pois o Museu é muito interessante  No site http://www.lifecooler.com/artigo/passear/museu-militar-do-forte-de-santa-luzia/391645/ pode-se ler: Com o objectivo de preservar a importância militar da cidade de Elvas, as antigas instalações do Regimento de Infantaria nº 8 foram reconvertidas neste museu de cariz nacional. O antigo Convento de S. Domingos e os Quartéis do Casarão albergam agora parte do acervo museológico do Exército português, num total de 640 peças que se dividem por três temas: Serviço de Saúde, Viaturas (tácticas e blindadas) e Hipomóveis e Arreios. Uma cozinha de campanha do início do século XX, uma mesa de operação de ortopedia e o primeiro carro de combate do país são algumas das peças que aqui podem ser vistas.
Também o site http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-museu-militar-do-forte-de-santa-luzia-20170 refere: Localizado no bonito Forte de Santa Luzia, em Elvas, o Museu Militar está instalado em seis núcleos no interior do Forte, mais concretamente nas antigas casamatas, abordando a importância militar da cidade ao longo dos tempos. 
O Museu apresenta uma exposição permanente, maioritariamente destinada ao público juvenil, que alberga peças de artilharia e militares, armamento bem como outros equipamentos multimédia que melhor demonstram toda a história bélica e militar de Elvas e a sua importância. 
Património inegável da cidade de Elvas, uma localidade militar por excelência, o Museu Militar do Forte de Santa Luzia tem ao dispor visitas guiadas tanto pelo interior como pelo exterior do museu.

No site do próprio Museu  http://www.operacional.pt/museu-militar-de-elvas/  encontramos uma detalhada explicação do mesmo assim como belíssimas fotografias que ilustram bem qual a razão de termos gostado tanto de o visitar. 
O grupo descendo a ladeira para começarmos a visita

Chinita, Comandante da Unidade de Elvas e director da CerciEstremoz Eng. Jorge Canhoto

O grupo muito animado Chinita em primeiro plano

O INEM dos campos de batalha


O grupo ouvindo as explicações do guia

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

LITANIA PARA O NATAL DE 1967

David Mourão-Ferreira


Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
num sótão num porão numa cave inundada 
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
dentro de um foguetão reduzido a sucata 
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
numa casa de Hanói ontem bombardeada

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
num presépio de lama e de sangue e de cisco 
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
para ter amanhã a suspeita que existe 
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
tem no ano dois mil a idade de Cristo

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
vê-lo-emos depois de chicote no templo 
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
e anda já um terror no látego do vento 
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto 
para nos pedir contas do nosso tempo

David Mourão-Ferreira

ELEGIA DE NATAL

Era também de noite Era também Dezembro
Vieram dizer-me que o meu irmão nascera
Já não sei afinal se o recordo ou se penso
que estou a recordá-lo à força de o dizerem

Mas o teu berço foi o primeiro presépio
em que pouco depois o meu olhar pousava
Não era mais real do que existirem prédios
nem menos irreal do que haver madrugadas

Dezembro retornava e nunca soube ao certo
se o intruso era eu se o intrus eras tu
Quase aceitava até que alguém te supusesse
mais do que meu irmão um gémeo de Jesus

Para ti se encenava o palco da surpresa
Entravas no papel de que eu ia descrendo
Mas sabia-me bem salvar a tua crença
E era sempre de noite Era sempre em Dezembro

Entretanto em que mês em que dia é que estamos
Que verdete corrói prédios e madrugadas
De que muro retiro o musgo desses anos
que entre os dedos depois se me desfaz em água

Para onde levaste a criança que foste
Em vez da tua voz que ciprestes são estes
Como dizer Natal se te não vejo hoje
Como dizer Natal agora que morreste

David Mourão-Ferreira

SONETO

E por vezes as noites duram meses
David Mourão-Ferreira
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos. E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.

David Mourão-Ferreira

LADAÍNHA DOS PÓSTUMOS NATAIS

David Mourão-Ferreira

Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que se veja à mesa o meu lugar vazio

Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que hão-de me lembrar de modo menos nítido


Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que só uma voz me evoque a sós consigo


Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que não viva já ninguém meu conhecido


Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que nem vivo esteja um verso deste livro


Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que terei o Nada a sós comigo


Há-de vir um Natal e será o primeiro
Em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro

