OS NOSSOS ESCRITOS

TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS ELABORADOS PELAS ALUNAS DA DISCIPLINA
POESIA ELABORADA PELAS ALUNAS
POESIA, CONTOS E OUTROS TEXTOS TRABALHADOS NA AULA

sábado, 16 de novembro de 2013

O MACACO E A ROMÃZEIRA

Era uma vez um macaco que estava em cima de uma oliveira a comer uma romã; sucedeu que caiu um grão da romã para a terra em que estava a oliveira e, passado pouco tempo, nasceu uma romãzeira.
Quando o macaco viu a romãzeira nascida, foi-se ter com o dono da oliveira e disse-lhe:
“Arranca a tua oliveira para crescer a minha romãzeira!”
Responde o homem: “Não estou para isso!”
Foi-se o macaco ter com a justiça e disse-lhe: “Justiça, prende o homem para que arranque a oliveira para crescer a minha romãzeira!”
Responde a justiça: “ Não estou para isso!”
Foi-se o macaco ter com o rei e disse-lhe:”Rei, tira a vara à justiça, para ela prender o homem, para ele arrancar a oliveira, para crescer a minha romãzeira!”
Responde o rei: “ Não estou para isso!”
Foi o macaco ter com a rainha: “ Rainha, põe-te mal com o rei, para ele tirar a vara à justiça, para ela prender o homem, para ele arrancar a oliveira, para crescer a minha romãzeira!”
Responde a rainha: “ Não estou para isso!”
Foi-se ter com o rato:”Rato, rói as camisas à rainha, para ela se pôr mal com o rei, para ele tirar a vara à justiça, para ela prender o homem, para ele arrancar a oliveira, para crescer a minha romãzeira!”
Responde o rato: “Não estou para isso!”
Foi ter com o gato: “ Oh gato, come o rato, para ele roer as camisas à rainha para ela se pôr mal com o rei, para ele tirar a vara à justiça, para ela prender o homem, para ele arrancar a oliveira, para crescer a minha romãzeira!”
Responde o gato:”Não estou para isso!”
Foi-se ter com o cão:”Oh cão, morde o gato, para ele comer o rato , para ele roer as camisas à rainha, para ela se pôr mal com o rei, para ele tirar a vara à justiça, para ela prender o homem, para ele arrancar a oliveira, para crescer a minha romãzeira!”
Responde o cão:” Não estou para isso!”
Foi ao pau e disse-lhe: Pau, bate no cão, para o cão morder o gato, para ele comer o rato , para ele roer as camisas à rainha, para ela se pôr mal com o rei, para ele tirar a vara à justiça, para ela prender o homem, para ele arrancar a oliveira, para crescer a minha romãzeira!”
Responde o pau:”Não estou para isso!”
Foi ter com o lume: “Oh lume, queima o pau, para ele bater no cão, para o cão morder o gato, para ele comer o rato , para ele roer as camisas à rainha, para ela se pôr mal com o rei, para ele tirar a vara à justiça, para ela prender o homem, para ele arrancar a oliveira, para crescer a minha romãzeira!”
“Responde o lume: “ Não estou para isso!”
Foi ter com a água:”Oh água, apaga o lume, para ele queimar o pau, para ele bater no cão, para o cão morder o gato, para ele comer o rato , para ele roer as camisas à rainha, para ela se pôr mal com o rei, para ele tirar a vara à justiça, para ela prender o homem, para ele arrancar a oliveira, para crescer a minha romãzeira!”
A água responde: “ Não estou para isso!”
Foi ter com o boi: “Oh boi, bebe a água para ela apagar o lume, para ele queimar o pau, para ele bater no cão, para o cão morder o gato, para ele comer o rato , para ele roer as camisas à rainha, para ela se pôr mal com o rei, para ele tirar a vara à justiça, para ela prender o homem, para ele arrancar a oliveira, para crescer a minha romãzeira!”
O boi responde: “Não estou para isso!”
Foi ter com o carniceiro: “ Oh carniceiro, mata o boi para ele beber a água, para ela apagar o lume, para ele queimar o pau, para ele bater no cão, para o cão morder o gato, para ele comer o rato , para ele roer as camisas à rainha, para ela se pôr mal com o rei, para ele tirar a vara à justiça, para ela prender o homem, para ele arrancar a oliveira, para crescer a minha romãzeira!”
Responde o carniceiro: “ Não estou para isso!”
Foi ter com a morte:” Oh morte, leva o carniceiro, para ele matar o boi, para ele beber a água, para ela apagar o lume, para ele queimar o pau, para ele bater no cão, para o cão morder o gato, para ele comer o rato , para ele roer as camisas à rainha, para ela se pôr mal com o rei, para ele tirar a vara à justiça, para ela prender o homem, para ele arrancar a oliveira, para crescer a minha romãzeira!”
A morte disse que sim. A morte ia levar o carniceiro e ele disse:lhe: “Não me leves que eu mato o boi!”
Disse o boi: “Não me mates que eu bebo a água!”
Disse a água:”Não me bebas que eu apago o lume!”
Disse o lume:” Não me apagues que eu queimo o pau!”
Disse o pau: “Não me queimes que eu bato no cão!”
Disse o cão:”Não me batas que eu mato o gato!”
Disse o gato:Não me mordas que eu como o rato!”
Disse o rato:” Não me comas que eu roo as camisas à rainha!”
Disse a rainha: “ Não me roas as camisas que eu ponho-me de mal com o rei!”
Disse o rei:”Não te ponhas de mal comigo que eu tiro a vara à justiça!”
Disse a justiça: “ Rei não me tires a vara que eu prendo o homem!”
Disse o homem: “Justiça, não me prendas que eu arranco a oliveira!”
E o homem arrancou a oliveira e o macaco ficou com a sua romãzeira.

Contos Populares Português, Adolfo Coelho, Ed Leya, (pág.53-54






Sem comentários:

Enviar um comentário