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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O OLEIRO

Eu ficava hipnotizada , horas a olhar aquele trabalho e com um enorme desejo de "meter as mãos na massa".
Assim foi que,  quando fui dar educação visual na Escola Secundária, ao descobrir na sala uma roda de oleiro, logo ali resolvi dar uma aula em que todos a experimentássemos.
Pois se era tão simples! Era só pôr o barro e depois de bem sentados pôr a roda em movimento com o pé.
Santa ingenuidade... Sem qualquer preparação, sem pedir conselho, comprei o barro e pu-los à vez a fazer a experiência guardando-me para último.
A roda estava arrumada a um canto ao pé do quadro e, a cada tentativa, a grande bola de barro ia parar à parede! O que eles se divertiram!
Quando finalmente chegou a minha vez tomei o meu lugar plenamente convencida de que agora é que a lição começaria a sério. Puz o material na roda, calquei-o um pouco como tinha visto fazer vezes sem conta e, com uma autoridade saloia, fiz girar a roda.
Foi uma briga e tanto com o barro que escorregava por entre os dedos que nem enguias. Como algumas vezes acontece com motoristas  inexperientes que, ao primeiro sinal de perigo, carregam no acelerador em vez do travão, assim fiz eu. Quanto mais atrapalhada me via mais  dava ao pedal. E assim acabei a obra de arte que eles tinham iniciado e toda a parede à volta recebeu o nosso contributo.
Não me lembro da desculpa que dei para toda aquela sujidade. Mas uma coisa aprendi que me serviu de lema para todo o meu percurso como professora. Ir para a  aula muito bem preparada, com sólidos conhecimentos do assunto fosse  qual fosse a matéria a transmitir .
Muitos anos mais tarde inscrevi-me num workshop de olaria. Aí, com muito treino, muito barro estragado  (sempre recuperado depois), e uma roda elétrica bem mais difícil de controlar, fiz algumas "obras de arte" de que ainda guardo um exemplar.


-Milena Falcato

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