Em que o Nada retome a cor do infinito

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

OS ANOS DA LÚCIA

Ontem, dia 11 de Dezembro a Lúcia Cóias fez 79 anos. Não parece a idade que tem, pois a sua alegria, a sua boa disposição e a sua capacidade de comunicação dão-lhe o aspecto jovem que tem. Por isso os anos não contam. É a professora de bordados da Academia Sénior de Estremoz. Tem uma classe enorme, de alunas muito interessadas, habilidosas e muito prendadas, das suas mãos saem  obras primas, dignas de exposição.
As alunas organizaram um almoço. Éramos muitas e os pézinhos feitos pela Bia de S. Bento do Ameixial estavam uma delicia. Os doces todos eles eram deliciosos.
Depois do almoço leram-se poemas dedicados à aniversariante e entregou-se a prenda. Já quando a festa estava quase a terminar, aparece a Lúcia, vestida de homem das limpezas que dramatizou os versos que ela fez, a que deu o nome Miguel, Miguel,  pondo toda a gente a rir. A sua capacidade de fazer versos sobre os temas mais diversos sempre é elogiada por todas nós, assim como a sua veia de actriz que vem ao de cima nessas ocasiões. Finalmente, com a orientação da Lúcia,  todas cantámos, com a música da canção Mocidade, Mocidade, cantada por António Calvário, os versos que se transcrevem abaixo  feitos pela Lúcia, .
I
Mocidade, Mocidade
Nunca fugiste de mim
Que nos importa a idade
Temos n'alma a mocidade
Somos felizes assim

II
Nunca perdemos a esperança,
Nem c'o as maleitas da vida
O trabalho não nos cansa
Há cá dentro uma criança
Nesta aula divertida

III
Vamos cantando e dançando
O teatro é um prazer
De vez em quando bordando
E uma telas pintando
Poesia e contos escrever

IV
Sabemos ser generosas
Não temos tempo a perder
É um canteiro de rosas
Estas mulheres tão formosas
que ninguém deve esquecer

V
Como lá diz o ditado
Há sempre muito a'prender
Fazendo o nosso bordado
Vai-se lembrando o passado
Pois recordar é viver

Lúcia Coias    Estremoz, 4/12/2013


terça-feira, 26 de novembro de 2013

A "ANEDOTAS" DA AMÉLIA

AS ANEDOTAS DA MARIA AMÉLIA
(Mãe da professora Zuzu)

A Maria Amélia, conhecida apenas como Amélia, viveu desde sempre em Casa Branca. Ainda esteve algum tempo em Lisboa quando dirigiu um supermercado na Brandoa. Assim que pode regressou à sua terra onde se sentia bem e onde tinha familiares e amigas.
Tinha um daqueles estabelecimentos de aldeia onde se vende de tudo e mais alguma coisa. A par da mercearia também tinha salsicharia. Loja bem afreguesada pouco tempo lhe restava para descansar. Sempre muito apressada não tinha um minuto a perder e, mesmo a conversar connosco, arranjava sempre alguma coisa para fazer, marchando à nossa frente quase parecendo não nos estar a ligar.
Justamente por este seu feitio há vários episódios engraçados que  dela se contam repetidamente em reuniões familiares.

Quando apareceram as primeiras máquinas de lavar roupa achou que era mesmo o que precisava para a aliviar na sua vida atarefada. Era ainda uma máquina semi manual que tinha um depósito para meter a roupa que, depois de lavada, era espremida num rolo. O detergente era caro e, por vezes, pouco eficiente. Tinha eu e a Adélia uma máquina igual. Calhou estarmos em Casa Branca quando ela ia meter a roupa a lavar. Dissemos-lhe nós como grande novidade:
-Sabes que apareceu agora um sabão às falhinhas que é muito mais económico e lava muito bem?
Nem nos deixou terminar e de sabão azul e branco e faca em riste, diz enquanto o faz:
-Aí filha, eu cá, falho, falho, falho, falho!


Um a noite já a acabar o jantar aparece uma cunhada. Depois dos cumprimentos e no meio de uma conversa sai-se a Amélia:
-Ó Maria Emília! Tu não gostas de um chocolatinho quente no fim do jantar?Ao que a outra logo assentiu vendo ali um convite.
 - Mas       olha, responde rapidamente a Amélia, hoje não tenho!

