OS NOSSOS ESCRITOS

TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS ELABORADOS PELAS ALUNAS DA DISCIPLINA
POESIA ELABORADA PELAS ALUNAS
POESIA, CONTOS E OUTROS TEXTOS TRABALHADOS NA AULA

quarta-feira, 5 de março de 2014

A VISITA À EXPOSIÇÃO


Fui ao centro cultural
Para ver a exposição
Vi tantos quadros belos
Pintados com perfeição


Vi uma porta pintada
Com cercadura de rosas
Vi paisagens do Alentejo
Bem bonitas e formosas


Aquela rosa amarela
Tão bonita e bem pintada
Deus abençoe a autora
Por ser tão prendada


Mas o quadro das hortenses
Foi para mim o preferido
Todas aquelas cores lindas
Para mim fazem sentido


As hortenses azuis
Vi-as pela vez primeira
Estavam em todos os jardins
Da bela ilha da Madeira


Tem as pedras como fundo
Como se fosse um suporte
Estas lindas flores existem
Desde o sul até ao norte


Eu queria ser pintora
Para poder pintar assim
Um belo quadro de hortenses
Que ficasse só para mim



A nossa linda cidade
Também devia ter flores
Fossem rosas, malmequeres

                                                                Manjericos ou amores.

Eglantina

A MINHA AMIGA DE INFÂNCIA


Era a minha colega de carteira na escola e também minha vizinha. Era morena e ainda a vejo com uma franja e um laço vermelho na cabeça e lá íamos para a escola com as nossas batas brancas. Ainda hoje não sei porque é que ela me chamava princesa, talvez fosse porque eu morava numa casa grande. Era com ela que eu jogava à china e saltava a corda.

Crescemos, cada uma de nós seguiu a sua própria vida. Eu fiquei sempre por aqui e a minha vida pouco mudou. Ela queria ser freira e foi para um convento, mas passado pouco tempo desistiu e tirou o curso de enfermeira. Estive anos sem a ver e sem saber nada da vida dela. Até que um belo dia, ia na rua quando ouvi: “Princesa como está a tua vida?!”

 Foi uma grande surpresa e lá pusemos a nossa vida em dia e matámos as nossas saudades e seguimos as nossas vidas até ao próximo encontro, que espero não demore muito para nosso belo prazer.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A PRIMEIRA VEZ QUE ME PERDI


A primeira vez que me perdi tinha sete anos. Perdi a minha mãe, a minha casa e a minha família.
 Fiquei só, muito assustada e vi tudo muito escuro e triste. 
Em toda a minha vida fui sempre perdendo alguma coisa ou amizades, mas outras fui adquirindo. 
Mas quando perdi a família ficou tudo escuro e cinzento, ainda hoje não gosto de cores escuras.
Quando fui à praia pela primeira vez tinha já vinte anos e não fazia ideia dos perigos que o mar encerra. 
Fui apanhada por uma onda e pensei que era o meu fim. Só me lembro de me sentir enrolada na onda e ver tudo prateado; nunca tinha sentido tanto medo. 
Quando aprendi a nadar e finalmente perdi o medo já tinha mais de cinquenta anos, mas agora já acho que o mar é azul e consigo nadar sem medo. Agradeço ao meu treinador de natação ter tido tanta paciência comigo. Quando alguém tem medo ele dá-me quase sempre como exemplo pela minha força de vontade em aprender a nadar.


Quando vou a algum sítio desconhecido tenho sempre medo de perder o grupo com quem vou e tento nunca os perder de vista.

 Fevereiro 2014
Eglantina

As Aventuras do Grupo


Este grupinho da dança

São umas mulheres divertidas
Cada uma para seu lado
Todas a fazer partidas.

Lá fomos a Portimão
Todas juntas num grupinho
E o pior era o jantar
Que sempre metia vinho!

Ficamos sem combustível
Na encosta do Castelo
Tudo isto para ir levar
A nossa Jacinta Belo

 


Ms o grupo está maior
E já somos mais de dez
O pior é a altura
Para acertarmos os pés!

Cada uma para seu lado
Todas a tentar dançar
Espero que a paciência da Rita
Nunca se vá acabar.

Dizem que é o grupo das velhas
Eu não estou para me ralar

Muitas o que não têm
É coragem para cá estar.

A Fortunata acerta o passo
A Maximina também,
Eu e a Maria Augusta
Andamos a ver se acertamos também.

Não disse o nome de todas
Já estou sem inspiração,
Mas podem ter a certeza:
Estão todas no meu coração!

Nasce o dia e põe-se o Sol
E só pensamos no palco
Nós pensamos em pular
                                             Mas o físico já está fraco...    
Eglantina
              

A Vida após o Milagre




A mãe de família adoeceu e não havia maneira de melhorar, por mais mezinhas que tomasse. Naquela altura não havia tanto medicamento como hoje e utilizavam-se remédios caseiros, por isso as doenças demoravam muito tempo a passar. Era vulgar que as pessoas pedissem um milagre e por isso faziam-se muitas promessas e rezava-se ao santo da devoção de cada família.
Esta família era devota de Santa Rita, a quem pediram o milagre de curar a mãe e esposa. O milagre aconteceu e a senhora curou-se. Pai e filhos, de joelhos, agradecem a alegria e graça concedida de ter novamente a esposa e mãe de família, que certamente era agora olhada de maneira diferente, uma vez que foi “tocada por Deus”. Ou será que simplesmente queriam a escrava da casa de volta...?

