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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

UMA PERDA, UM ACHAMENTO E UMA GRANDE DESILUSÃO

Quando tinha aí os meus 2 ou 3 anos, os meus avós que viviam em Lisboa, ofereceram-me uma boneca que me deslumbrou. Era muito diferente das bonecas de trapo que a minha mãe me fazia ( hoje, a esta distância dou-lhe muito valor, feitas com todos os pormenores, muito bem vestidas e ornamentadas) e também diferente da boneca de louça de que eu gostava, mas que não servia para brincar porque se partia.
Era o último grito da moda em bonecas, era de baquelite. Muito brilhante, tinha a cor da nossa pele, uns olhos azuis pestanudos e maravilha das maravilhas, podia cair no chão que não se partia. Só tinha um senão, não tinha roupa bonita.
Uns tempos antes do Natal, a minha boneca desapareceu. Fiquei desolada. Onde a poderia ter deixado, se eu tinha tanto cuidado com ela? A minha mãe não se zangou, nem a vi muito preocupada.
No dia de Natal, fomos abrir os presentes e tinha no sapatinho uma boneca lindíssima, com um traje de minhota, roupa acetinada, cordões dourados, um deslumbramento. Peguei-lhe encantada e minutos depois tentei despi-la e qual não foi o meu espanto quando descobri que era a boneca desaparecida, os pés e os sapatos que tinha desenhados na própria pele, não deixaram dúvidas. A minha mãe tinha disfarçado tudo muito bem, inclusivé fizera-lhe umas chinelas que eu descalçara. Olhando para a cara não tive dúvidas, eram os mesmos olhos azuis... A minha mãe como o dinheiro não abundava, resolvera reutilizar a boneca, tornando-a deslumbrante no seu traje de minhota feito pelas suas mãos de fada.
O achamento da boneca trouxe-me, porém, uma grande desilusão: afinal o Menino Jesus não existia ...
Aula de Poesia e Conto    Academia Sénior de Estremoz 29 Janeiro 2014
Aura Simões

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