Ia frequentemente à sua loja um senhor que lhe fornecia os porcos para a salchicharia. Era um homem avantajado de uma altura pouco usual a quem tinham posto merecidamente a alcunha de "Alturas".
Um dia em que esperavam a visita do dito senhor advertiu-a o Vitalino:
-Amélia quando chegar o Alturas trata-o pelo nome não se vá ele zangar!
Chegado o homem logo a Amélia o foi receber muito pressurosa:
-Boa tarde senhor Alturas. Aí desculpe senhor Alturas, o meu marido preveniu-me que não o tratasse por Alturas porque o senhor não gosta que lhe chamem Alturas. Desculpe mais uma vez senhor Alturas . E lá foi tratar do negócio como se nada fosse com ela.
Vitalino e Amélia

Ia frequentemente à sua loja um senhor que lhe fornecia os porcos para a salchicharia. Era um homem avantajado de uma altura pouco usual a quem tinham posto merecidamente a alcunha de "Alturas".
Um dia em que esperavam a visita do dito senhor advertiu-a o Vitalino:
-Amélia quando chegar o Alturas trata-o pelo nome não se vá ele zangar!
Chegado o homem logo a Amélia o foi receber muito pressurosa:
-Boa tarde senhor Alturas. Aí desculpe senhor Alturas, o meu marido preveniu-me que não o tratasse por Alturas porque o senhor não gosta que lhe chamem Alturas. Desculpe mais uma vez senhor Alturas . E lá foi tratar do negócio como se nada fosse com ela.

A casa tinha frequentemente algum amigo ou toda a sua família para almoçar. O Vitalino tinha muitos amigos mas desconfio a maior parte apreciava acima de tudo a mesa farta que ali sempre encontrava...
Ora num dia de piquenique no campo, talvez Páscoa, apareceu um amigo que também os acompanhou.
A Amélia com a sua pressa habitual pôs a mesa e logo começou a distribuir as iguarias:
-Vai um croquete senhor Abelha? E também vai provar um pastelinho senhor Abelha.  Senhor Abelha, e que tal acha a nossa paia? Está boa não está senhor Abelha?
Depois de algum tempo a ouvir, diz-lhe o amigo:
-Mas dona Amélia , eu sou Mosca não sou Abelha . Ao que ela responde muito apressada:
-Ah pois, eu bem me parecia que era um bichinho desses com asas!, diz ela num repente, correndo logo a servir uns pastelinhos mais além.


Quando apareceram as primeiras máquinas de lavar roupa achou que era mesmo o que precisava para a aliviar na sua vida atarefada. Era ainda uma máquina semi manual que tinha um depósito para meter a roupa que, depois de lavada, era espremida num rolo. O detergente era caro e, por vezes, pouco eficiente. Tinha eu e a Adélia uma máquina igual. Calhou estarmos em Casa Branca quando ela ia meter a roupa a lavar. Dissemos-lhe nós como grande novidade:
-Sabes que apareceu agora um sabão às falhinhas que é muito mais económico e lava muito bem?
Nem nos deixou terminar e de sabão azul e branco e faca em riste, diz enquanto o faz:
-Aí filha, eu cá, falho, falho, falho, falho!


Uma noite já a acabar o jantar aparece uma cunhada. Depois dos cumprimentos sentaram-se ao lume de chão e no meio de uma conversa sai-se a Amélia:
-Ó Maria Emília! Tu não gostas de um chocolatinho quente no fim do jantar?
Ao que a outra logo assentiu vendo ali um convite.
 - Mas olha, Maria Emília ,responde rapidamente a Amélia, hoje não tenho!


Outro episódio também engraçado mas não tendo directamente a ver com ela.
Mesmo com uma vida de muito trabalho, o casal sempre  gostou de fazer umas viagens de vez enquando. Nesse dia fomos convidadas eu, a Adélia e a Maria José para irmos com eles a Fátima. Ainda madrugada batem-nos à porta com ordem de partida. Vinha a Amélia muito arreliada  porque se tinha esquecido de trazer qualquer bazaréu para servir de penico durante a noite, despejando- se de manhã depois de feitas as necessidades...
Eu tinha chegado na véspera da praia e tinha ainda na sala os brinquedos da Guida. Logo que viu o balde que até era de um tamanho maior que o normal, concluiu que era mesmo daquilo que precisávamos.
Tinham uma grande camioneta com uma cobertura de lona. Levava tudo o que nos faria falta, desde colchões, almofadas, cobertores, fogão, tachos, pratos, copos e talheres e mantimentos,tudo, enfim, para que não tivéssemos que gastar para além do necessário para encher o depósito de gasóleo.
Foi uma viagem divertidíssima com várias peripécias pelo caminho e uma noite mal dormida, não por culpa do colchão, mas porque toda a noite se ouviu chamar de um acampamento para outro como se ali não houvesse mais ninguém além deles...Nesta altura tudo isso era motivo de riso e assim se passou a noite.
A afluência ao Santuário era enorme e a Adélia ainda apanhou um belo susto num dos túneis de acesso. Eram tantas as pessoas que durante alguns minutos foi no ar sem que os pés tocassem no chão. Com a sua claustrofobia, gritou até que lhe deram um espaçozinho para chegar ao outro lado.
Enfim, uma viagem que nunca esquecerei.
Chegados à  Casa Branca apenas tiveram tempo de jantar e ir descansar da viagem.
No outro dia, para o almoço,  fez-lhes a Tita umas sopas de tomate e para acompanhar, à moda do Alentejo, uns belos figos acabados de colher no quintal.
Ora o que havia ela de desencantar para trazer os figos para a mesa? O nosso penico que tão boa serventia nos tinha dado...
Assim que viu aquilo grita a Amélia muito enojada:
Ó Tita, que nojo! Não tinha outra coisa pra trazer os figos?Ao que a outra respondeu, não percebendo todo aquele espanto:
-Não tenha nojo senhora, foi a primeira coisa a ser lavada ontem na loiça do jantar!