Acho que não, talvez a olhassem como uma santa a quem pediam a benção...

A Primavera que fui


Hoje sou uma mulher velha
Já não sou uma Primavera
Quando tinha vinte anos
Minhas amigas, bela era

Não tinha dores nas costas
Só pensava em ter amores
Corria pelos campos fora
A fazer bouquets de flores

Tanta flor azul e branca
Amarelas, cor de rosa,
No meio de tanta beleza
Também me sentia formosa

Os anos foram passando
E as rugas também chegaram
O meu espírito não envelhece
Só as saudades ficaram

Só ficou a lembrança
Dos meus belos vinte anos
Tudo nasce, tudo morre
Só ficaram os desenganos

Quero dançar e cantar
E andar numa loucura
Não me importo que censurem

A vida nem sempre dura.

Eglantina

A Minha Aventura Caseira





Quando vivi num primeiro andar da Rua 31 de Janeiro, tinha um gato lindo, de olhos verdes e pêlo comprido, que estava sempre à janela.
Um belo dia, seriam umas sete da manhã, eu estava na cozinha a fazer o pequeno almoço quando ouvi um barulho estranho: era o estore da sala que caía com estrondo. O meu pensamento foi logo para o gato e corri para a janela, só para ver já uma bela cauda branca que virava a esquina.
Corri escadas abaixo em aflição a pensar apenas em apanhar o gato. Este, assustado refugiou-se debaixo de um carro e até que eu o conseguisse agarrar e segurar no meu colo apenas emitia um barulho estranho, como um uivo. Finalmente reparei nos olhares estranhos que os passantes me dirigiam: na minha urgência de apanhar o gato nem reparara que estava de cócoras, na rua, em camisa de dormir.
Este gato era muito mimado e esperto. Fazia xi-xi na sanita, sem que tal lhe tenhamos ensinado e dormia na cama da minha filha, que na altura ainda vivia connosco. Quando se ía deitar, a minha filha, levava-o escondido no casaco, mas eu sempre via a sua cauda pendurada... Era gato escondido com rabo de fora...

Depois deste gato tive uma cadela preta, pequenina, que um certo dia se escondeu no roupeiro e me fez andar à procura dela durante uma manhã inteira.
Eglantina

OS BOMBEIROS DE ESTREMOZ



Lá vão os nossos bombeiros

Com as mangueiras no ar
Vão todos muito apressados
Para os fogos apagar

Correm todos apressados
Para aliviar a dor
Dos sinistrados da estrada
Que tratam com muito amor

Mas nós temos que brincar
Há muita espécie de fogo
Se uma moça tem calor
Eles também correm logo

Precisam de viaturas novas
Principalmente de ambulâncias
Algumas estão tão usadas
Que os tombos nos dão ânsias 

E precisam de dinheiro
Vamos todos ajudar
Quero vê-los bem garbosos
E com o estandarte no ar

http://colorir.estaticos.net/desenhos/color/201101/abddcdb384d059b34f357237a01d54f5.pngGosto de os ver a marchar
E desfilar com a fanfarra
Estes soldados da paz
São formigas não cigarras

Quando ouço ambulâncias
Para mim é uma aflição
Será que vão apagar fogo
Ou será uma inundação?

E lá vão todos janotas
Com as fardas a brilhar
São os bombeiros de Estremoz

Ninguém os pode parar




Eglantina  2014

BOLSINHA PORTA-MOEDAS


Bolsinha em Prata



Tinha uma linda bolsinha
Toda ela em prata lavrada
Que me deu minha madrinha
Onde eu guardava a mesada

Um dia que fui teimosa
À missa, eu a levei
Sentia-me tão vaidosa
Que minha mãe não escutei

Mas saiu-me bem cara
Esta minha teimosia
Pois a bolsinha de prata
Nos bolsos a não trazia

Muito chorei nesse dia
mas aprendi a lição
Escutar o que a mãe dizia
Sempre com muita atenção

Aula Poesia e Contos   6 de Fevereiro de 2014

São Sebastião

RUMO DA MINHA VIDA...

Sonhei, sonhar é fácil!... Concretizar esses sonhos é que é mais difícil.
Sonhei um dia, que quando tivesse cabelos brancos e os filhos criados, que iria viver com o meu marido para o Alentejo. Nesse tempo, era para o Baixo Alentejo pois o meu marido é de lá, mas afinal não foi para o Baixo Alentejo , mas sim para o Alto Alentejo, para Estremoz.
O meu sonho não era só esse; mas também  eu  com o meu marido iriamos percorrer o nosso Portugal, de lés-a-lés, sem termos horários nem contas a darmos a ninguém.
Mas, o destino assim não o quis!
Deu-me já nesta idade um neto, e assim, em vez de sermos avós, somos pais-avós. Não é que eu não esteja satisfeita com o nascimento do meu neto e de ter que o criar, cuidar e educar como se ele fosse meu filho. Mas, o que é certo é que os meus sonhos de ter uma velhice tranquila e sem preocupações se gorou.
Não me sinto arrependida de ter trocado os meus sonhos pelo meu neto, pois quando os seus pais se separaram não tinham condições para o educar.
Estou feliz por lhe poder dar uma vida melhor que aquela se ele tivesse ficado a viver com a mãe. Nem sempre as perdas são más.

Aula de Poesia e Conto, Academia Sénior de Estremoz Fevereiro 2014
São  ( 66 anos)