Quando vivi num primeiro andar da Rua 31 de Janeiro, tinha um gato lindo, de olhos verdes e pêlo comprido, que estava sempre à janela.
Um belo dia, seriam umas sete da manhã, eu estava na
cozinha a fazer o pequeno almoço quando ouvi um barulho estranho: era o estore
da sala que caía com estrondo. O meu pensamento foi logo para o gato e corri
para a janela, só para ver já uma bela cauda branca que virava a esquina.
Corri escadas abaixo em aflição a
pensar apenas em apanhar o gato. Este, assustado refugiou-se debaixo de um
carro e até que eu o conseguisse agarrar e segurar no meu colo apenas emitia um
barulho estranho, como um uivo. Finalmente reparei nos olhares estranhos que os
passantes me dirigiam: na minha urgência de apanhar o gato nem reparara que
estava de cócoras, na rua, em camisa de dormir.
Este gato era muito mimado e esperto. Fazia xi-xi na
sanita, sem que tal lhe tenhamos ensinado e dormia na cama da minha filha, que
na altura ainda vivia connosco. Quando se ía deitar, a minha filha, levava-o
escondido no casaco, mas eu sempre via a sua cauda pendurada... Era gato
escondido com rabo de fora...
Depois deste gato tive uma cadela preta, pequenina, que
um certo dia se escondeu no roupeiro e me fez andar à procura dela durante uma
manhã inteira.
Eglantina
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