Acho que tudo isto não será para publicar, mas quis que ficasse registado para não se perder.
Nem tudo se terá passado como escrevo mas os escritores, mesmo quando relatam feitos históricos, metem sempre alguma fantasia romanceando a seu belo prazer. Dá a ler à tua mãe e ela que faça as emendas que achar necessárias se não gostar do meu relato. Beijinhos para ela que nos proporcionou belos momentos de risota.
Dei à minha mãe a ler e ela concorda com tudo. Achou muita graça e ainda se lembrou de mais algumas "gaffes" que eu irei escrever outro dia. A minha mãe é única!!!

-Milena Falcato

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O FILHO DA GALINHA VAIDOSA

Olá, sou o pintainho amarelo. Sou o segundo filho de uma ninhada de treze, porque as donas das galinhas não querem números pares vá-se lá saber porquê? Dizem que dá azar!
Mas eu cá estou e sou um pintainho feliz. A minha mãe traz-me sempre debaixo da asa e procura comida para mim  e para os meus irmãos. Quando encontra uma minhoca é uma festa: ela faz cócórócócó e nós vamos todos a correr. Um destes dias apanhei um susto, vi um tigre, e fui logo para o pé da minha mãe a chorar, mas ela disse-me: - " Não sejas parvo, aquilo é um gato, quando fores crescido é ele que tem medo de ti!"
Eu sou daqueles pintos pica no chão, não nasci numa incubadora, isso é para os frangos de supermercado que só comem ração e nunca vêem o sol, coitados!
Eu ando no campo com as outras galinhas e galos e quero crescer depressa para ter na cabeça um enfeite que parece borracha vermelha e está cheia de biquinhos, mas parece que isso demora uns seis meses, isso para mim é uma vida!. Também quero que as minhas penas sejam brilhantes, quero ficar um belo galo para ter muitas galinhas à minha volta, mas vou fugir com elas para não ter o destino do galo preto que partiu sem deixar rasto - acho que acabou numa bela tomatada.
Eu quero melhor destino para mim, quero viajar e as galinhas que tratem dos filhos que eu só me quero divertir. Vou ser um galo egoísta e com um grande par de esporões para me defender da raposa e brigar com outros galos que me queiram roubar as galinhas.
Isto de viver no campo é muito bom e todas as aves deviam viver assim!


Eglantina

A GALINHA VAIDOSA

Era branca e tinha a crista vermelha, bela como uma romã e uma belas meias amarelas. Era jovem e estava apaixonada pelo lindo galo preto de penas de veludo brilhante.
Pensou: - " Sou bonita e quero ter filhos com este galo!"
Passou a desprezar todos os galos da capoeira porque apenas aquele era o galo; cantava bem todas as melodias, era um cócórócócó a todas as horas do dia e da noite. Que maravilha de galo! Os outros galos bem queriam namorá-la, mas ela nada... O tempo foi passando e a galinha não casou, pois só queria aquele galo preto de penas amarelas no pescoço, mas ele só queria comer e cantar. Cada vez estava mais gordo ... que belos pintos daria!
Os outros galos bem lhe ofereciam milho e fruta boa, mas a galinha vaidosa não lhes ligava nenhuma.
Um dia... oh que susto! A dona entrou na capoeira com um objecto brilhante na mão e inspeccionou todos os galos. Pegou no galo preto que nunca mais voltou. Aquele projecto de belos pintos esfumou-se. Nunca teria filhos. Os galos já todos tinham namorada e ela ficou sozinha, pensando sempre no seu galo preto da crista vermelha, mas que nunca lhe ofereceu sequer um bago de milho, apenas lhe deixou a triste recordação do desprezo. E a galinha pensou: - " Fui parva, a beleza não é tudo na vida, os valores morais são muito mais importantes e o galo pedrês também não era assim tão feio e bem podia ter casado com ele...
Mas o galo preto é que era o amor da sua vida!!"

Eglantina