Na quinta onde vivi o nosso transporte era um trem puxado por
dois cavalos brancos, que eram a menina dos olhos do Sr. Francisco, o cocheiro.
Ainda hoje o consigo ver a escovar os cavalos, o que eles muito apreciavam;
via-se que estavam felizes.
O Sr. Francisco tinha como farda uma camisola aos
quadradinhos brancos e azuis que ele atava à frente com um nó. Era como a farda
de um chauffeur, fazia parte dele.
Quando vínhamos à
cidade, o Sr. Francisco engatava os cavalos ao trem e, à hora combinada, estava
à porta com o chapéu na mão à espera que nós subíssemos para a carruagem e
depois era seguir estrada fora até à cidade.
Eu adorava ir às lojas e na loja
do Luís Campos davam-me sempre rebuçados. Mas era sempre a minha madrinha que
comprava tudo, não me deixava escolher nada, tudo era à vontade dela.
Mas o
passeio com os cavalos compensava tudo.
Eu também gostava muito de os ver à
solta a pastar no prado verde; era como uma tela de pintor como uma linda
paisagem rural.
Tenho saudades daqueles belos cavalos e de toda a azáfama
daquela casa rural, onde os animais de que eu tanto gostava faziam parte do
dia-a-dia.
Naquele tempo o automóvel era chamado de D. Elvira e
arrastadeira mas eram um luxo só para gente rica.
Eglantina
Aula Poesia e Conto, Janeiro 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário