A primeira vez que me perdi tinha sete anos. Perdi a minha
mãe, a minha casa e a minha família.
Fiquei só, muito assustada e vi tudo muito
escuro e triste.
Em toda a minha vida fui sempre perdendo alguma coisa ou
amizades, mas outras fui adquirindo.
Mas quando perdi a família ficou tudo
escuro e cinzento, ainda hoje não gosto de cores escuras.
Quando fui à praia pela primeira vez tinha já vinte anos e
não fazia ideia dos perigos que o mar encerra.
Fui apanhada por uma onda e pensei
que era o meu fim. Só me lembro de me sentir enrolada na onda e ver tudo
prateado; nunca tinha sentido tanto medo.
Quando aprendi a nadar e finalmente
perdi o medo já tinha mais de cinquenta anos, mas agora já acho que o mar é
azul e consigo nadar sem medo. Agradeço ao meu treinador de natação ter tido
tanta paciência comigo. Quando alguém tem medo ele dá-me quase sempre como
exemplo pela minha força de vontade em aprender a nadar.
Quando vou a algum sítio desconhecido tenho sempre medo de perder o grupo com quem vou e tento nunca os perder de vista.
Fevereiro 2014
Eglantina
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